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"Temos que acabar com essa questão de humor velho, humor novo", diz Melhem

5.abr.2016 - Carlos Alberto de Nóbrega participa do "Tá no Ar" - Reprodução /TV Globo
5.abr.2016 - Carlos Alberto de Nóbrega participa do "Tá no Ar" Imagem: Reprodução /TV Globo

Marcela Ribeiro

Do UOL, no Rio

06/04/2016 15h31

Marcius Melhem diz que sabia que a homenagem do “Tá no Ar” para Carlos Alberto de Nóbrega e a "Praça é Nossa" iria “fazer barulho”. O humorista do SBT ganhou um especial no último episódio da terceira temporada do humorístico, exibido na noite desta terça-feira (5), na Globo, e que bateu todos os recordes do programa em suas três temporadas.

Após a repercussão, Melhem revelou, nesta quarta, que também poderá participar do humorístico da emissora concorrente. "Estou liberado para ir na 'Praça'.  Quando o convite foi feito ao Carlos Alberto, eu avisei ao (Carlos Henrique) Schroder, diretor geral da TV Globo, que poderia ser que ele pediria para eu ir lá também. E ele já liberou”, adiantou o ator aos jornalistas durante o lançamento da nova temporada do "Zorra", no qual ele é um dos roteiristas. 

Na sátira do "Tá no Ar", Carlos Alberto aparece sentado num banco de praça lendo o seu jornal tranquilamente quando de repente é surpreendido pela Velha Surda, interpretada por Melhem. Surpresa com a presença de Carlos Alberto, a lendária personagem da "Praça" questiona o humorista do SBT. "Carlos Alberto, o que você está fazendo aqui? Esta praça não é sua", diz a Velha Surda. "Eu sei, mas a senhora sabe que eu sou chegado em um banco de praça. Fui convidado e vim", responde Carlos Alberto com um sorriso no rosto. A “Velha Surda da Globo” também citou a família Abravanel e Raul Gil.

“A gente sabia que ia dar um barulho danado. Não foi à toa que guardamos para este último programa, que a gente queria falar sobre amizade. O Carlos Alberto é um amigo que ganhei há alguns anos. Mesmo quando o 'Zorra' concorria com ‘Praça’, a gente se falava antes do programa, depois do programa e as pessoas nem sabem disso. A admiração não tem fronteira. E a gente brincava muito um com o outro. Não é porque a gente é concorrente que a gente é inimigo. Tem espaço para todo mundo”, conta Melhem.

O ator lembra que o convite para levar Carlos Alberto surgiu durante uma esquete do programa em que Melhem já havia imitado a Velha Surda, em 2015. "Eu já tinha brincado com ela num trechinho pequenininho do 'Tá no Ar'. Ali eu pensei que podia fazer essa velha de novo. Quando surgiu a ideia da gente fazer o último programa sobre união, sobre as pessoas conviverem em harmonia, pensei em trazer o Carlos Alberto e levamos (a proposta) para o Schroder. Eu fui cheio de argumentos, mas no primeiro minuto ele topou. Liguei pro Carlos Alberto, que pediu ao Leon Abravanel”, explica.

Desde que estreou, em 2014, o “Tá no Ar” rompe “fronteiras” e satiriza propagandas e emissoras concorrentes da Globo, como os quadros “Jardim Urgente”, em alusão a programas como “Cidade Alerta” da Record, e “Te Prendi na TV”, referência ao “Você na TV”, de João Kleber, na RedeTV!. Marcius Melhen afirma que as emissoras não devem ignorar a existência de outras. 

“E também temos que acabar com essa questão de humor velho, humor novo. Tivemos um representante da velha guarda, 80 anos de vida, 60 anos de humor tradicional e botamos dentro de um programa tido como moderno, fora todo o carinho que o público tem com o Carlos Alberto. É um cara que a gente cresceu vendo. Ele não voltava na Globo há mais de 20 anos”, conta o ator. Carlos Alberto trabalhou na Globo por onze anos e foi apresentar “A Praça” no SBT em 1987.

"Coisa maravilhosa"

Em entrevista recente ao UOL, Carlos Alberto de Nóbrega falou sobre a emoção de participar de um programa da Globo.

"Foi uma coisa maravilhosa. O Marcius Melhem perguntou ao Schroder (Carlos Henrique Schroder, diretor-geral da Globo) se podia abrir uma exceção, porque eles não convidam ninguém de outra emissora. E ele foi muito generoso. Só que eles me pediram para não estragar a surpresa. Mas foi muito bacana, uma homenagem. Fui muito bem recebido", conta o humorista, que ainda não conhecia os atores pessoalmente.