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"Será mais forte que ele", diz Ricardo Pereira sobre relação gay em novela

Capitão Tolentino vai viver um romance gay em "Liberdade Liberdade" - João Cotta/TV Globo
Capitão Tolentino vai viver um romance gay em "Liberdade Liberdade" Imagem: João Cotta/TV Globo

Marcela Ribeiro

Do UOL, no Rio

03/05/2016 07h00

O rude capitão Tolentino (Ricardo Pereira) tentará lutar contra seus desejos nos próximos capítulos de "Liberdade Liberdade". É que apesar de batalhar pelos interesses da família real portuguesa e ter sido o responsável por capturar Tiradentes (Thiago Lacerda), ele acabará se apaixonando pelo sensível André (Caio Blat), o filho de Raposo (Dalton Vigh). O problema é que na época, no século 18, sodomia era considerado um crime, as pessoas que se relacionavam com as do mesmo sexo eram condenadas à morte, e julgar essas pessoas também era uma das funções do capitão.
 
Com o tempo, Tolentino e André ficarão amigos e, a partir dessa amizade não conseguirão esconder a atração e sentimentos de cada um deles.

Eu quero é crescer, penso que uma experiência como a de um beijo gay me faz crescer artisticamente

"O personagem, em determinando momento, descobre que ele pode ter uma orientação sexual diferente e que pode se apaixonar por uma pessoa do mesmo sexo, o que pra ele é uma novidade, pro personagem do Caio, já não é tanto, porque ele é meio afeminado desde o começo", conta Ricardo Pereira ao UOL, que adianta que a atração física falará mais alto para o capitão.

"A gente está lidando com um cara que ao mesmo tempo é um vilão, um cara duro e seco, e vai descobrir esse lado dele, vai ver como vai lidar com isso. Ele vai se encantar, vai ser mais forte a fisicalidade, o que ele sente será mais forte que ele, não sei como vai ser o fim dele e do personagem do Caio, mas é um desafio tremendo. Acho que é daqueles personagens que saem de uma maneira muito bacana", diz.

O ator considera a possibilidade de dar um beijo gay em cena um desafio em sua carreira e comemora a maior liberdade que a novela das onze tem para se aprofundar mais no assunto.

"O horário é bacana pra você ir um pouquinho mais a fundo e respeitar tudo o que o autor escrever, aquilo que é pra fazer. A gente está muito ainda no meio da novela, ainda tem muita coisa que vai acontecer, mas eu enquanto ator, eu quero é crescer, penso que uma experiência como a de um beijo gay me faz crescer artisticamente", diz.

Capitão Tolentino e André vão se envolver em "Liberdade Liberdade" - João Cotta/TV Globo - João Cotta/TV Globo
Atração física falará mais alto entre o Capitão Tolentino e André
Imagem: João Cotta/TV Globo


A energia de interpretar um vilão em cena permanece com Ricardo até depois das gravações. Para não deixar transparecer a carga pesada de Tolentino, o ator português procura relaxar na volta para a casa.

"Mexe com o emocional, a gente acaba sendo contagiado por tudo um pouco. Você constrói um personagem, não sai de lá e vai embora, tem sempre aquela coisa de respirar, sair e digerir um pouco de tudo. Eu tento botar uma música no carro neste caminho do Projac para casa, tento chegar em casa e ser absorvido logo pelos meus filhos, que me levam para outro mundo. Mas o ator tem isso, não só o vilão, todos os personagens te levam para uma viagem grande por dentro, e tudo o que a gente deseja é que eles sejam fortes e consistentes e que a gente consiga passar uma verdade", conta.

Apesar disso, Ricardo diz que tem orgulho de interpretar o capitão Tolentino, destaca a reconstrução histórica da novela e elogia o resultado do trabalho do elenco em cena.

"É um trabalho que tenho a felicidade de estar dentro dele e realmente me dá a oportunidade de fazer pela primeira vez em 12 anos o meu sotaque, completamente original. Estou fazendo um vilão que não é tão comum na televisão, e é completamente distante de todos o que fiz até agora na TV, não só fisicamente, mas dele ser um cara completamente sem piedade, é um trabalho que me dá a oportunidade de crescer também como ator", conclui o português.