Topo

Não é só no Brasil: "MasterChefs" gringos têm humilhação e pratos no lixo

"MasterChefs" gringos têm humilhação e pratos no lixo

UOL Entretenimento

Natália Guaratto

Do UOL, em São Paulo

12/05/2016 07h00

A terceira temporada do “MasterChef”, da Band, não chegou nem em sua metade, mas tem tudo para ser considerada a mais grosseira já exibida no Brasil. Conhecidos pela rigidez, mostrada nas edições anteriores, Henrique Fogaça, Erick Jacquin e Paola Carosella aumentaram a distribuição de patadas gratuitas.

A última do trio foi classificar como “porcaria” uma receita familiar preparada pelo português Nuno, que acabou eliminado. Antes disso, outro participante teve o sabor de sua comida comparado a “gosto de chulé”. Fogaça aumentou o tom das broncas e, vez ou outra, grita com os concorrentes, questionando se eles querem “sentar na graxa”.

Se no Brasil é novidade que os jurados sejam descorteses nas avaliações, em países como Estados Unidos, Espanha e Itália, que também exibem versões do “MasterChef”, o feedback dos chefs beira a brutalidade. Na conta das grosserias gringas já teve jurado que arremessou prato longe, xingamentos e até chef que pediu desculpas em rede nacional.

Joe Bastianich, o arremessador de pratos

Joe Bastianich - Reprodução/MasterChef/SkyUno - Reprodução/MasterChef/SkyUno
Joe Bastianich cospe macarrão feito por participante do "MasterChef Itália"
Imagem: Reprodução/MasterChef/SkyUno
Se o “MasterChef” fosse uma competição para encontrar o chef mais grosseiro do planeta, o vencedor seria Joe Bastianich. Jurado da versão norte-americana do reality por cinco temporadas, ele criou o hábito de jogar os pratos ruins apresentados pelos competidores no lixo e compará-los a excrementos.

“Não sou malvado, mas quando comida ruim aparece para pessoas boas é um problema e eu estou lá para acabar com isso”, afirmou o jurado em entrevista ao talk-show “Late Night with Jimmy Fallon” em 2011.

Descendente de italianos, o chef também pode ser visto arremessando pratos no “MasterChef Itália”. O programa, que tem como jurado Carlo Cracco, responsável pelo “Hell’s Kitchen” italiano é famoso pelos insultos. Em compilações do programa no YouTube, que ultrapassam os 2 milhões de visualizações, é possível assistir Cracco xingando competidores de tontos e os mandando irem à merda.

Ritual de humilhação

Alberto - Reprodução/MasterChef/Eurovisión - Reprodução/MasterChef/Eurovisión
Alberto é consolado pela apresentadora Samantha Vallejo-Najera após ter seu prato "León come gambá" ridicularizado no "MasterChef Espanha"
Imagem: Reprodução/MasterChef/Eurovisión
Participantes do “MasterChef” de diferentes nacionalidades já deram declarações à imprensa sobre terem sido tratados de forma humilhante nas gravações. As queixas vão de maus-tratos emocionais a assédio sexual.

No ano passado, o chef espanhol Jordi Cruz pediu desculpas aos telespectadores do “MasterChef Espanha” pelo modo como se deu a eliminação do estudante de medicina Alberto, de 18 anos. Ele teve o prato avaliado como “um insulto aos jurados e um insulto às 15 mil pessoas que tentaram um lugar na competição”. O episódio foi tratado na mídia como um caso de humilhação desnecessária.

Em 2013, Marie Porter, participante da quarta temporada da versão norte-americana do "MasterChef", escreveu em seu blog que uma colega de programa foi assediada sexualmente pelos jurados Gordon Ramsey, Graham Elliot e Joe Bastianich. De acordo com Marie, a participante acionou seus advogados e foi removida completamente da edição do programa.

As acusações foram confirmadas por Carrie Stevens, outra competidora da 4ª temporada, que afirmou não querer se envolver na polêmica, mas que "tudo o que Marie disse era absolutamente verdade". A Shine America, produtora responsável pelo 'MasterChef' nos Estados Unidos negou o episódio, afirmando que "os participantes são tratados com absoluto respeito e profissionalismo".

Até mesmo o “MasterChef Austrália”, um dos mais populares e longevos da franquia, já foi acusado de propositalmente desestabilizar seus competidores. “Você é encorajado a se abrir, mas não há ninguém lá para te ajudar a se recompor. O resultado final é um ritual de humilhação em rede nacional e a pior coisa é que você se candidatou para isso”, disse a ex-concorrente do programa, Jules Allen, em um documentário exibido na TV australiana. Ela contou ainda ter tido dificuldade para lidar com comentários maldosos nas redes sociais. “Um único comentário, bem desagradável, me deixou sem dormir por metade de uma noite”, afirmou.

Procurada pela reportagem do UOL, a Band informou por meio de sua assessoria de imprensa que Fogaça, Jacquin e Paola não quiseram dar declarações.