"Minha carreira acabou ali", diz ex-modelo sobre polêmica com Itamar Franco

Depois de protagonizar um escândalo ao lado do presidente Itamar Franco no Carnaval de 1994, Lilian Ramos disse que a publicação da foto em que ela aparecia sem calcinha a fez se sentir injustiçada a ponto de motivá-la a sair do Brasil para a Itália dois meses após a polêmica.

"Um dos motivos que fui embora do Brasil é que fiquei com medo. Entrei um pouco em depressão, fui na praia do Ceará, me isolei por dez dias. E pensei, 'o que eu tô fazendo?' Eu não fiz nada de mais. Por que eu devo me esconder?", disse no programa do Gugu que foi ao ar na quarta (1º).

A ex-modelo contou que, diferentemente do que aparentou na época, não estava nua. E lembrou como foi parar no camarote do presidente.

"Eu não estava nua. Eu estava com um collant. Até as mulatas no Carnaval do Rio desfilam com um colant para conter melhor o corpo. Todo mundo coloca. Pode parecer que está com a pele nua, mas todas têm. Dá a sensação, para quem vê a foto, que você está com a pele nua. Eu estava bem vestida para o carnaval do Rio", disse.

No Carnaval daquele ano, Lilian desfilou como destaque pela Unidos da Viradouro. Diz que foi ao camarote de Itamar após ser incentivada pela irmã e pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto.

"Qual o poder que eu tenho de pedir para ir ao camarote do presidente? Eu conhecia, através de amigos, o Valdemar Costa Neto. Quando comecei a caminhar na dispersão, veio o Valdemar. Eu disse, 'mas eu vou desse jeito? Eu não tô legal'. Ele me pegou pela mão e eu falei, 'eu vou, mas fico só cinco minutos'. Quando cheguei ali, esse homem [Itamar Franco] tão maravilhoso me acolheu com um sorriso, uma simpatia  e começou a conversar. Disse que tinha simpatia pelo Ceará e o papo foi rolando", se recorda.

Ela não percebeu o momento da foto, divulgada no dia seguinte na primeira página do jornal "O Globo" e depois em vários outros veículos. Dois meses depois da polêmica, se mudou para a Itália, onde vive até hoje. "A minha carreira terminou ali porque fui embora do Brasil. Eu não escrevi um livro, não fui fazer novela da Globo, não fui capa da Playboy [já tinha sido]. Quer dizer, não ganhei nada. O tempo é a melhor demonstração de que eu fui manipulada".

Traumatizada, disse que não se descuida para assim evitar um novo escândalo. "Fiquei tão traumatizada que hoje uso sempre calcinha. Aqui na Itália é muito normal para quem trabalha em televisão colocar um collant ou não coloca calcinha para não marcar. Fiquei tão traumatizada que uso sempre. Digo, nunca mais vão pegar uma foto do gênero. Se quer me ver nua, só na Playboy", disse ela, que posou na revista masculina em 1986.

Relação com Itamar

"Uma coisa inocente e pura. Quase um amor platônico". Assim define Lilian Ramos a relação que tinha com o ex-presidente Itamar Franco. Ela afirma que nunca chegou a namorá-lo e culpa a imprensa por não tê-lo conhecido melhor.

"Ele me ligou algumas vezes pra sair e eu disse, é melhor a gente não se ver. Fiquei muito magoada com a imprensa brasileira", declarou. "Era uma pessoa muito gentil, me encheu de elogios. O que admiro num homem não é a beleza, é a inteligência. Ele pediu meu telefone, me telefonou várias vezes. Isso é verdade. Ele era uma pessoa divorciada, não tinha nada de mais", se defendeu.

A atenção e simpatia dadas por Itamar naquele dia de carnaval ainda são lembranças vivas na memória da ex-modelo: "Vieram todos os artistas, se jogaram para cima dele e ele continuou me dando atenção como se eu estivesse com ele. Quer dizer, me deu importância de primeira dama".

"Não posso dizer que não fiquei feliz. Qualquer mulher gosta de ser cortejada e de receber elogios, principalmente do presidente do seu país. Não sei se teria me transformado na namorada dele, mas não tivemos tempo de aprofundar essa amizade", explicou.