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João Kleber diz que há limite para baixaria e lamenta polêmica com Xororó

João Kleber diz que definir um programa como sensacionalista é tão subjetivo como gostar ou não de caviar - Artur Igrecias/Divulgação/RedeTV!
João Kleber diz que definir um programa como sensacionalista é tão subjetivo como gostar ou não de caviar Imagem: Artur Igrecias/Divulgação/RedeTV!

Felipe Pinheiro

Do UOL, em São Paulo

09/06/2016 07h30

João Kleber já foi considerado rei da baixaria, ao ponto de fazer Ratinho com seu teste de DNA parecer inofensivo. Hoje caçador de novos talentos no "JK Show", que estreou no domingo (5) na RedeTV!, ele – que nunca abriu completamente mão do humor – já se viu alvo de reclamações pelo conteúdo que mostrava no ar. 

Ao mesmo tempo em que se consolidou com suas pegadinhas, nos primeiros anos de RedeTV!, João virou referência de popularescos na televisão não tão lights assim. Investiu em brigas entre vizinhos, barracos do melhor estilo "Casos de Família" e nos famosos segredos que até pouco tempo atrás davam o tom do "Você na TV". Isso sem falar no "Teste de Fidelidade", formato polêmico e bem-sucedido que já foi exportado para 23 países.

Com experiências diversas, o dono do bordão "para, para, para" reconhece que nem tudo vale a pena pela audiência. Ele, que chegou a ter um programa suspenso após ser considerado impróprio pelo Ministério Público Federal, em 2005, defende que há um limite do que fazer na TV.

"Tenho [limite], lógico! Acho que não dá para mexer com criança, idoso. Isso jamais! Tem que haver um limite, um respeito", afirma. João considera complicado definir o que é ou não sensacionalista na televisão. "Isso é subjetivo. Às vezes, quem gosta de fast food pode achar caviar horroroso. Para mim, sensacionalismo é explorar uma tragédia muito grave de uma mãe que está em uma situação de doença terminal, por exemplo. Eu não faria nunca isso", avalia.

Como telespectador, o apresentador gosta de se entreter com atrações mais leves como "Programa Silvio Santos", "A Praça é Nossa" e "Tá no Ar". Não tem críticas a policialescos como "Cidade Alerta" e "Brasil Urgente", mas não se vê fazendo algo parecido. "Eu não tenho nada contra, cada um faz o que se sente bem. Não sou eu quem vai dizer [o que é bom ou não]. Sou um grande admirador do [Marcelo] Rezende, que é meu amigo, e do Datena. Adoro Datena! São pessoas que sabem muito bem fazer esse tipo de programa e existe um mercado para isso. Mas, talvez eu não saberia fazer esses programas", diz.

"Para mim, sensacionalismo é explorar uma tragédia muito grave de uma mãe que está em uma situação de doença terminal, por exemplo. Eu não faria nunca isso"

João não acredita que tenha ferido princípios morais com tantos programas que já apresentou e em diferentes horários, da faixa matutina à noturna. Para ele, casos mais bizarros recaem no humor. Mas, salienta, quando são graves sua postura é diferente. Ele cita exemplos do "Você na TV", que terminou neste ano para que pudesse se dedicar ao novo programa

"Tiveram casos graves, como o cara que disse para a esposa que estava com HIV. Quando o assunto era grave, eu levava com seriedade. Mas quando era maluquice, eu tirava sarro. Tinha que levar com humor, né? Eu mesmo falava, isso não pode ser verdade!", se recorda ele, que cita como os mais chocantes o da mulher que se prostituía para comer cheesburguer e da outra que tinha um namorado invisível. “As pessoas me falam que eu não podia ter acabado com esse programa, mas agora o ‘JK Show’ ocupa muito o meu tempo”, explica. 

Único arrependimento da carreira

João Kleber no programa "Canal Aberto", da RedeTV!, em 2003 - Divulgação/Rede TV! - Divulgação/Rede TV!
João Kleber no programa "Canal Aberto", da RedeTV!, em 2003
Imagem: Divulgação/Rede TV!
"Macaco velho" da televisão, João Kleber não é de se arrepender facilmente do que fez. No entanto, uma situação em especial mexeu com o apresentador, que não costuma perder a segurança no que se propõe a levar para o vídeo.

À frente do "Canal Aberto" (2001-2004), ele explorou o caso de uma mulher que dizia ter uma filha do cantor Xororó. Na briga pela audiência, furou o concorrente "Hora da Verde" (Band), de Márcia Goldschmidt, e revelou a identidade do sertanejo que até então era mantida em mistério. Ao fim, o teste de DNA comprovou que a jovem não era herdeira do músico. A história teve enorme repercussão e até hoje é lembrada por João, mas não de forma positiva.

"Eu nunca afirmei se era filha ou não era filha, a pessoa é quem falou no programa. Mas ele [Xororó] ficou magoado comigo. Pedi desculpas, em público, mas ele não aceitou", conta. Treze anos após o polêmico episódio, João nunca mais teve contato com o irmão de Chitãozinho. Ele lamenta: "Nunca mais nos falamos e tínhamos uma boa amizade. É uma pena. Quem sabe um dia toca o coração dele, né? Ele sabe que eu não fiz isso com maldade. É a única coisa que me arrependo de toda minha carreira". 

"Tentei manter contato, mas ele não aceitou. É um direito dele. Acho que faltou um pouco de humildade nele de perdoar ou reconsiderar, já que pedi perdão em público. Espero que tire essa mágoa do coração porque tenho uma admiração enorme por ele. É uma pessoa do bem e de muito talento", declara.