Filho problema e bom de bola, Bussunda precisa ser apresentado aos jovens
Dez anos depois da morte de Bussunda, o ex-colega de “Casseta & Planeta” Marcelo Madureira diz querer apresentar o trabalho do humorista para os jovens.
“Estou envolvido no projeto de Casseta & Planeta na internet. Eu quero reforçar essas lembranças e arrumar um jeito de colocar o trabalho do Bussunda acessível às novas gerações. O cara hoje com 17, 18 anos era muito criança naquela época e não conheceu o Bussunda. A gente não cultiva o nosso passado de uma maneira geral no Brasil. Nego não lembra direito do Tom Jobim. Só lembra nessas datas, nas efemérides. É uma pena”, disse em entrevista ao UOL.
Há exatos dez anos, em 17 de junho de 2006, em Vaterstetten, na Alemanha, durante a Copa do Mundo, morria Cláudio Besserman Viana, o Bussunda, vítima de um ataque cardíaco depois de jogar uma pelada. Para marcar a data, os amigos dele do “Casseta” – Beto Silva, Hélio de La Peña, Marcelo Madureira, Cláudio Manoel, Reinaldo e Hubert – e craques como Júnior e Zico, se reuniram no Clube Condomínio, no Jardim Botânico, no Rio, para bater uma bola. Também nesta sexta, um especial de 2006 exibido pela TV Globo com os melhores momentos do humorista será reapresentado pelo canal Viva, as 22h.
Marcelo Madureira ressalta o fato de que Bussunda era, diferente do que se pode imaginar, muito bom de bola. E foi também um de seus melhores amigos, desde quando ele tinha 13 anos. “Eu estudava no colégio de Aplicação onde estudavam os irmãos dele, Sergio e Marcos, que eram meus colegas. Aí um dia, numa dessas festas de escola, o Bussunda foi e eu lembro que tive um ataque de riso ao conhecê-lo, porque a cara e a figura dele era muito engraçada. Ele tinha uns 13 anos. Ele era uma criança. Depois a gente foi junto para uma colônia de férias e construímos uma amizade. Era um cara inteligente, engraçado e gente boa”.
Autor da biografia “Bussunda – A vida do Casseta”, Guilherme Fiuza conta que Bussunda era considerado um “filho problema” na adolescência e início da juventude. “Sua vadiagem nos estudos chegou a levar os pais a comprometer os irmãos mais velhos com o sustento dele no futuro. Quando ele ficou rico, o irmão mais velho, o economista Sergio Besserman, propôs aos pais uma inversão do pacto”, conta o jornalista.
A vida de casseta
No início da década de 1980, Marcelo Madureira, Beto Silva e Hélio de La Peña fundaram o jornal mimeografado “Casseta Popular” na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e, depois de algum tempo, convidaram o Bussunda e o Claudio Manoel para participar. “Era uma revista totalmente iconoclasta, sacaneava tudo 360 graus à sua volta. Por ser marginal, não precisava fazer concessão a ninguém. Com o ‘Planeta Diário’, renovou totalmente o humor ao longo dos anos 80, superando o vício do humor de esquerda, com sua metralhadora politicamente incorreta”, avalia Fiuza.
A equipe do “Casseta Popular” e do “Planeta Diário” se uniu pela primeira vez na televisão no especial de final de ano da TV Bandeirantes, “Wandergleyson Show”, em 1987. No ano seguinte, os sete estariam juntos novamente como roteiristas do marcante programa “TV Pirata”, onde ficaram durante três anos. Depois de outras aventuras na TV Globo, em 1992, estreava o programa “Casseta & Planeta, Urgente!”, que durou até 2010. Em 2012, eles voltaram com “Casseta & Planeta Vai Fundo”, que não durou nem um ano.
Para Guilherme Fiuza, o humorista exercia um papel bastante claro para o público e para a própria equipe: “Para o público, Bussunda era o destaque. O perfil do gordão dentuço somado ao próprio apelido originalíssimo dava a ele a persona do desajustado cativante. Foi muito por essa persona que Boni os levou para a TV, com a certeza de que aquela malcriada doçura conquistaria a todos. Internamente, o papel do Bussunda para o grupo era quase o oposto disso. Altamente pragmático, ele era essencial para harmonizar o turbilhão criativo dos sete, encaminhando com serenidade as tomadas de decisão”.
Marcelo Madureira discorda: “O Bussunda era um cara na dele, engraçado, mas não histriônico. Em público, ele era muito tímido e reservado, mas trabalhando era muito engraçado. Nós sete cassetas sempre brigamos naturalmente com muita harmonia, nos amamos e nos detestamos igualmente na mesma intensidade. Não tem essa coisa de harmonizador. Isso é papo furado, tanto que depois que ele morreu nós continuamos trabalhando e brigando do mesmo jeito. Mas minha análise evidentemente é enviesada. Eu vejo as coisas de dentro”.
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