Ex-musa do Carnaval, Quitéria Chagas cursa Psicologia e trabalha como doula
Giselle de Almeida
Do UOL, no Rio
23/06/2016 13h24
Nome conhecido do Carnaval, Quitéria Chagas diz ter encerrado um ciclo em 2014, quando deixou a Passarela do Samba para reinar em outras áreas. A maternidade veio junto da realização de uma paixão que ganha diploma daqui a um ano - a faculdade de Psicologia - e de um novo horizonte profissional, com a carreira de doula (acompanhante de parto). Mãe da pequena Elena, de 1 ano e 1 mês, a carioca de 36 anos não se arrepende da mudança e se diz tão realizada hoje quanto foi na folia durante 11 anos.
"Estou muito feliz, é muito gratificante ver a resposta das pessoas, tanto na prática da doula quanto na psicologia, perceber que você pode ajudar uma pessoa com alguma informação que ela não está conseguindo enxergar. Ela ganha um novo olhar, se transforma e passa a ter autonomia como sujeito de conduzir a própria vida. É muito lindo", afirma ela, que cursa o nono período da faculdade e faz estágio na área de psicanálise.
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Foi durante a gravidez que Quitéria se formou no curso de doula, onde percebeu que poderia aplicar seus conhecimentos de psicologia, já que as profissionais atuam bem mais do que somente na hora do trabalho de parto. Elas costumam fazer duas visitas às gestantes no pré-natal e outras duas após o nascimento, para orientação das futuras mães em relação aos cuidados com o bebê. Ela faz questão de esclarecer, no entanto, que doulas não fazem parto: elas são facilitadoras e estão sempre acompanhadas por um obstetra, obstetriz ou enfermeiro obstetra.
"Depois que tive minha filha e vi o desenvolvimento dela, minha visão mudou, saí da teoria e fui para a prática. Vivenciar isso ajuda muito. Explico a fisiologia do parto, o que a mulher pode sentir fisicamente. Se eu não falo, pode ser um inibidor. Trabalhamos essa conscientização", diz ela, que comemora a decisão do Conselho Federal de Medicina de liberar cesáreas eletivas apenas após a 39ª semana de gestação.
Ter optado pelo parto natural, em casa, despertou o interesse de outras pessoas pelo assunto, ela conta. "Todo mundo começou a me procurar automaticamente. Percebi muita demanda nos meus perfis no Instagram, no Facebook. Não teve nenhuma rejeição", conta ela, uma das fundadoras da Associação de Doulas do Rio de Janeiro, que conquistou uma vitória com o sancionamento da lei que obriga hospitais e maternidades do estado a permitir a entrada das profissionais.
Mesmo com um tempo de prática, Quitéria diz se emocionar nos partos que assiste. "É muito lindo. Mas não vou ficar em prantos, eu me contenho (risos). A doula deve se envolver emocionalmente. Você abraça a gestante, tem relação de pele na massagem, dá um carinho, um afago. Às vezes o companheiro desmaia, fica perplexo. A doula é em quem a mulher pode se apoiar na hora da dor, ela é o profissional emocional no trabalho de parto. Nosso trabalho é para que a mulher consiga relaxar", diz.