Dengue do "Xou da Xuxa" relembra sucesso e conversas com Ayrton Senna
No palco do "Xou da Xuxa", o personagem Dengue se destacava com seu figurino fluorescente e maquiagem no rosto, ao lado do anão Praga. No programa, que estreou há 30 anos, a dupla auxiliava a apresentadora, as crianças, fazia amizades com os artistas nos bastidores e se divertia com as atrações musicais.
"Nós éramos coadjuvantes, nunca fomos protagonistas. Como não tínhamos texto, a gente tinha que se virar, fazer alguma coisa. O Praga tinha o estilo dele, e eu corri atrás do meu para poder fazer alguma palhaçada porque a Xuxa sempre brilhou muito", conta Roberto Bettini, 56 anos, que interpretava Dengue e fez muito sucesso no Brasil e na Argentina, no início dos anos 90, no "El Show de Xuxa".
"Fora do Brasil eu consegui ter mais espaço, foi muito legal. Cheguei a gravar um CD na época que foi disco de ouro lá fora, foi um sucesso absurdo. Lá nós tínhamos um espaço fantástico", completa.
Do auge do sucesso, Roberto guarda algumas lembranças, mas diz que não sente saudade. As viagens divertidas - e cansativas - com Xuxa, paquitas e toda a equipe e a possibilidade de conhecer alguns famosos estão em suas recordações da época de "Xou da Xuxa".
"Tenho lembrança, mas não sinto saudades. Não sou um cara nostálgico em relação ao meu passado. Tive o privilégio de conhecer grandes pessoas, grandes lugares. Conheci Sophia Loren, Pelé, Roberto Carlos, pessoas que nunca imaginei conhecer e acabei ficando próximo. O Ayrton Senna principalmente, a gente conversava muito, batia altos papos sobre as corridas e o Alain Prost, que era o grande rival dele. A gente conversava muito sobre as brigas, sobre tudo", lembra.
Apesar da fama dentro e fora do Brasil e dos muitos shows que iam geralmente de quinta a domingo, o ator, que começou na TV interpretando o palhaço Muriçoca no programa do Bozo na TVS (SBT), diz que não conseguiu ficar rico com o sucesso de Dengue.
"Não conheço ninguém que não seja protagonista e que fique rico, seja na TV ou no futebol. Gravávamos às terças e quartas e viajávamos de quinta a domingo fazendo shows no Brasil inteiro e no exterior. Nunca consegui comprar um apartamento no Leblon ou Ipanema. O Praga morreu pobre. Algumas paquitas passaram dificuldades financeiras", conta.
Praga, paquitas e Marlene
Roberto lamenta que a morte do parceiro de palco Praga, em 2003, vivido pelo ator Armando Moraes, não tenha sido noticiada na ocasião e nem citada por Xuxa.
"Quando o conheci, ele trabalhava com o palhaço Carequinha na Manchete. Ele era uma pessoa boa, genioso demais. Era namorador, gostava de tomar uma cervejinha, mas muito gente boa. Depois nunca mais vi a figura do Armando. Soube que ele morreu dois anos depois. A mídia não falou nada. Achei uma falta de respeito absurda. Achei até um erro da própria Xuxa. O cara merecia no mínimo uma homenagem. A partir dali fiquei meio desiludido. Você fica oito, nove anos com essa pessoa, ela morre e ninguém fala nada?", desabafa.
Para ele, o clima nos bastidores do "Xou da Xuxa" era tranquilo, mas numa equipe grande, impossível não rolar desentendimentos. "Às vezes tinham uns arranca-rabo entre paquitas e paquitos. Eu já era um pouquinho mais velho e os via como um monte de sobrinhos. Achava o maior barato o quebra-pau deles porque rapidinho eles estavam numa boa", lembra.
Um episódio que chateou Roberto foi quando ele foi chamado pela diretora Marlene Mattos e sua irmã, Lurdinha, que era enfermeira do programa, e acusado de ter agredido uma criança. Após uma conversa e ficar frente e frente com o pequeno, a direção descobriu que a criança se machucou ao esbarrar em um Dengue de brinquedo que decorava o carrossel do cenário.
"Fui chamado a atenção na frente de todo mundo e exigi um pedido de desculpas porque me senti profundamente ofendido por ter sido acusado de agredir uma criança", conta.
Apesar da fama de durona, Roberto elogia a postura de Marlene Mattos no comando do programa e diz que não entende bem o que pode ter ocorrido para que a diretora e Xuxa rompessem a amizade.
"Uma praticamente completava a outra, profissionalmente, e elas eram grandes amigas. Mas realmente o estilo da Marlene não é qualquer pessoa que consegue aturar, não, porque ela é muito ditadora, mas muito correta, honesta e uma excepcional profissional. Tenho um respeito muito grande por ela e pela Xuxa também. Acho que foi aquela amizade que desgastou e cada uma foi pra um lado", opina.
Roberto mora há 16 anos em Cerejeiras, Rondônia, com a mulher, Mônica e os filhos Paulo Henrique, 16 anos, Paulo Roberto, 13 e Ítalo, 9. Atualmente ele trabalha com produtor artístico, faz grandes produções de exposições agropecuárias e sua empresa é responsável por levar vários cantores e grupos para estes eventos, entre eles, Bruno e Marrone, Jota Quest e Michel Teló.
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