Juliana Silveira vence medo e dança com cobras em "A Terra Prometida"
Um dia antes de gravar sua primeira cena como a temida "senhora das serpentes" de Jericó em "A Terra Prometida", Juliana Silveira travou. E afirmou ao diretor Alexandre Avancini que precisariam achar uma dublê para a cena em que a rainha Kalesi entra na sala do trono com uma píton albina em uma apresentação de dança. Confiante, o diretor não deu ouvidos e manteve o cronograma. No dia seguinte, mesmo achando que era impossível, a atriz de 36 anos foi lá e fez.
"Falei para ele: 'Se eu não conseguir, a gente edita, o público não vai saber'. Mas na hora, várias coisas acontecendo, milhões de pessoas no cenário, eu só pensei: 'Essa porta vai abrir, tem 300 figurantes aí dentro, o elenco esperando, eu vou pagar um mico se eu não fizer'. Aí vem aquela coisa mágica da televisão, o famoso profissionalismo. Quando terminou, pedi para revisar. Não é que eu sei dançar?", brinca.
Um grande avanço para quem teve um relutante primeiro contato com uma cobra no Instituto Vital Brazil, durante a fase de preparação. "Não queria pegar, demorei uns 40 minutos. E era uma pequenininha, foi uma vergonha. Foi um longo processo", lembra ela, cuja atual preocupação é como encarar a sequência em que Kalesi entra em transe, gira e cai com uma serpente.
Juliana grava a maioria das cenas com Pandora, que mede cerca de 2 metros e pesa aproximadamente 10kg. Nascida em 1996, a mascote é tietada por todo o elenco e tem direito a um dublê, Pedro, quando troca de pele ou no período em que precisa ser alimentada.
Como se aprender a contracenar com o animal não fosse suficiente, Juliana ainda correu atrás das aulas de dança do ventre com a professora Isabelly Saar, 29, dona da cobra-atriz. Foi ela que lhe ensinou os movimentos básicos e também o manuseio do bicho nas sequências em que a rainha faz seus rituais aos deuses pagãos ou ocasiões especiais, como a visita de outro governante.
"Não pode é fazer movimento brusco, pegar de mal jeito. Você faz o que a cobra te permite fazer, não dá para coreografar. O que eu ensino é como deixar a pessoa à vontade para ficar mais bonito. O animal é a estrela", afirma Isabelly, orgulhosa da aluna.
Depois de toda essa preparação, ir ao salão quatro vezes para ficar ruiva pela primeira vez na vida e gastar três horas diariamente para conseguir os fios frisados da rainha são a parte fácil do trabalho de Juliana, que faz sua primeira novela de época.
"É a primeira vez que demoro tanto para me arrumar. Toda troca da rainha tem que costurar, o figurino é muito bem feito. Estou encantada, amando o 'meu' reino, a 'minha' cidade cenográfica. Para quem brincava de princesa, né? Difícil vai ser depois sentar na mesa do café da manhã e fazer aquela cena contemporânea", afirma, aos risos.
Paixão não correspondida
Na trama de Renato Modesto, que substitui "Os Dez Mandamentos - Nova Temporada" no horário nobre da Record, Kalesi é casada com o rei Marek (Igor Rickli). O conflito começa com a chegada dos hebreus, liderados por Josué (Sidney Sampaio), ao reino. "Até então eles não estavam esperando uma guerra, estavam vivendo o estilo de vida deles. Os dois têm um casamento aberto. Quando tem vontade, ela leva alguns dos lutadores para o quarto, isso não é um problema. Ela tem uma coisa sexual que é forte, que fica subentendida, mas não chega às vias de fato por causa do horário. E o rei tem um harém, escolhe as mulheres para servi-lo à noite", conta.
Mas o coração da governante é fisgado por Sandor (Pedro Henrique Moutinho), filho do comandante Tibar (Leonardo Branco). O rapaz, no entanto, desperta a ira da ruiva ao se apaixonar pela prostituta Raabe (Miriam Freeland). "Durante um certo tempo, ela vira inimiga da Kalesi. Existem várias cenas ótimas, ela tortura Raabe loucamente", adianta a atriz, que tenta justificar a vilania da personagem, que não existe na Bíblia e está marcada para morrer por volta do capítulo 60.
"Ela é má, uma mulher ambiciosa, que até então não conhecia o amor. A relação dela com o rei é para manter esse reinado, não diria que eles se amam. Quando Sandor diz não a ela, Kalesi fica louca. Então ela decide transformar a vida dele num inferno. Mas ela não acordou de manhã, numa sociedade como a nossa, e resolveu fazer sacrifícios. Era a cultura da época. Acho que ela se torna má porque não tem limites", analisa ela, que assistiu a épicos como "Cleópatra" e "Alexandre, o Grande".
Por mais óbvio que possa parecer, Juliana garante não saber se o nome da personagem é uma homenagem à khaleesi Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), de "Game of Thrones", série de que é fã. "Não acho que elas sejam parecidas. A khaleesi não tem rei, está batalhando para conquistar os sete reinos. Já Kalesi tem o Marek e quer continuar a vida dela. Ela não quer dominar mais nada, só gostaria de não ter perdido o reino dela para os hebreus. Mas quando encontrar o autor vou perguntar", brinca ela, que evitou ficar ainda mais loura para o papel, a fim de evitar comparações.
"E o vermelho foi a cor ideal por causa da simbologia do fogo, do poder, da mulher forte que ela é. Teoricamente, quem manda em Jericó é o rei, mas isso é mentira. No quarto da rainha ela desfaz tudo que ele fez na sala do trono", diz.
Curtindo a segunda vilã da carreira - a primeira foi a neonazista Priscila de "Vitória" -, Juliana admite que as antagonistas permitem cenas interessantes que logo caem no gosto de público. Mas ela não faz pouco de nenhuma de suas mocinhas, como a a Júlia de "Malhação" ou a protagonista de "Floribella", que somaram seguidores ao fã-clube que ela tinha desde os tempos de assistente de palco de Angélica.
Depois de viver a mocinha da novela infanto-juvenil da Band, inclusive, ela teve a chance de interpretar uma prostituta em "Paraíso Tropical", mas preferiu recusar e logo depois deu início à sua trajetória na Record com "Luz do Sol", em 2007.
"Esse 'não' foi muito certo, não me arrependo nem um pouco. Era impossível vir de um projeto com um público infantil que você conquistou durante dois anos e jogar isso no lixo. Eu tinha compromisso contratual com os produtos, não tinha como quebrar essa imagem. Não me deram opção. Escolhi outro caminho que, com certeza, foi o certo. Sempre fui feliz e respeitada ali. O certo na vida é isso: escutar o coração e a intuição", analisa.
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