Roupa do "Xou da Xuxa" era "surrealista" e não brega, defendem criadores
Atração à parte no "Xou da Xuxa", o figurino de Xuxa Meneghel ditou a moda das crianças fãs do programa, que nesta quinta (30) completa 30 anos de sua estreia na Globo. Entre 1986 e 1992, nas 2.000 edições do infantil, a "rainha dos baixinhos" nunca repetiu as roupas, uma mais extravagante do que a outra, e admite não ter gostado de algumas. Para os criadores, não era "brega", e sim "surrealista".
Para elaborar as roupas de Xuxa e das Paquitas, foi montada uma equipe liderada pela figurinista da Globo Sandra Bandeira. O ritmo de produção era frenético: cinco trajes diferentes por semana, e cada um demorava três dias para ficar pronto, do desenho à finalização, passando pela escolha do tecido e confecção.
Em dois anos e meio, a "rainha dos baixinhos" se vestiu de 759 maneiras diferentes, e tudo tinha de ser aprovado por ela e Marlene Mattos, diretora do programa. A apresentadora gostava do visual, porém confessa que alguns modelos não a agradavam.
Figurinista da loira entre 1986 e 2001, Willis Ribeiro relembra o que ela abolia em seu figurino: "Xuxa e Marlene não gostavam de algumas roupas, então eu produzia em cima do que não deu certo e reinventava. Ela não gostava de roxo, mas usava tudo, minissaia, calça comprida, bota, sapato, sandália".
A apresentadora ainda guarda centenas de roupas do "Xou da Xuxa" em um galpão na sede de sua fundação, no Rio de Janeiro. Outras foram doadas e leiloadas em ações filantrópicas.
Xuxa era "surrealista", não brega
No "Xou da Xuxa", exagerar era regra, e o figurino de Xuxa não fugia disso. Excêntrico, as roupas faziam parte do cenário do programa, futurista e multicolorido. A "rainha dos baixinhos" usou e abusou de ombreiras, botas e mangas bufantes, moda nos anos 80, porém considerado brega três décadas depois.
Os criadores do figurino de "Xou da Xuxa" discordam das críticas ao visual, rejeitam o rótulo de "brega" e defendem que a apresentadora seguia as tendências da moda da época.
"Nos anos 80, tudo aquilo fazia sentido, era elogiado, diferente. Todos esperavam ver a Xuxa assim. Nos anos 90, ela mudou e foi limpando a imagem. Nos anos 2000, vieram as críticas ao passado, e acham aquilo a coisa mais brega do mundo", explica o figurinista Marcelo Cavalcanti.
Para criar os figurinos, a equipe buscava elementos da alta-costura da época. Os franceses Jean-Paul Gautier e Christian Lacroix e o italiano Franco Moschino foram alguns dos renomados estilistas que serviram de inspiração para a "moda Xuxa", além das ideias da própria apresentadora.
"Xuxa sabe exatamente o que ela quer. Quem inventou o estilo dela foi a própria Xuxa. A roupa era bem surreal, da arte do surrealismo mesmo, com formas e traços. Dependendo da roupa, era como um cartum. É uma vertente da moda que colocamos dentro do estilo dela", diz Cavalcanti.
Da "rainha dos baixinhos" ao "rapaz americano"
"Xuxa vestia tudo! Ela dizia: 'Se vestir bem e me favorecer, eu topo'. Nunca foi politicamente correta nem gostava de se vestir igual a todo mundo", afirma Marcelo Cavalcanti, responsável pela mudança de visual da apresentadora na Record. Ele diz por que a "rainha dos baixinhos" adotou um estilo sóbrio criticado até por Silvio Santos, que a chamou de "rapaz americano".
"Ela ama o trabalho da Ellen DeGeneres e achou bonito. Para quem conhece a Xuxa na vida real, ela é a pessoa mais 'clean' do mundo. É aquela mulher de camisa branca e óculos escuros, você nem reconhece. O cenário dela é uma sala, é como se estivesse recebendo [os convidados] em casa. Não tem nave, nem é uma boate como o 'Planeta Xuxa'", afirma.
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