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Elenco de "Sol Nascente" minimiza "yellow face" em núcleo japonês

Giovanna Antonelli é Alice, filha do imigrante japonês Kazuo Tanaka (Luis Melo) em "Sol Nascente". - João Miguel Júnior/TV Globo
Giovanna Antonelli é Alice, filha do imigrante japonês Kazuo Tanaka (Luis Melo) em "Sol Nascente". Imagem: João Miguel Júnior/TV Globo

Marcela Ribeiro

Do UOL, no Rio

19/08/2016 20h23

"Sol Nascente" ainda nem estreou na Globo, mas já deu o que falar. Tudo porque a novela, dividida em dois núcleos, italianos e japoneses, escalou Luís Melo para ser o patriarca da família japonesa Kazuo Tanaka e colocou Giovanna Antonelli para viver Alice, a filha adotiva dele. A questão é que alguns atores orientais questionam o motivo da escalação de um ocidental para o papel e acusam a Globo de preconceito e "yellowface", que ridiculariza os japoneses ao colocar ocidentais para substitui-los.

Na família, estão ainda Carol Nakamura (Hirumi), Jacqueline Sato (Yumi) e Paulo Chum (Hideo).

Em entrevista ao UOL, Luís Melo, descendente de índios com italianos, diz que sempre admirou a cultura japonesa, esclarece que o personagem é neto de um mestiço com uma japonesa e minimiza o problema.

"Se você percebe o que é arte, você vai entender, não precisa discutir, ter esse tipo de policiamento. Então quer dizer que o ator de Recife não pode fazer um personagem mineiro? Não é um problema que está na coisa, está nas próprias pessoas. Eles não estão querendo questionar absolutamente nada. Porque na verdade, se eles realmente são artistas, eles sabem o que é uma ficção", opina.

O ator acredita que debater o tema é importante e pode gerar alguma mudança futura. "Acho legal que todo mundo se posicione com relação a isso porque começa a perceber e discutir um pouco isso. Porque dentro do próprio mundo oriental, as mulheres não podiam fazer teatro,  eram proibidas. Então a proibição já existe ali dentro. Começa por ali, eram homens que faziam papéis femininos, as mulheres não pisavam no teatro", conta.

Apesar disso, Luís admite que ficou surpreso para viver o chefe da família japonesa por não ser oriental.

"Me causou uma certa estranheza, mas como sempre sou chamado para algum projeto que tenha um universo que vai falar sobre a cultura oriental, acho que é por causa dessa postura, da maneira de olhar e ver o mundo e é uma ficção".

Carol Nakamura, que faz sua estreia em novelas, conta que quando soube que "Sol Nascente" teria um núcleo japonês, não perdeu a chance de tentar uma oportunidade na novela, percebe que não há muita oportunidade na TV brasileira para atores orientais, mas defende a escalação de Luís.

"Na realidade o foco da novela não é voltado para o núcleo oriental ou italiano. É uma história baseada em laços familiares, em miscigenação. O Luís não é na novela um oriental de fato, assim como eu também não.  A minha mãe é brasileira e meu pai é filho de japonês. As pessoas não deveriam se apegar muito se é oriental ou se não é. Para ele é um grande desafio. Ele já anda feito um japonês, fala feito japonês, ele é mega estudioso", conta ela, que vive Hirumi, uma das sobrinhas de Tanaka.

Já Giovanna Antonelli chegou para a entrevista nesta tarde de sexta-feira (19) nos estúdios Globo já esclarecendo. "A Alice faz parte do núcleo japonês, mas antes que as pessoas falem: 'Giovanna Antonelli japonesa? ". Não, gente, ela é adotada", conta.

"Sol Nascente" estreia dia 29 na Globo e substitui "Êta Mundo Bom".