Opinião: Apenas o Tiago Leifert pode salvar o "Big Brother Brasil"
O brasileiro tem dois esportes preferidos: em primeiro lugar, qualquer um em que outro brasileiro esteja fazendo sucesso; em segundo, falar mal da vida alheia. Vivemos um período triste para ambas modalidades. Além da dolorosa ressaca com o fim da Olimpíada, veio a notícia de que Pedro Bial não apresentará mais o "Big Brother Brasil", nosso SuperBowl da fofoca.
O decano jornalista marcou época com o reality show. Foram 14 anos onde o mais raso dos entretenimentos ganhou um delicado verniz intelectual que transformou a versão brasileira do programa em algo único. Conduzido de maneira menos competente, o BBB não seria mais do que a reunião de saltimbancos do whey protein. Ou algo como "A Fazenda".
Com o anúncio de que Tiago Leifert assumirá o posto, parece seguro afirmar que a Globo comete sua decisão mais acertada da década. E foram dez anos cheios de boas escolhas por parte da emissora: o cancelamento de "Tomara Que Caia", a substituição de Ana Maria Braga por um ciborgue e o ineditismo da primeira telenovela brasileira escrita com os pés, a inesquecível "Babilônia" –entre diversos outros exemplos.
Tiago Leifert tem em comum com Bial algo raro na televisão dos dias de hoje – um ponto de vista.
Foi o que transformou o então apresentador do "Globo Esporte" em principal representante de um jornalismo tão jovial e despachado que foi natural sua migração para o entretenimento. Como legado, deixou nas redações uma legião de imitadores que carecem de qualquer brilho.
Atualmente, mesmo em um formato amarrado como o “The Voice”, Leifert conseguiu imprimir alguma personalidade, entre um discurso e outro do Carlinhos Brown. E eu sei lá o que acontece no “É De Casa”, mas talvez o público que o apresentador merece seja maior do que o número de TVs ligadas num sábado de manhã.
Por mais triste que seja imaginar uma edição do BBB sem prestigiar a entrega de Pedro Bial ao exercício de dar relevância às coisas menos importantes do mundo, as próximas temporadas do programa parecem promissoras.
Leifert deve atualizar o formato e adaptá-lo à realidade dos tão falados millennials. A julgar por pesquisas recentes sobre essa geração, devemos aguardar bem menos sexo e muita caça a Pokemon na casa mais vigiada do Brasil a partir de 2017.
*Chico Barney é entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002.
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