Palmeira aprova debate sobre orgânicos em "Velho Chico": Tem muita confusão
Em "Velho Chico", o jagunço Cícero não está nem aí para as questões ambientais que envolvem o Rio São Francisco, o protagonista da novela das nove. Já o seu intérprete, Marcos Palmeira, é um ativista, defende não só o meio ambiente como as causas indígenas, além de ser empresário do ramo da agricultura orgânica, dono de um armazém e de uma fazenda especializada. Por isso, o ator comemora o alcance que a novela dá ao alertar a população para os danos ao meio ambiente e se orgulha de participar de uma obra artesanal, como ele gosta de dizer.
"Acho que a novela tomou um caminho muito interessante, de valorizar o pequeno produtor. É muito importante discutir essa questão do uso excessivo de veneno. Quando a novela fala da agrofloresta, essa responsabilidade do reflorestamento à margem do Rio São Francisco, é muito pertinente para que as pessoas tenham esse olhar sobre o rio. Por trás da beleza dessas águas, existe uma carência de vegetação, de fauna", conta o ator, que chegou a trocar ideias com Bruno Luperi, coautor da trama e neto de Benedito Ruy Barbosa.
Apesar de ser um cara engajado, Marcos não cobra que seus colegas de profissão tenham a mesma postura. "Não tem que ter patrulha sobre ninguém. Os artistas, como qualquer cidadão, devem se manifestar diante daquilo que os interessam e os mobilizam. Também não acho que artista elege ninguém. Me coloco mais como cidadão," conta o ator, que é ligado a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva.
As pessoas ainda têm muita confusão em relação ao orgânico, muita gente ainda fala: 'mas eu não estou de dieta'. Não é um produto diet, nem light, é só um produto que tem qualidade.
E além de a principal novela da Globo abordar o tema, o que mais falta para a agroecologia se popularizar? "Acho que falta política mesmo, uma bancada ambiental mais forte no Congresso. Faz tudo parte de um desejo político. Como cidadão, eu vou fazendo a minha parte, junto com as pessoas com quem me relaciono, promovendo a agricultura orgânica, discutindo a importância de você saber de onde vem o alimento, o que você está comendo. As pessoas ainda têm muita confusão em relação ao orgânico, muita gente ainda fala: 'mas eu não estou de dieta'. Não é um produto diet, nem light, é só um produto que tem qualidade", explica.
A morte de Belmiro
Cícero aparenta estar numa fase mais tranquila depois que se declarou para Dalva e disse que quer esquecer Tereza. Apesar disso, o jagunço tem uma dívida com o passado. Ele matou Belmiro (Chico Diaz), o pai de Santo (Domingos Montagner) e Bento (Irandhir Santos), mas até agora ninguém descobriu.
O amor de Cícero por Dalva não pode ser maior que o ódio dele pelo Santo.
"Estou muito feliz dessa relação dele com a Dalva [Mariene de Castro], acho que se conduziu bem essa história dele perceber que o amor dele por ela não pode ser maior que o ódio dele pelo Santo. Acho que está tudo caminhando legal. Alguma coisa precisa acontecer dessa morte do Belmiro. Tomar uma surra do Bento e do Santo, não sei".
Mas o ator acredita que a paixão de Cícero por Tereza não acabou, está apenas adormecida enquanto ele passa o tempo com Dalva. "Ele está tentando se curar deste amor platônico, mas se ela esboçar alguma reação, ele vai igual um cordeiro. Ele tem essa obsessão de preservar o coronel Saruê, ele tem uma ligação muito forte com o Afrânio. É uma fidelidade", diz ele, que prefere não opinar sobre o final de Cícero.
"É uma obra aberta, complexa. Deixo na mão do autor e vou tentar fazendo da melhor maneira possível. Não fico me metendo, não ligo para autor. A não ser que eu tenha uma ideia genial que eu possa dar um toque, como eu conversei com o Bruno sobre a questão da agroecologia, mas nada de puxar sardinha para o meu personagem. Já estou muito feliz de fazer parte desta novela que talvez seja a mais artesanal que eu já fiz. Em todos os sentidos, é muito interessante", conclui.
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