Mayara Magri e Nuno Leal Maia falam dos bastidores de "A Gata Comeu"
Uma telenovela despretensiosa e leve tornou-se um dos maiores fenômenos da história do formato na televisão brasileira. “A Gata Comeu”, originalmente exibida entre abril e outubro de 1985, é a mais repetida no “Vale a Pena Ver de Novo” e a mais pedida pelo público do canal Viva, que a exibirá a partir de 24 de outubro, substituindo “Mulheres de Areia”. “É uma novela que as pessoas não esqueceram nem das músicas. É a mais pedida porque é muito singela e ingênua. Estou super feliz que vai voltar a passar e que vou poder reviver aqueles anos 80, que foram tão gostosos”, comenta a atriz Mayara Magri, que tornou-se a musa da trama ao interpretar a garota Babi e fez com que o corte de cabelo curto com um rabinho virasse verdadeira mania entre as jovens. “Eu nunca pensei que a Babi fosse marcar tanto a vida de tanta gente”
O ator Nuno Leal Maia, um dos protagonistas da trama, não sabe identificar a que se deve tamanha adoração pela telenovela até hoje. “É algo que me surpreende, porque eu não esperava que ela fizesse esse sucesso todo e fosse a novela mais forte, reprisada e pedida que fiz. A Ivani [Ribeiro] era uma autora que agradava muito. Ela pegava o público por coisinhas simples e bobas da vida, mas que emocionavam as pessoas”, avalia. “Vou aproveitar para rever a novela a fim de descobrir o que faz esse efeito, mas acho que tinham várias situações muito boas e o maior carinho do mundo por parte do [diretor] Herval Rossano. Eu acho que a energia de todo mundo também contribui”, acrescenta.
O personagem interpretado por Leal Maia é o professor Fabio Coutinho, viúvo que cria sozinho os dois filhos – Cuca (Danton Mello) e Adriana (Kátia Moura) – e conhece Jô Penteado (Christiane Torloni), que já ficou noiva sete vezes, com quem desenvolve uma relação de amor e ódio, prejudicada pelas artimanhas da vilã Glaucia (Bia Seidl), irmã de Jô. Os dois vão parar numa ilha, onde ficam presos, com vários outros personagens, durante dois meses. Essa, aliás, é uma das fases da trama mais adorada pelo público e pelos próprios atores. “As gravações na ilha foram muito divertidas. A gente gravou em Itacuruçá [distrito do município de Mangaratiba, no sul do estado do Rio de Janeiro]”, conta. Ele também lembra de um momento que demonstra toda a dedicação do diretor Herval Rossano: “Eu fraturei o ombro numa ação, quando a Jô me amarra numa cadeira. Fomos gravar e a cadeira caiu comigo amarrado. Fui de encontro ao chão, me quebrei e fui para o hospital ser engessado. Mas, mesmo engessado, o Herval não parava de gravar. ‘Está engessado? Gravamos só com a cabeça dele’ (risos)”.
Já Babi era filha do divertido casal Gugu (Claudio Correa e Castro) e Tetê (Marilu Bueno). “A gente ria e se divertia muito. Era muito engraçado e gostoso de trabalhar. A Tetê era aquela palhaça e resolveu me chamar de ‘bonitófira’ (risos), uma palavra inventada pela Marilu. Assim foi sendo criada uma intimidade com os personagens e com os atores.” Ela era cortejada por Tito (Jayme Periard) e por Zé Mario (Elcio Romar), que se passava pelo deficiente visual Braguinha, num arranjo criado pelo falso conde de Parma, Vitório Galhardo, magistralmente vivido por Laerte Morrone. Outros destaques eram as crianças do Clube do Curumim e o casal Oscar (Luis Carlos Arutin) e Conceição (Dirce Migliaccio).
Remake
“A Gata Comeu” é um remake de “A Barba-Azul”, escrita pela própria Ivani Ribeiro e exibida pela TV Tupi, entre julho de 1974 e fevereiro de 1975, com Eva Wilma e Carlos Zara, como os protagonistas, e Nádia Lippi, como Babi. Mayara Magri, então uma criança, lembra que acompanhou um dia de gravação. “Eu já tinha loucura de ser atriz. Uma vez fui passar as férias com meus pais no Guarujá e, quando vi, tinha uma casinha e algumas câmeras. Eu nunca tinha visto nada de televisão e fiquei desesperada. Eu adorava o personagem do Paulo Figueiredo, o Braguinha, fiquei apaixonada por ele vendo as gravações, pedi autógrafo e passei a ver a novela, a mesma que depois eu vim a fazer. Foi um desses encantos da vida”, garante.
Quando vai fazer novela?
Atualmente, Mayara Magri passa os dias descansando, fazendo ginástica, indo ao cinema e ao teatro, prestigiando os amigos, indo a restaurantes com o namorado e ator Flávio Galvão. Enquanto isso, também se dedica a ler alguns textos para, quem sabe, uma futura montagem teatral. No ano passado, ela atuou em “Elza & Fred”, contracenando com Suely Costa e Umberto Magnani, falecido em abril. E não há um só dia em que deixe de ouvir a pergunta: “Quando vai voltar a fazer novela?”. “Todos os dias alguém me pergunta e eu digo: ‘Vou. Claro! Estou no teatro. Vá ver a peça!’. Eu tenho feito mais teatro e nada de televisão há bastante tempo. E eu não sei dizer o porquê. Não é que eu recusei alguns convites. É que eles ficaram mais raros. E para novela, nunca houve convites”, explica.
A última novela em que atuou foi há doze anos, “A Escrava Isaura”, exibida pela TV Record em 2004. Agora sonha com o dia em que conseguirá voltar a atuar com o namorado Flavio Galvão, como aconteceu na peça “As Pontes de Madison”.
Mais uma vez professor e surfista
Realidade diferente é vivida pelo ator Nuno Leal Maia. Recentemente, ele foi convidado para atuar em “Haja Coração” como par romântico de Francesca (Marisa Orth), mas precisou recusar pois já estava envolvido com as gravações em Itacaré, na Bahia, do seriado “Juacas”, que tem estreia prevista para o início de 2017, no canal Disney XD.
O ator comenta a respeito de seu personagem, que é o protagonista: “Juaca é um surfista que saiu do circuito, porque é velho e o filho morreu. Ele foi se meter no mato. Aí um time de surfe vai disputar uma competição em Itacaré e a neta dele procura-o e, com a presença dela, ele é motivado a ensinar os garotos. Começa assim a se empolgar, volta à ativa e eles conseguem o sucesso”. Já com relação ao clima da produção, garante: “As gravações foram muito legais. Esse empenho que encontro em ‘A Gata Comeu’ foi igual ou maior em ‘Juacas’.
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