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"Queria que ele dominasse a porra toda", diz Serrado sobre Carlos Eduardo

Em "Velho Chico", Carlos Eduardo, Marcelo Serrado, se apresenta à cidade como o novo coronel Saruê - Estevam Avellar/Globo
Em "Velho Chico", Carlos Eduardo, Marcelo Serrado, se apresenta à cidade como o novo coronel Saruê Imagem: Estevam Avellar/Globo

Ana Cora Lima

Do UOL, no Rio

05/09/2016 07h00


Marcelo Serrado sempre soube que Carlos Eduardo era o grande vilão de “Velho Chico”. Ele começaria até meio bobão, meio pau-mandado de Afrânio (Antônio Fagundes), mas aos poucos revelaria todo o seu lado sombrio. Em abril, o ator descreveu o visual de seu personagem para o crítico do UOL Mauricio Stycer, apontando o cabelo e o bigode, como "uma coisa meio Hitler", nos bastidores de gravação na Bahia. As mangas compridas do terno preto – figurino adotado nessa reta final da trama - já foram colocadas de fora, mas o ator adianta que vilania pouca será bobagem para o deputado federal nos próximos capítulos.

“Carlos Eduardo vai aprontar até o final da novela. Começou à sombra do sogro e agora mostrou que é o maior vilão da trama. Matar o Coronel ou alguém dos Sá Ribeiro? Possível. Se antes eu achava que não, agora eu tenho certeza que são enormes as chances (rs). Como também acredito que meu personagem é um sociopata! Esse comportamento tem tudo a ver com a ideia fixa do poder, de ser finalmente o Saruê, título que lhe foi prometido lá atrás pelo Afrânio e agora o deputado está cobrando”, explica Serrado que comemora o papel, um dos papeis mais densos e malvados de sua carreira.

Ao longo dos 30 anos de profissão, o ator admite que fez poucos vilões. O motivo? Nem ele, sabe dizer. “Foram poucos. Menos do que eu gostaria. Quando estava na Record, tive um papel nessa linha da vilania na novela “Vidas Opostas”, de Marcílio Morais, o delegado Dênis Nogueira. Carlos Eduardo foi um grande personagem que eu tive, fora o Clô, de ‘Fina Estampa’, nessa minha volta à Globo. Antagonista é sempre interessante, né? Ele [antagonista] e os personagens engraçados são arquétipos que o público se identifica e vê com um olhar mais apurado”, observa o ator que começou a carreira na emissora carioca, em 1987. Depois de 18 anos, foi para Record, em 2005, e retornou à sua primeira casa justamente para fazer a novela de Aguinaldo Silva, em 2011.

"Eu queria que ele dominasse tudo, que fosse o rei de Grotas de São Francisco".

Sobre o final que deseja para Carlos Eduardo, Serrado não faz média. Nada de redenção e tampouco um final trágico como castigo pelas maldades ao longo da novela de Benedito Ruy Barbosa. "Eu queria que ele dominasse tudo, que fosse o rei de Grotas de São Francisco. Terminasse como dono da porra toda, virasse o coronel poderoso de toda a região", assume as gargalhadas o ator que ainda não tem nas mãos os últimos capítulos. 

"Estamos indo gravar o final da novela na Bahia daqui a uma semana. O Luiz [Fernando Carvalho, o diretor] não fala nada. Não sei mesmo se Carlos Eduardo vai morrer. Espero que não!", brinca o ator que tem ficado um pouco cansado com as cenas que beiram à loucura do deputado nos últimos dias. "Eu não procuro levar muito o personagem para casa. Termina ali no set, eu desligo e acabou, mas dá uma certa exaustãozinha, sim, com tanta entrega, tanta energia. Normal", completa.

"Ele começou a novela vestindo ternos claros, passou para o cinza e agora está praticamente no black. Até brinco que o deputado virou o Darth Vader do Sertão", conta Serrado - Montagem UOL/Reprodução TV Globo - Montagem UOL/Reprodução TV Globo
"Ele começou a novela vestindo ternos claros, passou para o cinza e agora está praticamente no black. Até brinco que o deputado virou o Darth Vader do Sertão", conta Serrado
Imagem: Montagem UOL/Reprodução TV Globo

Marcelo Serrado, que foi alvo de ataques na internet por causa de suas opiniões políticas em maio desse ano, assumiu que precisou mudar sua postura nas redes sociais. "Política é um assunto que me interessa, mas eu prefiro não me expor mais e ficar só de observador. Agora, zero de comentários. Quando você emite uma opinião de qualquer cunho nesse momento, você vai ser patrulhado de um lado ou de outro. Parafraseando o meu amigo Lucio Mauro Filho, que falou isso no Jô e até o Wagner Moura usou a frase: “esses caras que estão aí não merecem que os amigos briguem por causa de política", finaliza o ator.