Precursor de Bob Esponja e Nemo, "Glub Glub" completa 25 anos
Em 1991, um programa da TV Cultura no "fundo do mar" encantou as crianças muito antes de "Bob Esponja", "Procurando Nemo" e outras produções infantis marinhas com "Glub Glub", que completa 25 anos de sua estreia nesta sexta-feira (9). Os peixes da atração, Gisela Arantes e Carlos Mariano, ainda são reconhecidos pelo trabalho, que ficou oito anos no ar.
"Até hoje as pessoas têm um carinho tão grande. Ouço muito que o programa foi referência ou, entre quem tem mais idade, que os filhos cresceram e eu fiz parte da educação deles. Dá muita satisfação ouvir isso. Era um programa do bem, só trazendo valores positivos. A relação entre os peixinhos, as brigas e rixas normais entre irmãos e amigos, um cutucava o outro mas tinha muito amor e amizade entre eles", afirma Gisela Arantes.
"Se estou em um lugar público, conversando com pessoas ou gravando novela, as pessoas me reconhecem o tempo todo. É impressionante e cada vez mais, porque aquela criançada hoje são adultos, e a memória da criança é absurda, te olha e imediatamente lembra. É assustadoramente prazeroso", diz Carlos Mariano, impressionado.
"Glub Glub" teria 60 episódios, mas terminou em 1999 com mais de 600. Em 2006, a TV Rá-Tim-Bum resgatou o programa com edições inéditas. Atualmente, os dois atores mantêm um pouco de "Glub Glub" em seus trabalhos. Gisela Arantes tem uma produtora e toca projetos ligados a água e sustentabilidade. Já Carlos Mariano grava "Carinha de Anjo", próxima novela infantil do SBT.
Atores viravam peixes e confundiam crianças
Em "Glub Glub", Gisela e Carlos apresentavam animações pouco conhecidas de Alemanha, Inglaterra, antiga Tchecoslováquia e até do Brasil. No início, os peixes apenas apresentavam os desenhos, porém com o sucesso ganharam espaço, histórias próprias e personagens como a carangueja Carol, interpretada por Andrea Pozzi (1968-2005).
Para se transformarem em "glubs", os atores vestiam uma roupa verde para sumir no chroma key, que inseria o fundo do mar na tela, e colocavam na cabeça um capacete pesado em formato de peixe. Muitas crianças acreditavam que o programa se passava no fundo do mar.
"Já tive casos de chegar no interior, a criança assistia e alguém falava: 'Ela é a Glub'. Isso causava uma estranheza total, porque 'como você está aqui e na TV?', 'como você é um peixe e é gente?'. Entre crianças rolava direto essa confusão mental", relembra Gisela.
"Era complicado interpretar com aquela cabeça que tirava um pouco a audição. É pesado, dói. Era complexo, não era muito fácil, tinha que ter muita vontade para fazer", ressalta Mariano.
"Glub Glub" quase teve Netuno e peixes de verdade
"Glub Glub" estreou na era de ouro dos programas infantis da Cultura, como "Mundo da Lua" e "X-Tudo". Foi em "Rá-Tim-Bum" (1990) que Carlos Mariano apareceu como peixe pela primeira vez, em uma prévia da atração que estrearia quase dois anos depois.
O projeto inicial do "Glub Glub" tinha atores consagrados, como Marco Ricca, Elias Andreatto e Ariel Moshe. Sérgio Mamberti, que anos depois se consagraria como Dr. Victor de "Castelo Rá-Tim-Bum", seria Netuno, Deus dos Mares na mitologia romana. O programa, entretanto, foi suspenso e remodelado com apenas dois peixes.
"Era muita produção e, para gravar um programa, levava mais de um dia. Seria um trabalho insano. Resolveram parar tudo, dispensaram todo mundo e só eu fui mantido no elenco. Mais para frente abriram teste para a peixinha, quando a Gisela entrou", recorda Mariano.
Além dos atores, os primeiros programas também tiveram a participação de peixes de verdade, ideia que foi descartada nas edições seguintes porque os animais corriam risco de vida, segundo Gisela.
"Tinha um aquário com peixinhos de verdade, eles passavam e interagiam com o cenário virtual. Só que o calor do estúdio era muito cruel para eles. Nós, seres humanos, aguentávamos, mas os coitadinhos, que têm uma vida mais frágil, sofriam bastante. Abolimos os peixinhos porque era prejudicial a eles", conta a atriz.
Abertura "artesanal" virou clássico
"Glub Glub" também ficou marcado pela abertura, com desenho de Flávio Del Carlo (1956-2013) e música de Hélio Ziskind, responsável por outros temas infantis famosos da Cultura, como "X-Tudo" e "Castelo Rá-Tim-Bum". Segundo ele, a criação foi "artesanal".
"Propus brincar com a ideia de que a única coisa cantada seria a palavra 'glub'. Eu e a Ná Ozetti cantamos e o meu filho, Fernando, na época com quatro anos, fez o grito 'Glub Glub'. Tecnicamente falando, não tinha sincronia nem computador. Era feito com VHS sincronizado na mão, então o artesanato foi grande também. A abertura abriu muitas portas, a música ficou muito marcada. foi um ponto de virada em termos de sonoridade, composição. Deu muito certo", comemora.
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