Obra na prainha de Canindé foi entregue sem placas e equipamento de resgate
A prainha de Canindé de São Francisco (SE), onde o ator Domingos Montagner morreu afogado nessa quinta-feira (15) passou por obras este ano e foi reinaugurada mesmo sem ter estrutura pronta.
O UOL visitou o local do acidente nesta sexta-feira, e não encontrou nenhuma placa alertando para o risco de mergulho. Também não havia boias de demarcação nem salva-vidas.
Segundo o secretário de Turismo, Cultura, Esportes e Comunicação de Canindé do São Francisco, Dimas Roque, os salva-vidas, as placas e os demais equipamentos foram retirados do local no início do ano por conta das obras e, apesar de "concluída" e com livre acesso de turistas e moradores, não foi oficialmente repassada ao município.
"Lá existiam placas, salva-vidas, tudo, mas foi retirado por conta disso. Só poderíamos fazer algum ação lá quanto tivéssemos essa entrega oficial, o que não ocorreu ainda pelo Estado. Quando ocorrer, colocaremos tudo novamente, como era antes", disse.
Ele confirmou que houve atraso no pagamento de salva-vidas, mas garantiu que eles só deixaram de atuar este ano, e não há dois anos como foi denunciado ao UOL. O secretário disse desconhecer ações na justiça cobrando salários atrasados, e garantiu que todos já foram quitados.
Obra incompleta
A obra da prainha teve início no começo de 2016 para ações de saneamento, construção de pátio, estacionamento, prédio de apoio ao turista, 14 quiosques e um restaurante. O custo foi de R$ 6,6 milhões, segundo o governo do Estado. O projeto foi entregue à administração do município no dia 19 de agosto. O termo, assinado pelo prefeito, determina que, a partir da entrega, "a responsabilidade pela gestão, zelo e manutenção" é do município
A inauguração aconteceu no dia 30 de julho (às vésperas do início da campanha eleitoral) com festa e cerimônia com a presença de autoridades. Porém, nenhum equipamento funciona ainda e não existe qualquer estrutura de resgate.
A obra teve conclusão apenas da parte física, retirando os tapumes que isolavam a área do público. Com isso, o acesso ficou liberado, mas sem qualquer orientação ao turista ou apoio em caso de acidentes.
Hoje, os prédios e quiosques estão fechados. As placas e boias de demarcação do local para banho também não foram expostas.
Segundo o secretário, tudo depende da cessão da área ao município. "Recebemos até uma recomendação do MPF [Ministério Público Federal] para que não entregássemos os quiosques ou fizéssemos nada até que a cessão da área ocorresse. Como gestor, não podemos atuar em um local que não é de nossa propriedade. Ali ainda é área da União", afirmou.
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