Topo

Playboy irresponsável em "Justiça", ator espera que Téo pague pelo que fez

Pedro Nercessian interpreta o playboy Téo em "Justiça"  - Divulgação/TV Globo
Pedro Nercessian interpreta o playboy Téo em "Justiça" Imagem: Divulgação/TV Globo

Natália Guaratto

Do UOL, em São Paulo

23/09/2016 07h00

A quarta trama de “Justiça” chega ao fim nesta sexta-feira (23), e a expectativa é uma só: que o político Antenor (Antonio Calloni) e seu filho, o playboy irresponsável Téo (Pedro Nercessian), se deem muito mal. “Eu espero a mesma coisa que o público. Espero que o Téo pague pelas coisas que fez”, diz Nercessian em entrevista ao UOL.

Aos 30 anos, Nercessian, que é sobrinho do ator Stepan Nercessian, está de volta a uma produção da Globo. Ele começou a carreira em “O Clone” e “Malhação”, atuou em novelas e minisséries da Record e também foi participante do reality “Aprendiz Celebridades”. Fora da emissora desde 2012, quando atuou no seriado “As Cariocas”, ele foi convidado para viver Téo depois de trabalhar com a autora Manuela Dias no filme “Canastra Suja”, ainda sem data de estreia definida.

“Foi um desafio grande viver o Téo em ‘Justiça’. Fui para Recife antes das gravações justamente para conhecer a cidade. O Téo poderia nascer em qualquer cidade do Brasil, mas eu precisava conhecer Recife antes e descobri que é uma cidade partida. É uma cidade que ainda sofre muito com políticos que usurpam, que acham que podem fazer tudo. Essa briga entre ricos e pobres, entre uma classe política que quer usurpar o direito do povo e o próprio povo foi o que mais me inspirou para o Téo”, conta o ator, nascido no Rio de Janeiro.

Em “Justiça”, Téo é o filho de Antenor, empresário e candidato a governador que atropela Beatriz (Marjorie Estiano) e foge sem prestar socorro. A atitude acaba gerando o ódio do marido dela, Maurício (Cauã Reymond), que depois de passar sete anos na cadeia por praticar eutanásia na mulher, parte em busca de vingança. Herdeiro do mau caráter do pai, Téo também comete crimes, como divulgar na internet um vídeo íntimo de uma colega de faculdade.

Justiça  - Divulgação/TV Globo  - Divulgação/TV Globo
Téo (Pedro Nercessian) ao lado de Vanessa (Giovana Echeverria), garota que teve um vídeo íntimo vazado, em cena de "Justiça"
Imagem: Divulgação/TV Globo

"Fui muito xingado, fiquei até meio mal"

Nercessian diz que sempre tenta defender seus personagens e que o grande problema de Téo é a falta de referências. “Ele não tem muita noção das coisas. Eu, Pedro, só tenho noção de que não posso fazer certas coisas porque meu pai me deu limites. O Téo não teve pai, o pai estava ausente, é um louco que acha que pode resolver tudo com dinheiro. E não teve mãe, a mãe morreu aos cinco anos. Não vou dizer que ele é uma vítima, eu tento ver ele de outra maneira. Realmente, a referência dos pais é muito importante. Essa carência de valores vitais foi o que determinou ele ser do jeito que é”, explica.

Assim como outros atores que interpretaram criminosos em “Justiça”, como Jesuíta Barbosa, o Vicente, e Pedro Wagner, o Osvaldo, Nercessian se assustou com os comentários sobre seu personagem. “A internet é aquela terra de ninguém em que as pessoas falam mesmo. Fui muito xingado, fiquei até meio mal. Sempre que aparecia uma arma ou alguém morrendo, eles falavam que o Téo podia ir junto”, lembra.

Para o ator, a reação do público é compreensível. “É notável que as pessoas se identifiquem porque a gente está falando de coisas que estão acontecendo. Não só na minha história, na história do estupro, o conflito entre vizinhos, a relação do Vicente com a Isabela, que é de machismo, nem sempre termina em morte, mas sempre termina em agressão. No Brasil, agressão a mulher acontece a cada dois minutos. Eu fiquei feliz em poder retratar essas questões na televisão”, afirma.

Apesar da torcida para que Téo seja punido, Nercessian diz que também percebeu o impacto de “Justiça” de maneira positiva. “Uma menina me parou na rua para dizer que tinha tido um vídeo íntimo vazado na internet. Antes disso, uma outra amiga falou que uma amiga dela precisou sair da cidade onde morava por uma caso parecido. É uma coisa muito mais presente do que eu pensava e que a gente não vê tendo punição”, afirma.