Sindicato diz que SBT trata jornalismo como "atividade marginal"
O Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo divulgou nota na tarde desta sexta-feira (14), na qual reprova a atitude de Silvio Santos e do SBT ao substituir profissionais por um garoto de 18 anos como âncora do telejornal "Primeiro Impacto".
No comunicado, divulgado em seu site e nas redes sociais, o sindicato diz que "vários profissionais procuraram a instituição manifestando a sua indignação" e afirma que o episódio "comprova, mais uma vez, que o jornalismo é visto como uma atividade marginal na emissora do sr. Sílvio Santos". (Leia o comunicado na íntegra abaixo).
Na última quarta-feira, telespectadores tiveram uma surpresa ao sintonizar o telejornal "Primeiro Impacto". Em vez das âncoras habituais, depararam-se com a apresentação feita por um jovem desconhecido e hiperativo, de aparência "almofadinha", autodenominado Dudu Camargo.
Muita gente achou que era uma "pegadinha" do dono do SBT para o Dia das Crianças, mas não.
Dudu, 18 anos, veio para ficar e, até segunda ordem, com sua chegada as jornalistas Karyn Bravo e Joyce Ribeiro serão transferidas para outra produção jornalística da casa.
Comunicado do Sindicato
"O Sindicato dos Jornalista Profissionais no Estado de São Paulo, com o apoio da Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj, vem a público protestar contra a alteração ocorrida no telejornal Primeiro Impacto do SBT – Sistema Brasileiro de Televisão que afastou as jornalistas Karyn Bravo e Joyce Ribeiro.
No feriado de quarta-feira, 12 de outubro, quando também se comemorou o Dia da Criança, a direção do SBT afastou da bancada do telejornal as duas jornalistas e as substituiu por Eduardo Camargo.
O “âncora”, de apenas 18 anos, atuava no programa Fofocando interpretando a personagem ‘Homem do Saco”, um comentarista que não mostrava o rosto, o qual permanecia encoberto por um saco de papel. Em seu currículo também consta a participação na novela Revelação e no programa Domingo Legal, no quadro "Lendas Urbanas".
Vários jornalistas procuraram o Sindicato manifestando sua indignação. O protesto não se dá apenas pelo fato de a direção substituir duas experientes profissionais por uma única pessoa, o que tem se mostrado uma política usual das emissoras, fato que vem precarizando cada vez mais a profissão.
Tampouco o protesto se deu pelo fato de o novo apresentador não ser jornalista profissional. Prática que se tornou possível uma vez que a decisão desastrosa do ministro do STF, Gilmar Mendes, considerou a necessidade de formação específica em jornalismo desnecessária para o exercício profissional. Tal decisão abriu virtualmente as portas da profissão para qualquer pessoa.
O que torna esta alteração ainda mais desastrosa para a profissão é que ela comprova, mais uma vez, que o jornalismo é visto como uma atividade marginal na emissora do sr. Sílvio Santos.
Tratar o jornalismo como entretenimento e não informação criteriosa é um desserviço ao cidadão, um ataque à qualidade da informação e, mesmo, uma afronta à Constituição que estabelece como princípios que os meios de comunicação devem zelar pela sua função social e dar “preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas”.
As profissionais, que apresentavam o noticiário não foram demitidas, mas estão afastadas da função.
Casos como este demonstram o quanto é necessária a união dos jornalistas em defesa da profissão e da qualidade do trabalho jornalístico."
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