Chico Buarque estuda retirar música de abertura do "Roda Viva"
A participação de Michel Temer no "Roda Viva", da TV Cultura, na última segunda-feira (14), causou revolta entre críticos ao presidente e deixou "desconfortável" o dono da trilha de abertura que dá nome ao programa, Chico Buarque. O cantor apoia o movimento lançado nesta semana pelo site "Jornalistas Livres" contra o uso da música na atração.
"Chico tem simpatia pela campanha, mas ele deu autorização para o uso da canção no programa e vale o que está escrito", informou a assessoria de imprensa do cantor, que afirmou estar estudando se o documento que libera o uso da canção lançada em 1967 para o programa de entrevistas da Cultura tem prazo de validade.
"É possível que não [tenha] prazo pré-determinado, Chico vai esperar que a produção do programa peça a renovação e aí vai pensar o que fazer", disse a assessoria. O músico, afirma a mensagem, está desconfortável com o uso da música no "Roda Viva".
"Que ele tem um certo desconforto de ver a música dele em um programa que, nas últimas edições e já há algum tempo, é bastante diferente e desvirtuado do programa original, ele sente."
Temer foi entrevistado no Palácio da Alvorada por Willian Corrêa (coordenador geral de jornalismo da Cultura), João Caminoto (diretor de jornalismo do Grupo Estado), Sérgio Dávila (editor executivo da "Folha de S.Paulo"), Eliane Cantanhêde (colunista de "O Estado de S. Paulo") e Ricardo Noblat (colunista de "O Globo"). Na internet, surgiram memes ironizando a entrevista, que teria adotado um tom ameno com o presidente.
A TV Cultura informa que não foi procurada por Chico Buarque para discutir o uso de "Roda Viva" no programa de entrevistas.
Chico liberou "Roda Viva" em 2008
"Roda Viva" estreou em setembro de 1986. Desde fevereiro de 2008, a trilha de abertura é a música homônima de Chico Buarque, que liberou o uso da canção a Fernando Faro, morto em abril deste ano e na época coordenador do Núcleo de Música da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura.
A música foi composta para a peça "Roda Viva", também de Chico Buarque, atacada pelo CCC (Comando de Caça aos Comunistas) em julho de 1968, em São Paulo. Em seguida, o espetáculo foi censurado.
Em março deste ano, Chico desautorizou o uso de suas canções para a peça "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos", após um episódio em que o diretor Claudio Botelho chamou a então presidente Dilma Rousseff de "ladra" e ouviu do público "Não vai ter golpe".
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