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"JN" é criticado após reportagem com familiares de vítimas de tragédia

"Jornal Nacional" é criticado após reportagem dentro de ônibus com familiares de vítimas da Chapecoense - Reprodução/TV Globo
"Jornal Nacional" é criticado após reportagem dentro de ônibus com familiares de vítimas da Chapecoense Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

03/12/2016 23h35

O "Jornal Nacional" recebeu críticas nas redes sociais depois de exibir uma reportagem na noite deste sábado (3) na qual entrevista familiares das vítimas do acidente com o avião da Chapecoense dentro de um ônibus, a caminho do aeroporto --onde receberiam os corpos--, e depois em direção ao velório, no estádio.

Na ocasião, a repórter Kíria Meurer, da RBS TV, afiliada da Globo em Santa Catarina, explicou que iria embarcar no ônibus junto com parentes e amigos, e que faria a filmagem dentro do veículo com o seu próprio celular.

"Eu consegui um lugarzinho aqui no ônibus, vou acompanhar esses familiares. A partir daqui, a nossa câmera, com o nosso cinegrafista, não pode gravar. Então vou gravando com o meu celular", disse ela.

A jornalista entrevistou e filmou algumas pessoas chorando dentro (e fora) do veículo durante todo o trajeto, e também numa área reservada no local do velório.

Em um determinado momento, Kíria se aproximou de uma mulher e perguntou. "Você é parente de quem?", quis saber. "Eu sou a esposa do fisioterapeuta, Rafael Gobbato". A repórter, então, disse. "Finalmente, então, acabou a espera". A entrevistada rapidamente devolveu. "Não, o pior vem agora."

Nas redes sociais, a matéria de quase seis minutos feita por Kíria Meurer dividiu opiniões: enquanto alguns classificaram como "desnecessária", "invasiva" e "sensacionalista", outros avaliaram que Kíria não passou dos limites e que estava apenas cumprindo o seu papel como jornalista.

"Gravar as famílias indo para o enterro de seus familiares é algo que não precisava, esse momento de dor merecia respeito", afirmou um internauta. "Achei desrespeitoso o 'Jornal Nacional' mostrando a dor dos familiares no momento tão íntimo. Como no ônibus e naquela área reservada [dentro do estádio]", disse um outro tuíteiro.

"Não vi problema nenhum, a repórter estava apenas cumprindo o seu papel", contestou um terceiro internauta. "Se os familiares estivessem se sentindo incomodados, com certeza não teria aceitado que ela os gravassem", avaliou um novo seguidor.

O acidente com o avião da Chapecoense deixou 71 mortos e seis pessoas sobreviventes, entre eles os jogadores Alan Ruschel, Follmann e Neto e o jornalista Rafael Henzel.

Além da equipe e da delegação da Chapecoense, morreram ainda parte da tripulação e outros 20 profissionais de imprensa (produtores, cinegrafistas, repórteres, narradores e comentaristas), de vários veículos, (como Globo, FOX Sports e RBS TV).