Preconceito contra gays influenciou escolha de SP como locação de "Sense8"
A Parada Gay de São Paulo foi o pano de fundo de uma das gravações da segunda temporada de "Sense8", da Netflix. Mas o evento não foi escolhido pela diretora Lana Wachowski apenas por ser o maior do tipo no mundo, mas também pelo fato de o Brasil ainda registrar altas taxas de violência contra a população LGBT.
A revelação foi feita por Miguel Angel Silvestre, o Lito da série, durante a CCXP (Comic Con Experience) neste domingo (4).
Seu personagem é o principal da sequência na parada. Nela, Lito, um galã de novelas mexicanas, se assume como homossexual publicamente e beija o namorado, Hernando (o ex-RBD Alfonso Herrera).
"Lana me disse que queria fazer essa cena do Lito se assumindo na parada gay. E ela disse que queria fazer em São Paulo, porque é a maior do mundo e porque é um país em que os gays ainda sofrem muito preconceito", disse Miguel.
O ator ainda contou que um parente gay, a quem considera "um herói", sofreu preconceito na Espanha e afirmou saber que a repressão governamental não acontece mais lá, mas permanece forte aqui no Brasil.
O resultado da gravação deixou Miguel emocionado: "Enquanto eu fazia o discurso, as pessoas reagiram com tanto amor, tanta empatia, que nunca vou esquecer".
E fora das câmeras o elenco também teve bons momentos na capital paulista. "Nós tivemos a maior festa que já vi na vida. Bebi tequila, tive um dia de sonho", contou Miguel. Brian J Smith, o Will, também aproveitou bastante: "Levei uma semana para me recuperar de São Paulo. Me diverti muito".
Atualidade
Os atores acreditam que a série reflete bastante a realidade. "Enquanto filmávamos nos EUA, apareceu esse cara nas primárias republicanas, chamado Donald Trump, que achávamos que era uma piada. Mas acabamos de filmar e ele foi eleito. Era como se Lana soubesse que ia acontecer e estivesse se opondo a isso. Vocês vão perceber quando verem", afirmou Brian.
"Quando as Wachowskis fizeram 'Matrix', também pensavam no futuro", analisou Miguel. "Provavelmente, 'Sense8' fala do que acontece hoje em vários países. Há muita violência contra os LGBTs e a Lana quer mostrar que todos nós somos iguais, somos vulneráveis da mesma forma".
Tina Desai, a Kala, notou que a série tem uma mensagem poderosa. "Você resiste a algo com qual você não está familiarizado. Mas se você se abrir e entender nossas semelhanças e similaridades, vamos nos entende melhor".
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