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Artesãos pernambucanos reclamam de Tião desmerecer obras em "A Lei do Amor"

Tião (José Mayer) destrói obras de arte do ateliê em "A Lei do Amor" - Reprodução/GShow
Tião (José Mayer) destrói obras de arte do ateliê em "A Lei do Amor" Imagem: Reprodução/GShow

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

05/12/2016 12h39

A cena em que Tião (José Mayer) destrói o ateliê de Helô (Claudia Abreu) em "A Lei do Amor", exibida na última quarta-feira (30), deu o que falar entre alguns artesãos pernambucanos. A sequência trazia o vilão, completamente fora de controle, quebrando várias obras de arte e expulsando Yara (Emanuelle Araújo). Mas foram as palavras proferidas pelo banqueiro que magoaram Mestre Zuza, autor de algumas peças mostradas na novela.

"Eu vi a cena e fiquei chateado. Foi uma cena chocante, que chamou atenção de todo mundo que gosta de novela. O problema não foi quebrar, mas a palavras ditas pelo personagem de José Mayer. Quem escreveu foi infeliz nesse momento. Ele dizia que aquilo era barro, que não era obra de arte, era lama, lixo. Isso denigre a imagem dos artistas pernambucanos", afirma o artista, ao UOL.

Segundo Mestre Zuza, ao levantar a polêmica em seu perfil no Facebook, algumas pessoas minimizaram o episódio. "Alguns disseram: 'Foi só uma cena de novela, foi só um personagem. Sim, mas ele disse que aquela obra de arte era lixo. Colegas se constrangeram. Não tenho nenhum interesse em aparecer, apenas defendi o nome dos artistas pernambucanos. Barro quando é trabalhado numa escultura é arte. Ele poderia destruir o ateliê com raiva de Helô, mas precisa dizer que é lama?", argumenta. 

O ceramista Mano de Baé também ficou magoado com o teor das falas de Tião. "A Globo comprou algumas esculturas minhas na Fenearte (feira de artesanato de Pernambuco) e assinei um documento de direito de imagem para que as peças decorassem a casa da Helô. Eu não sabia que a peça ia ser quebrada, mas quem compra pode fazer uso da obra. Uma coisa que marcou foi quando o personagem falou que era lixo. As pessoas não estão preparadas para entender a ficção. No geral, foi um susto. Foi muito forte", diz o artista.

Já Mestre Heleno dos Bonecos não se incomodou de ver obras suas e dos colegas na sequência. "Vi quando ele pegou uma peça de Joaquim (artesão de Pernambuco) e a estourou no chão. Mas para mim não tem problema nenhum, está tudo bem. Não tenho nada contra", afirma.

A Globo se manifestou sobre a cena por meio de nota, afirmando que apenas réplicas foram destruídas na cena e que não houve intenção de ofender os artistas.

"A galeria de Helô é formada por peças de artistas de todo Brasil, sendo alguns reconhecidos mundialmente e outros que nunca expuseram. É uma valorização da arte o destaque dado para este cenário em cenas da protagonista. Para a realização das cenas citadas, foram confeccionadas réplicas das obras. Além disso, a cena de ontem mostra que Tião, claramente um vilão, quer atingir a ex-esposa, indo até sua galeria, num ataque de fúria, destruindo tudo a sua frente. A cena não foi uma crítica à arte nem aos artistas, foi um ato em que um homem inescrupuloso está fora de controle, com muita raiva de sua ex-mulher", afirma o comunicado.