Topo

"Jovem Cauã" de "Dois Irmãos" tem sex appeal e carisma, diz diretor

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

07/12/2016 05h00

Quem vê de relance garante estar diante de um Cauã Reymond mais jovem. Foi graças à semelhança, aliás, que Matheus Abreu fará sua estreia na televisão, na minissérie "Dois Irmãos", como a versão mais jovem dos gêmeos Omar e Yaqub (interpretados também por Enrico e Lorenzo Rocha na primeira fase), a partir de 9 de janeiro na Globo.

Mas o jovem nascido em Ouro Branco, Minas Gerais, há 19 anos, não acha que tenha tanta coisa assim em comum com o galã.

"O pessoal já falava. Mas eu mesmo não me acho tão parecido. Quando olho no espelho não vejo tanta semelhança assim. Mas Cauã é um grande ator, é uma honra ser comparado a ele", diz ele, que surge em cena com cabelos cacheados tais como os de Maumau de "Malhação".

Encontrado graças a uma intensa pesquisa da equipe do produtor de elenco Luiz Antônio da Rocha, Matheus é uma aposta do diretor Luiz Fernando Carvalho, que afirma gostar de ser surpreendido por novos talentos.

"Matheus vai virar uma carniça no mercado", brinca o diretor. "É excepcional o trabalho dele. Vocês vão ver um jovem ator com uma qualidade de transformação incrível, de sensibilidade, de carisma, de sex appeal, de beleza, de verdade cênica... Ele é um jovem ator que está fora do eixo Rio-São Paulo. Dá para projetar o quanto de gente boa espalhada por esse Brasil que está excluída", analisa.

O próprio teste para os papéis já aconteceu de forma peculiar, como acontece durante toda a fase de preparação conduzida pelo diretor, dentro de um galpão no terreno dos Estúdios Globo, no Rio.

"Na verdade não teve um teste comum, de gravar com câmera. Eram dois personagens bem complexos, e o Luiz falou comigo que um texto gravado em frente a uma câmera não seria suficiente para saber se eu daria conta ou não. Então ele pediu para eu ficar uma semana e fiz a preparação com eles [elenco]. Depois é que eles falaram comigo que eu tinha passado", lembra Matheus.

Cursando Artes Cênicas, o jovem já teve algumas experiências no cinema, no filme "O Segredo dos Diamantes", de Helvécio Ratton, e uma participação em "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", de Daniel Ribeiro. Mas afirma que a estreia na TV traz expectativa.

"É diferente e estou bem ansioso, a gente viu quase nada. Foi bem desafiador porque os personagens são bem diferentes. Então para ter esse clique rápido, principalmente na hora que tinha que trocar de roupa, colocar cicatriz e gravar como o outro em seguida, foi um desafio grande", conta.

Como divide os personagens com três outros atores, Matheus ressalta que o processo foi uma criação coletiva.

"Foi muito massa porque a gente estava o dia inteiro juntos e a gente criava muito juntos. No galpão, dava para ver o que cada um fazia, um trejeito, um jeito de andar", recorda ele, que diz ter recorrido ao romance de Milton Hatoum, adaptado para a TV por Maria Camargo, algumas vezes durante o processo.

"Para mim o Omar é fogo, é explosão, é Dionísio. Yaqub é racional, é cabeça, é pé no chão, é terra", define.

Até cena de nudez estava no script, tarefa que ele cumpriu com um certo nervosismo. "Dá um friozinho na barriga. Mas foi", diz ele, aos risos.

Dono de um "senso crítico cruel" consigo mesmo, como diz, Matheus afirma que gostou do que viu até agora, mas sempre acha que dá para melhorar. A parceria com o diretor, inclusive, foi um grande incentivo nesse caminho.

"Luiz é um mago, essa é a melhor definição. O jeito com que ele conduz as coisas te faz acreditar e querer demonstrar mais", diz.