Criador do Miss Bumbum terá reality e diz: "Torno qualquer uma celebridade"
Gisele Alquas
Do UOL, em São Paulo
08/12/2016 07h00
Do Miss Bumbum a Andressa Urach, de Sabrina Boing Boing a Peladona de Congonhas. São tantas referências conhecidas que Cacau Oliver, nome por trás destas e outras várias subcelebridades, ganhou seu próprio reality show, que estreia em 2017 no canal E! Entertainment. “O Criador de Celebridades” vai mostrar o dia a dia do assessor de imprensa que mais "fabrica" famosas no Brasil.
“O que traz dinheiro é sucesso, não fama. Transformo qualquer pessoa em celebridade. Com o projeto certo, tudo pode acontecer. Mas tem que ter um produto bom. Se a pessoa me procura e tem uma história boa, então eu vou torná-la famosa", garante. Em treze episódios de quarenta minutos de duração, o espectador saberá, por exemplo, o que mulheres com corpos esculpidos em academia são capazes de fazer para sair em sites de celebridades.
Era junho de 2012 quando redações de veículos de comunicação foram bombardeadas com e-mails da agência AgNews com fotos de Jéssica Lopes, até então desconhecida, trocando de roupa dentro de um carro no estacionamento do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Bastou para ganhar o apelido de Peladona de Congonhas, posar nua e fazer dezenas de ensaios sensuais.
Cacau garante que não houve armação. “Contra fotos não há argumentos. A Jéssica saiu umas dez vezes na revista ‘Veja’ e em todos sites. Ela estava lá, tinha um fotógrafo, trocou de roupa no carro e foi clicada porque ele quis. Não foi armação, aconteceu", dispara ele, por telefone, do México, onde acompanhava justamente a Peladona de Congonhas para um ensaio que estamparia a capa da "Playboy" do país.
Urach: case de sucesso Um ano depois do surgimento de Jéssica, foi a vez da modelo Andressa Urach estampar sites ao declarar que teve sua fantasia furtada horas antes de entrar no Anhembi durante os desfiles das escolas de samba de São Paulo. Em meio ao tumulto, a modelo foi expulsa e Cacau, agredido. Nasceu aí um dos maiores "cases" de sucesso do assessor de imprensa.
Antes, Urach havia participado do concurso Miss Bumbum 2012. Ficou em segundo lugar, mas foi notícia mais do que qualquer vencedora das edições anteriores. “A Andressa é uma pessoa superdeterminada no que ela faz, correta, honesta, e sabe o que quer. Quando ela participou de ‘A Fazenda’ foi menosprezada por expor a vida”, conta Oliver sobre a ex-cliente.
Urach ultrapassou fronteiras. Conquistou fama internacional ao divulgar que fez sexo com o craque do Real Madri Cristiano Ronaldo em 2013, na Espanha. O jogador negou e, na época, a modelo foi acusada de inventar o caso para aparecer. “As pessoas me perguntam até hoje: 'Você que armou a história da Andressa com o Cristiano Ronaldo?’ Nossa, eu teria que ser muito poderoso para criar isso. Aqui é assim: se você não é uma global e não está em uma novela, você é oportunista”, justifica o assessor.
Depois de entrar em coma e ficar curada por conta de uma inflamação provocada por injetar hidrogel na perna, Urach lançou biografia, revelou que foi garota de programa e se converteu a uma igreja evangélica. Oliver e a modelo encerraram a parceria de sucesso, mas ele diz que a amizade continua. “Fiquei superfeliz por ela e pelo filho. A gente se fala, nenhuma assessoria é para sempre. Estamos resolvidos com isso.”
O assessor também se orgulha de ter "descoberto" aspirantes à fama como Joana Machado, que ganhou “A Fazenda 4”, a DJ e modelo Sabrina Boing Boing e as inúmeras Miss Bumbum, que saem do concurso direto para capas de revistas masculinas. Foi ele também quem emplacou Thammy Miranda na capa da revista "Sexy" em 2001, quando a então filha de Gretchen tinha 18 anos e ainda não havia se submetido à transição de gênero.
O maranhense Ivo Oliveira, que trocou o nome pelo apelido e reduziu o sobrenome para Oliver (pronuncia-se "Óliver"), tem 37 anos. Começou a estudar contabilidade em São Luís, se mudou para Brasília e iniciou a faculdade de turismo, mas largou tudo para cursar jornalismo em São Paulo. Seu primeiro emprego foi em uma agência de modelos que prestava serviços para o SBT e as contratava para a lendária “Banheira do Gugu”. Ele ganhava R$ 400 por mês.
Celeiro de subcelebridades Há seis anos consecutivos, mulheres de 18 a 39 anos de diferentes estados e classes sociais disputam o mesmo título: ser a dona do bumbum mais bonito do país. Entre as concorrentes, há filha de médico, ex-mulher de jogador de futebol, filha de político e parentes de artistas. Nesta batalha para alcançar a fama, elas começam investindo R$ 10 mil na inscrição, correm atrás de votos para se classificar entre as 15 finalistas. Além do dinheiro das inscrições, Oliver diz investir verba do próprio bolso para organizar o Miss Bumbum que, segundo ele, custa R$ 400 mil por edição.
A guerra de egos e medidas entre as candidatas é grande. E já teve quem tentou fraudar o resultado. “Já me ofereceram até R$ 500 mil. Mas não vale a pena. O concuso é sucesso mundial e tem credibilidade. Eu investi muito nesse nome, vejo como uma empresa. Estou no mercado há 16 anos. A Suzy Cortez [Miss Bumbum 2015] fez 56 capas de revista no mundo todo. É um concurso que abre portas”, justifica.
Mas não é só para posar nua e sair em sites de celebridades que as moças o procuram. O assessor lembra que foi abordado por uma moça que tinha o sonho de fazer merchandising no “Domingão do Faustão”. “Falei para ela: “Ok, vamos lá’ e conseguimos. Ela fez 'merchan' de carro no programa. E teve moças que chegaram dizendo que estavam grávidas de famosos e queriam que eu divulgasse, para depois pedir DNA na TV. Acontece de tudo, amiga”, conta.
O inventor de celebridades também tem seus momentos de fã. Durante uma viagem a Miami, ele conta ter ficado quatro horas esperando para ver de perto a socialite Kim Kardashian. "Fiquei esperando ela chegar para tirar uma foto, mas não consegui. Eu adoro a Kim. Ela é das novas celebridades que veio mostrar para todo mundo que o "trash" de hoje pode ser o cool de amanhã."
Oliver vê diferenças entre o mundo de celebridades no Brasil e nos Estados Unidos, onde Kim e sua família ficaram famosas internacionalmente após exporem suas vidas num reality show. "No Brasil, as pessoas veem uma revista de alguma moça desconhecida nua e a taxam de piranha e puta. Se a pessoa não é estrela, ela vai ser julgada por aquilo. Lá fora não tem isso. Muita gente ama as Kardashian e muitas que me procuram querem ser a Kim, Sabrina Sato e Juju Salimeni. Mas não é bem assim, né? Tem que ter algum brilho”, desdenha.
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