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Fora da TV, atriz Nadia Lippi diz que meio artístico é "muito injusto"

A atriz Nadia Lippi em "Pai Herói" (1979) e atualmente - Montagem/UOL
A atriz Nadia Lippi em "Pai Herói" (1979) e atualmente Imagem: Montagem/UOL

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

13/12/2016 07h00

Nadia Lippi era na década de 70 o que Bruna Marquezine e Marina Ruy Barbosa são hoje. Vivia o auge da fama emendando novelas, filmes e capas de revista. Em 1979, interpretou Aline em "Pai Herói", atualmente no canal pago Viva. As primeiras cenas da enfermeira irão ao ar nesta quarta (14). Após mais de 30 anos sem papel de destaque na TV, a atriz comemora sua volta em uma reprise.

"Acho o máximo. É a primeira novela que fiz que reprisam. Foi uma história linda. Ninguém sabe com quem eu fico. Eram três, o playboy, o irmão padre e o foragido da polícia, Osmar Prado. Jorge Fernando e Fernando Eiras eram irmãos, antagônicos, aí colocaram um presidiário no meio", relembra, com bom humor, Nadia Lippi ao UOL.

Fernando Eiras e Nadia Lippi em "Pai Herói" (1979) - Reprodução/Facebook/Nadia Lippi - Reprodução/Facebook/Nadia Lippi
Fernando Eiras e Nadia Lippi em "Pai Herói" (1979)
Imagem: Reprodução/Facebook/Nadia Lippi
Em "Pai Herói", a personagem de Nadia Lippi fez sucesso pelo quarteto amoroso em que ela se envolveu, com Jorge Fernando, interpretando o bon vivant Cirilo, Fernando Eiras, que fazia o padre Romão, e Osmar Prado, o presidiário Pepo. "As pessoas torciam muito para eu ficar com o padre. Seria o mais transgressor. No final, ela dá a entender que vai ficar com o Osmar. Era um elenco incrível".

A atriz recebeu o convite no decorrer da novela, enquanto ainda atuava em "Pecado Rasgado", sua estreia na Globo: "Fiquei assustada de emendar uma na outra, mas o [Roberto] Talma [diretor de 'Pai Herói'] falava: 'Confia em mim'. O Talma era uma pessoa muito especial, confiava muito nele. Foi um dos meus mentores na Globo".

Da fama ao anonimato: "Escolhi uma vida"

Antes de "Pai Herói", Nadia Lippi fazia sucesso em novelas da extinta Tupi e filmes como "Ninguém Segura Essas Mulheres", pornochanchada bancada por Silvio Santos na única empreitada cinematográfica do apresentador. Após a novela, ela protagonizou "As Três Marias" (1980) com Gloria Pires e Maitê Proença, atuou em mais novelas e séries e posou nua para a Playboy pela segunda vez.

O casamento com um executivo, porém, fez a atriz trocar o sucesso e a fama pelo anonimato de uma vida com outros prazeres. "Minha saída foi uma escolha de vida. Escolhi uma outra vida. Já viajei muito, estava casada com outra pessoa que não é desse meio e escolhi viver a vida dessa pessoa", explica Nadia, que fez participações em "Brida" (1998), na Manchete, e "Prova de Amor" (2005), seu último trabalho, na Record, mas há 35 anos não tem papel de destaque em novelas.

A atriz conta que não recebeu convites para voltar à TV ("Nem procurei, estou bem comigo") e fica feliz quando é reconhecida nas ruas: "Tem horas que esqueço que fui atriz. Quando estou na fila para entrar no avião, tem gente que fala 'Oi, Nadia', aí me dou conta. As pessoas não me esquecem, acho isso lindo. Não é um vidão? Acho que tive um vidão. Trabalhei com o que queria, viajei para onde queria, fui feliz como queria. Sou abençoada por natureza".

Nádia Lippi visita a filha, Thalita Lippi, nos estúdios de "Guerra dos Sexos" - TvV Globo/Divulgação - TvV Globo/Divulgação
Nadia Lippi com a filha, Thalita Lippi
Imagem: TvV Globo/Divulgação
Atualmente, Nadia Lippi é engajada na causa animal (tem cinco cães adotados e sonha transformar ônibus em clínicas para cuidar de cachorros abandonados) e se derrete pelos dois filhos, Rodrigo e Thalita. A mais velha é ex-BBB e atriz, porém seu trabalho mais recente na TV foi há quatro anos, em "Guerra dos Sexos". A mãe lamenta o mercado saturado por quem quer ser apenas famoso.

"Tem tanta gente boa parada e hoje em dia a televisão é uma fábrica de novas caras. É um mercado muito saturado para tanta gente que quer ser artista. Tem muita gente que quer ser celebridade. Não julgo ninguém, mas hoje em dia todo mundo quer ser modelo, atriz. No meu tempo não era assim. Meio artístico é muito injusto no Brasil, não para mim, mas para a geração da minha filha. Queria que tivesse trabalho para todo mundo", opina.