Beijo do Gordo! Apresentadores falam de lacuna com fim do "Programa do Jô"
O "beijo do gordo", agora, será definitivo -- ou pelo menos até que dure o suspense sobre o novo projeto do apresentador na televisão. Jô Soares se despede de seu programa na TV Globo nesta sexta-feira (16), dezesseis anos após estrear a atração que leva seu nome nas madrugadas da emissora.
Não é simplesmente o fim de um programa, mas o encerramento de um ciclo na carreira daquele que é o principal representante do gênero talk e late show no Brasil. Fábio Porchat, que inaugurou o seu próprio programa neste ano pela Record TV, lembra da ousadia do apresentador, então famoso como humorista, que saiu da Globo para se arriscar no SBT no final da década de 80. Na emissora de Silvio Santos, se consagrou com o "Jô Soares Onze e Meia" antes de, anos mais tarde, levar o mesmo formato para a Globo.
"Há um tempo atrás, não existia outro além do Jô. Ele desbravou esse mar. Tanto que para ter o talk show dele, ele teve que sair da Globo. Ele já estava consolidado e foi embora para poder fazer seu late show. Se hoje as pessoas já falam 'caramba, saiu da Globo!', imagina naquela época. Ele saiu da Globo e foi para o SBT fazer um produto que ninguém conhecia. É um cara que teve uma coragem, um pioneirismo, que é para sempre. Ele abriu as portas do late show no Brasil", diz ele.
Danilo Gentili, que também trilhou o mesmo caminho que Jô e hoje comanda seu talk show no SBT, também elogia a coragem do então humorista em inaugurar o gênero no país. "Ele foi o responsável por apresentar o formato para uma geração de brasileiros."
"Se meu entrevistado não render, eu estou perdida! O Jô, não. Se [o entrevistado] não render, ele preenche o programa com aquele talento, que vai fazer uma falta louca na nova cena de comunicação"
Marília Gabriela
No topo da cultura
Versátil, perspicaz e sutil são algumas das características atribuídas a Jô Soares pelos seus colegas. Sua trajetória de vanguarda, em que o humor sempre teve lugar, é motivo de "inspiração" para alguns reconhecidos comunicadores da TV brasileira. Marcelo Tas ressalta que ele "abriu novas avenidas artísticas" e diz por que admira o apresentador.
"Ele me inspira com sua inquietude e ousadia. É um cara que leva originalidade para tudo que faz, além de ser imbatível na elegância. Todos nós comunicadores temos muito a aprender com ele", diz.
Marília Gabriela o descreve como um showman e afirma qual é o maior legado de Jô Soares: "A cultura e a educação fazem o melhor. Ele me parece ser o legítimo representante dessa ideia. A graciosidade e o senso de humor resultam dessa imensa educação e cultura que este homem tem".
Gabi, que já teve mais de uma oportunidade de entrevistar e ser entrevistada por ele, diz que Jô sabe como segurar o programa independentemente de quem esteja em seu famoso sofá.
"Quisera eu ter tempo para alcançar esse topo de cultura e conhecimento que é o Jô. Fazemos coisas tão diferentes... Se meu entrevistado não render, eu estou perdida! O Jô, não. Se [o entrevistado] não render, ele preenche o programa com aquele talento, que vai fazer uma falta louca na nova cena de comunicação", avalia.
"Não renegou humor"
Jô Soares é a maior referência para a nova geração de apresentadores de talk shows, como Fabio Porchat. O humorista do Porta dos Fundos conta que se orgulha do ídolo.
"Ele está no meu DNA. Eu passei a vida vendo Jô Soares, desde que me entendo por gente. Sempre dou uma zapeada para ver o que está passando no 'Programa do Jô'. O que me deixa mais orgulhoso é que um comediante conseguiu ganhar respeitabilidade, credibilidade e virar referência. É uma coisa muito difícil. As pessoas tendem a não levar a sério o comediante. E o Jô nunca escondeu esse lado dele. Ele continuou fazendo piada. É um cara que não renegou o humor", diz.
"É um buraco que não será nunca preenchido. O Jô é tão incrível que precisou de três pessoas para pegar esse bastão, eu, o [Marcelo] Adnet e o Danilo [Gentili] - e agora o [Pedro] Bial"
Fábio Porchat
A TV sem o "Programa do Jô"
A lacuna após o fim do "Programa do Jô", acredita Porchat, nunca será preenchida da mesma forma.
"O Jô é tão incrível que precisou de três pessoas para pegar esse bastão, eu, o [Marcelo] Adnet e o Danilo [Gentili] - e agora o [Pedro] Bial", diz.
O momento, afirma Tas, é de transformação na programação de canais da TV aberta na faixa da madrugada. E o último "beijo do gordo" pode dar forma a algo novo:
"Pode ser uma boa oportunidade para o exercício da criatividade e de se correr riscos. A TV vive um momento perfeito para ser reinventada em vários sentidos, formatos e conteúdos".
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