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Eterna Penélope do "Castelo" ilude mulheres com "personal crush" em série

Augusto Madeira e Ângela Dippe vivem Hugo e Glória, dupla que engana mulheres em "O Home da Sua Vida", série da HBO   - Divulgação/HBO
Augusto Madeira e Ângela Dippe vivem Hugo e Glória, dupla que engana mulheres em "O Home da Sua Vida", série da HBO Imagem: Divulgação/HBO

Natália Guaratto

Do UOL, em São Paulo

23/01/2017 04h00

Fofa e sempre disposta a ajudar os amigos, a jornalista Penélope era uma das personagens mais queridas do "Castelo Rá-Tim-Bum". Não é à toa que o papel, um dos primeiros da carreira de Angela Dippe na TV, ainda rende frutos mais de 20 anos depois. Por ser fã do infantil da TV Cultura, o diretor Daniel Rezende resolveu convidar a atriz para a série "O Homem da Sua Vida". Na atração exibida pela HBO, ela vive uma enganadora de mulheres profissional, a inescrupulosa Glória.

Dona de uma agência de encontros pré Happn e Tinder, Glória promete encontrar a alma gêmea de mulheres independentes, maduras, bem-sucedidas e dispostas a pagar por isso. O problema é que o príncipe é sempre o mesmo e não vem num cavalo branco. Vivido pelo ator Augusto Madeira, Hugo é uma espécie de "personal crush" e se adapta aos gostos das pretendentes.

Para a interessada em psicanálise, ele lê Lacan. Se é esportista, ele encarna o jogador de tênis. Mas assim que as conquista, e Glória recebe o dinheiro pelos serviços prestados, o conto de fadas sobe no telhado, e Hugo desaparece. "Ele tem que seduzir no primeiro encontro e depois fazer com que elas não gostem mais dele", resume Dippe em entrevista ao UOL.

Ângela Dippe vive Glória na série "O Homem da Sua Vida", exibida às terças-feiras, às 18h, na HBO  - Divulgação/HBO  - Divulgação/HBO
Ângela Dippe vive Glória na série "O Homem da Sua Vida", exibida às terças-feiras, às 18h, na HBO
Imagem: Divulgação/HBO
Aos 55 anos, a atriz diz que reconhece o drama das solteiras da série em mulheres reais. "A minha geração ainda tem o lance de querer encontrar o príncipe encantado. São pessoas que ainda viram um pai e uma mãe juntos a vida inteira. Minha mãe só conheceu um homem na vida dela, por exemplo. Acho que a maioria das mulheres ainda tem essa coisa de achar o cara ideal. No primeiro episódio, o Hugo fala um pouco isso, que você não vai encontrar tudo em um homem só. Que enquanto você ficar atrás de um príncipe encantado você não vai achar nada", diz. 

"Acham que a mulher de 50 anos acabou"

Após ter se casado três vezes, Dippe admite que ela mesma ainda não desistiu de achar um companheiro. "Por ter sido casada tanto tempo, eu era careta e depois fui 'desencaretando'", diz ela sobre as mulheres acima dos 50 anos continuarem se relacionando. "Tem outra coisa também. Às vezes as pessoas acham que a mulher de 50 anos acabou, não tem mais vida sexual. Muita gente acha que as mulheres depois dos 50 não transam mais. Isso acontece, sim, mas não é o meu caso", ri. 

Adaptação de uma série argentina criada por Juan José Campanella, diretor vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010 por "O Segredo dos Seus Olhos", "O Homem da Sua Vida" tem uma história "que todos vão se identificar," garante Dippe.

"Não sei o que as pessoas procuram em uma série. Mas não tem sexo rasgado, não tem violência rasgada, não tem crimes. É uma comédia romântica. Tem as mulheres super sozinhas, as super loucas, a que tem um problema físico, a mística. Tem um episódio com uma mulher de 70 anos, tem para todo mundo", resume.

"Já pensei que não ia ter mais trabalho para mim"

Penélope  - Reprodução/TV Cultura - Reprodução/TV Cultura
Ângela Dippe como a repórter Penélope, do "Castelo Rá-Tim-Bum"
Imagem: Reprodução/TV Cultura
Além de "O Homem da Sua Vida", Dippe também está na novela infantil "Carinha de Anjo". Na trama ela vive Rosana, a "mãe descolada" de Juju (Maísa Silva). A atriz diz que passar dos 50 anos e estar em boa forma ajuda, mas que nem isso garante os bons papéis na indústria do entretenimento. 

"Acho a carreira de atriz muito difícil, muito instável. Para uma estrela, uma diva, como a Susana Vieira que está sempre na Globo, tem contrato, é estável. Não estou reclamando porque sempre estou trabalhando, mas tem momentos que você fica sem perspectiva, Ano passado eu acabei uma peça de teatro com a Glória Menezes e não tinha nada em vista. Cheguei a falar: 'acabou a minha carreira'. Pensei que não ia ter mais trabalho para mim", diz.

Eterna Penélope, Dippe conta que quase diariamente ainda recebe mensagens carinhosas dos fãs de "Castelo Rá-Tim-Bum". "O engraçado é que eu não era tão reconhecida nas ruas na época. Acho que por causa do figurino e da voz. Mas as crianças cresceram, hoje estão com 25, 30 anos. Acho que por conta da mídia social, eles ficam sabendo mais que eu era a Penélope. Hoje eu tenho muito mais feedback, gente que diz que virou jornalista por causa da Penélope. Eu adoro isso. Tenho maior orgulho", conclui.