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De produção complexa, "Tá no Ar" reestreia com quase 500 novos esquetes

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

24/01/2017 04h00

Um trocadilho com uma letra – ou uma piada "cretina", como brincaram os roteiristas nos bastidores – envolveu uma equipe de 65 pessoas e resultou em uma jornada de mais de duas horas no estúdio para a gravação de apenas um dos quase 500 esquetes produzidos (cerca de 40 por episódio) para a quarta temporada do "Tá no Ar", que estreia nesta terça-feira (24), após o "Big Brother Brasil".

A nova leva de episódios demandou uma média de 800 figurinos para os 11 atores, que se desdobram em um sem-número de personagens. Nada menos que 95 cenários foram montados desta vez, além das gravações em 24 locações externas, como o campo de futebol do São Cristóvão, a praia da Macumba e uma mansão no Alto da Boa Vista. Tudo para virar cenas de alguns segundos no ar.

"'Tá no Ar' é o programa mais complexo que eu já fiz. É muito difícil de criação, porque fala sobre universo da televisão, são muitas cenas... E é difícil de realização também", afirma Marcius Melhem, criador do humorístico junto com Marcelo Adnet e o diretor Maurício Farias.

Equipe de "Tá no Ar" lança quarta temporada do humorístico - Caiuá Franco/TV Globo - Caiuá Franco/TV Globo
Equipe de "Tá no Ar" lança quarta temporada do humorístico
Imagem: Caiuá Franco/TV Globo

O UOL acompanhou parte das gravações do programa, há duas semanas, nos Estúdios Globo. Numa das sequências, mais simples, Adnet, devidamente caracterizado, dublava Caetano Veloso em um cenário todo preto diante de uma grua. A seguinte deu muito mais trabalho: a conversa inocente de Verônica Debom e Renata Gaspar num sofá logo deu lugar a um show do Abba, com direito a piano e globo espelhado no teto.

Até o primeiro take valer, Renata anda até o móvel uma dezena de vezes para marcar o enquadramento de câmera. A produção disfarça um rasgo na parte de trás do sofá com tinta spray e uma luminária, derrubada algumas vezes no corre-corre, termina intacta. Simulando beber um suco na hora do valendo, a atriz gargalha: "Babei".

"Está estranha, amiga. Aconteceu alguma coisa?", pergunta Verônica. "É que eu fiquei menstruada e não tenho absorvente", responde a colega, com cara triste. É a deixa para a tal piada infame: "Eu tenho um. Você quer com aba ou sem aba?". O que o telespectador vai ver magicamente cortado para um show do grupo sueco exigiu o desmonte de uma estante (decorada com fotos tiradas da internet, como atores de "Velho Chico") e a rearrumação de boa parte do set para entrada dos instrumentos.

"Chama o Abba!", diz o diretor para a equipe, referindo-se a Melhem, Georgiana Góes, Luana Martau e Maurício Rizzo. Enquanto isso, Renata e Verônica dançavam ao som do playback de "Dancing Queen" para a câmera várias vezes, em meio a crises de riso e algumas desajeitadas na peruca.

Antes do show começar, a produção junta os cacos de algumas lâmpadas quebradas na arrumação. Georgiana e Luana, que disfarça a barriga de grávida com um figurino mais largo, ensaiam repetidamente a coreografia. Rizzo, músico de verdade, treina ao piano, e Melhem acerta com o diretor .

"Fazemos cerca de 40 esquetes por episódio, de estilos diferentes, respeitando os gêneros da TV, com um grau enorme de aprofundamento e pesquisa, de recriação daqueles universos, da forma mais arrojada que a gente consegue. Às vezes, assistindo ao programa, a gente se surpreende com o que a gente produz", conta Farias.

Com participações de peso como Claudia Raia, Sandy, Lulu Santos, Angélica e Rodrigo Lombardi, o humorístico volta com quadros novos, como "Escolinha Bíblica", e crítica afiada, também voltada para o cenário político.