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Casagrande admite "gostar de drogas" e cita Baby do Brasil em recuperação

Do UOL, em São Paulo

27/01/2017 11h03

O ex-jogador de futebol e comentarista da Globo Walter Casagrande Jr. falou na manhã desta sexta-feira (27) sobre a dificuldade para se livrar do vício em drogas e o apoio que teve da família num momento difícil de sua vida. Ele contou ainda que o namoro com Baby do Brasil foi um ponto positivo na ajuda em seu processo constante de recuperação.

Casagrande começou a usar "um baseadinho quando tinha 19 anos", mas o "uso de droga problemático, doentio, veio bem depois". Ele foi internado à força por um dos filhos em uma clínica de reabilitação em 2008 e saiu um ano depois.

"O dependente químico jamais vai assumir que é dependente, até porque você se envolve com a droga numa força tão grande, mas, na sua cabeça, você diz 'eu paro quando eu quiser, quem está no comando sou eu'. Na verdade, não é você que está usando a droga, é a droga que está usando você. No meu caso, eu estava numa situação muito crítica, aguda e, num período muito próximo da morte, eu sofri um acidente. E aí minha família viu a situação em que eu estava --eu estava isolado da família, eu não via os meus filhos--, eles me internaram. Nos primeiros 4 meses é de negação. (...) Eu usava droga injetável, cocaína", relatou Casagrande durante o "Encontro com Fátima Bernardes".

"Faz 10 anos que tento, bato cabeça e tento encontrar o caminho para sair disso. [Hoje] eu consigo ir ao teatro, cinema, eu consigo chegar inteiro para fazer um jogo. Eu me sinto bem orgulhoso", disse.

O ex-jogador afirmou ser completamente contrário a campanhas do tipo "não use drogas", e explicou o motivo. "A sociedade ainda não é muito esclarecida sobre o problema. Ela não sabe o que é dependência química, não se tem noção aonde a droga pode chegar, causar danos à pessoa. E eu, assim, não acho certo fazer campanhas do tipo 'não use drogas', 'combate às drogas', porque ninguém se vicia em coisa ruim. Eu sou um dependente químico, que vivo em recuperação, mas eu me viciei em uma coisa que eu adoro. Eu gosto de drogas. Num determinado período, eu curti aquilo, eu me diverti, foi legal, só que é um processo que avança, que você perde o controle", avaliou.

Casagrande contou ainda que o novo namoro com a cantora Baby do Brasil foi um ponto positivo na ajuda com a sua recuperação. "A segurança que eu tenho do lado dela, é completa. Ela tem uma escolha espiritual que a levou a entender a vida de forma diferente. Mas é um entendimento dela, eu tenho outro. Ela está fazendo uma excursão agora, mesmo à distância ela me coloca em uma situação segura. Tem a presença dela ao meu lado", afirmou.

Casagrande citou ainda o vício do amigo Sócrates. "Quando aconteceu uma coisa drástica com ele, já era o fim. Na época do falecimento dele, eu estava chegando ao entendimento completo da doença. Quando eu fui visitá-lo, fui o primeiro a chegar quando ele estava mal. Não me deixaram entrar e no outro dia eu cheguei e ele falou para mim que estava pronto para outra. Naquele momento eu fiquei chocado porque ele não tinha o entendimento que eu estava tendo. Quando ele fala para mim “dessa vez não fui, estou pronto para outra”, ele não entendeu. Ele não poderia sair e tomar um vinho, uma cerveja''.

O comentarista da Globo retornou à televisão com o apoio de Galvão Bueno durante a cobertura da Copa do Mundo de 2010. Em entrevistas, o ex-jogador admitiu que a sua luta contra as drogas é constante para não sofrer uma recaída.