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"Qualquer censura é preocupante", diz Serrado sobre polêmica das marchinhas

Marcelo Serrado opina sobre polêmica das marchinhas - Reprodução/TV Globo
Marcelo Serrado opina sobre polêmica das marchinhas Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

02/02/2017 12h27

Marcelo Serrado, um dos principais atores na dramaturgia da Globo, entrou na discussão em torno das letras de marchinhas supostamente preconceituosas e classificou a polêmica como "desnecessária".

A menos de um mês da folia, algumas marchinhas clássicas, com versos considerados preconceituosos, foram parar na berlinda em alguns blocos de Carnaval, como A Espetacular Charanga do França, em São Paulo, que cortou "O Teu Cabelo Não Nega", por conta de frases como 'Mas como a cor não pega, mulata / Mulata eu quero teu amor".

Na opinião do ator, qualquer tipo de censura é preocupante, principalmente nesse momento delicado pelo qual o Brasil passa.

"Eu acho que Carnaval é um momento de distração, de extravasar. Acho que essa polêmica para o Carnaval é desnecessária", disse Serrado durante debate promovido pelo programa "Encontro com Fátima Bernardes", da Globo, nesta quinta-feira (2). "Eu acho que qualquer tipo de censura, policiamento, nesse momento do nosso país, é um pouco preocupante. É um momento de diversão, de esquecermos os problemas que temos em nossas vidas. Então, qualquer coisa que me lembre policiamento me dá um certo nervoso", completou o ator.

"Eu concordo com o Marcelo, acho que Carnaval é um momento de descontração, de se divertir, e acho que essa coisa de letra é muito complicada. Procede essa questão [a polêmica sobre preconceito], mas muitas vezes a pessoa não conhece o autor da letra e interpreta [a música] de uma forma errada (...) e acho que preconceito está em que ouve", observou o sertanejo Daniel.

Depois de ouvir atentamente às palavras de Serrado e Daniel, a jornalista Maíra Azevedo, que ficou conhecida por publicar vídeos no YouTube com conteúdo feminista, afirmou que eram "dois homens brancos" opinando e defendeu o seu ponto de vista.

"A gente precisa levar em consideração que são dois homens brancos falando isso, e é diferente quando eu, uma mulher negra, ouve. Então, o que ao ouvido de um parece bobagem, ao ouvido da outra pessoa é doloroso demais. Ao ouvir o trecho da letra 'Mas como a cor não pega, mulata', eu que sou negra me arrepio toda", rebateu.

Em contato com UOL, o compositor João Roberto Kelly , autor de hits da folia como "Maria Sapatão" e "Cabeleira do Zezé", duas das músicas alvos da discussão, disse que não deu importância à polêmica, que considera um exagero.

"Os blocos evidentemente vão tocar. Isso é uma bobagem. Eu não tenho nada contra e respeito todo mundo que possa criticar, minha vida é pautada por respeitar todo mundo. Mas são músicas com mais de 50 anos, consagradas pelo povo. Ninguém fez nada com intenção de ofender. Carnaval é uma grande brincadeira, a gente se fantasia de mulher, goza do careca, do barrigudo... Dentro desse contexto nada pode ser ofensivo", defendeu ele, que, por sua vez, critica letras com palavrões e incitação a drogas e violência.