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Netflix e Amazon estimulam demanda imobiliária em Los Angeles

Os atores Kevin Spacey e Robin Wright em cena da série "House of Cards", do Netflix - Divulgação/Netflix
Os atores Kevin Spacey e Robin Wright em cena da série "House of Cards", do Netflix Imagem: Divulgação/Netflix

Bloomberg

14/02/2017 14h59

Netflix, o serviço de streaming que abriga o seriado político, alugou no mês passado um edifício comercial de cinco andares inteiro em Hollywood, menos de três meses após ter assinado um acordo de uma década por palcos adjacentes e escritórios de produção, o que leva seu espaço total no complexo da Sunset Bronson Studios a 46.500 metros quadrados --mais ou menos o tamanho de cinco lojas Wal-Mart.

O aumento do público de televisão on-line está provocando uma onda de grandes transações imobiliárias, porque empresas como Netflix, Amazon e Google estão arrebatando espaços para lidar com demandas de produção maiores. A quantidade de espaço comercial ocupada pela indústria do entretenimento no Condado de Los Angeles atingiu o pico desta década, com inquilinos do setor de mídia em mais de 2 milhões de metros quadrados, em comparação com 277.780 metros quadrados há cinco anos, de acordo com a corretora CBRE Group. O espaço que as empresas de streaming alugam evoluiu de pequenos escritórios há alguns anos para as gigantescas instalações de produção normalmente associadas aos estúdios tradicionais de Hollywood.

"Essa espécie de boom em torno desses mercados ocorreu especificamente nos meios digitais e na convergência entre o mundo do entretenimento e o mundo da tecnologia", disse Victor Coleman, CEO da Hudson Pacific Properties, que tem sede em Los Angeles e aluga o Sunset Bronson Studios para a Netflix.

A disparada dos aluguéis para companhias de entretenimento se estende do centro de Los Angeles e Hollywood até Playa Vista, que costumava ser uma faixa pantanosa entre o Aeroporto Internacional de Los Angeles e Venice e que ficou conhecida como "Praia do Silício" por causa da chegada das companhias de mídia e startups digitais. O crescimento da indústria do entretenimento ajudou o mercado de imóveis comerciais, que estava abalado por anos de êxodo de usuários tradicionais do espaço corporativo, como a operadora hoteleira Hilton Worldwide Holdings e a fornecedora de equipamentos de defesa Northrop Grumman, que se mudaram para a Virginia.

"O que está acontecendo em Los Angeles agora é muito parecido com o que vimos há vários anos, quando as empresas de cabo estavam crescendo rapidamente", disse Jeff Pion, vice-presidente do conselho da CBRE, que tem sede em Los Angeles. O aumento da demanda por conteúdo digital, e a produção adicional que ele traz, é um espelho da época em que as assinaturas de TV a cabo dispararam e novos canais ofereceram mais opções aos telespectadores, disse ele.

A demanda por espaço está se fortalecendo pelo sucesso comercial e de crítica dos serviços de streaming. Netflix conquistou o recorde de 7,05 milhões de clientes novos no quarto trimestre, superando as expectativas dos analistas para o crescimento nos EUA e internacional para coroar o primeiro ano da companhia como um serviço global de TV on-line. Seu programa "House of Cards", indicado ao Emmy de melhor seriado de drama no ano passado, voltará para sua quinta temporada em maio. A Amazon, por sua vez, fez história no mês passado ao se tornar o primeiro serviço de vídeo on-line a receber uma indicação ao Oscar de melhor filme, por "Manchester à beira-mar", que conquistou ao todo seis indicações ao Oscar.