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"Nos chamavam de terroristas", diz jornalista da Record preso na Venezuela

Leandro Stoliar - Reprodução
Leandro Stoliar Imagem: Reprodução

Do UOL, no Rio

14/02/2017 18h34

Grato pelo apoio e por estar vivo. Foi dessa forma que Leandro Stoliar, um dos jornalistas da Record preso na Venezuela, iniciou o texto publicado em seu Facebook, nesta terça-feira (14), antes de começar a narrar os momentos de terror vivido no país.

"Foram mais de 30 horas de cárcere privado. Sem comunicação. Sofremos constrangimento, porque nos chamavam de terroristas. Cárcere privado, porque até para ir ao banheiro havia um policial armado do lado. Me senti um criminoso por fazer o meu trabalho com ética, seriedade e responsabilidade", desabafou.

Leandro contou que os policiais do serviço de inteligência queriam entrar nos quartos durante a noite e eles não sabiam o que poderia acontecer.

"Os advogados dos direitos humanos da Venezuela estavam lá para tentar nos proteger contra os excessos de arbitrariedade. Confesso que sem eles o final teria sido diferente. Ninguém dormiu. A polícia política venezuelana está acima da lei e prende quem quiser. Basta que suspeitem de você. Até jornalistas no exercício da profissão", completou.

Os jornalistas da RecordTV Leandro Stoliar e Gilson Souza, presos na Venezuela enquanto investigavam denúncias de suborno por parte da construtora Odebrecht no país, chegaram ao Brasil nesta segunda-feira (13).

Segundo comunicado emitido pela Record, os profissionais ficaram sob custódia dos policiais e militares do SEBIN (Serviço Bolivariano de Inteligência da Venezuela) por 36 horas e tiveram equipamentos, câmera, computadores e celulares confiscados.

"Não fomos agredidos fisicamente, mas temíamos o pior. Fomos expulsos do país por tentar mostrar a verdade sobre a corrupção que destrói a vida de um povo ainda reprimido pela ditadura. Tentaram nos intimidar porque fomos atrás da verdade. Foram gastos milhões de dólares do Brasil em obras no exterior que nunca aconteceram. É fato. Eu estava lá. Por isso levaram nossa câmera, celulares, computador. Fomos ameacados de nunca mais voltar pra casa", disse Stoliar.

"Mas não é a primeira vez e nem será a última. Porque 'jornalismo é tudo aquilo que de alguma maneira afeta a vida de alguém. Todo o resto é publicidade'. Eu sei que estão me investigando agora. Então saibam que enquanto houver jornalistas como eu, que amam seu povo e seu país, esse tipo de reação só vai servir como incentivo. Porque jornalista vai atrás da notícia. Sempre foi assim. E sempre será", concluiu.