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Tony Ramos diz que conversou com Deus para viver homem diabólico em série

Tony Ramos vive o empresário milionário Abel Zebu em "Vade Retro", que estreia dia 13 de abril na Globo - Divulgação/TVGlobo
Tony Ramos vive o empresário milionário Abel Zebu em "Vade Retro", que estreia dia 13 de abril na Globo Imagem: Divulgação/TVGlobo

Natália Guaratto

Do UOL, em São Paulo

05/04/2017 04h00

Tony Ramos é um homem religioso. E para viver um diabólico milionário em “Vade Retro”, série da TV Globo que estreia no dia 20 de abril, o ator entrou em contato com ideias opostas às quais acredita.

“Eu falei de coisas desconfortáveis para pessoas que são muito religiosas, mas falei com a maior convicção, conversando com o meu Deus, dizendo: ‘Aqui não vai a voz de um crente", diz o ator em entrevista ao UOL. Para ele, a cena em que seu personagem discute com o padre interpretado por Pascoal da Conceição ficou marcada. "Foi praticamente uma guerra surda entre uma entidade oficial que é a igreja e a minha, do personagem, que representa somente os próprios interesses".

Escrita por Fernanda Young e Alexandre Machado, dupla por trás de “Os Normais”, “Vade Retro” vai contar em 12 episódios a história de Abel Zebu (Tony Ramos) e Celeste (Mônica Iozzi). Ela, uma advogada certinha entediada com a própria vida correta demais. Ele, um empresário disposto a vários tipos de manipulações para conseguir o que quer.

"O diabo existe na sua atitude"

Vade Retro - Divulgação/TVGlobo/Ramón Vasconcelos - Divulgação/TVGlobo/Ramón Vasconcelos
Monica Iozzi e Tony Ramos são Celeste e Abel Zebu na série "Vade Retro", da Globo
Imagem: Divulgação/TVGlobo/Ramón Vasconcelos
Dirigida por Mauro Mendonça Filho, a produção mistura comédia com suspense e há indícios de que o personagem de Tony seja o próprio diabo, mas quando questionado sobre o assunto, o ator desconversa.

“O que é a encarnação do próprio demônio? Eu não tenho medo de nada e eu não acredito nisso. O diabo existe na sua atitude. Ele existe no seu comportamento. Ele existe na sua honestidade e desonestidade. Ele existe no seu preconceito. Ele está presente naquilo tudo que fere a individualidade de terceiros”, afirma.

Católico praticante e que "adora o rito da Igreja”, Tony Ramos explica que aceitou interpretar Abel, um homem de convicções religiosas tão diferentes das suas, por causa da inteligência do texto de Young e Machado.

"Esse convite nasceu no meio de "A Regra do Jogo". Eu disse que iria ler os textos, mas que ia demorar para dar a reposta. Não resisti ao primeiro final de semana. Eu li do primeiro ao sexto numa enfiada só", lembra. "Não é aquele texto que você está acostumado. Alexandre Machado e Fernanda Young foram muito felizes nessa obra. Todos nós esperamos ouvir frases inteligentes e bombásticas de todo mundo, enquanto que às vezes uma frase inteligente e bombástica foi pensada para que ela tenha esse efeito e vire manchete. Esse texto não é isso. O texto é sobre o que é o ser humano, sobre o que é essa grande caixinha de surpresas que é o ser humano".

"Ouço falar que a novela vai acabar há 52 anos"

Tony Ramos - Divulgação/TVGlobo  - Divulgação/TVGlobo
Tony Ramos é Abel Zebu, empresário rico e manipulador em "Vade Retro"
Imagem: Divulgação/TVGlobo

Aos 68 anos de idade e 52 anos e meio de carreira, Tony Ramos também é um homem estudioso, especialmente quando o assunto é o seu ofício. Mesmo quando está sem tempo, ele costuma gravar as novelas para ver depois. Também acompanha as séries, apesar de não gostar de maratonas. "Não suporto. Não quero ser escravo de nada", explica.

"Bloodline", "House of Cards" e "Breaking Bad" são suas preferidas. Mas atuar em uma série de TV, formato que cada vez mais ganha espaço na grade da TV Globo, não mudou a opinião do ator quanto a importância da novela na dramaturgia brasileira.

"Eu ouço falar que a novela vai acabar há 52 anos e meio. Sou um homem que gosta de televisão e de novela, que eu amo fazer. A novela é a maior identidade popular que esse país já já teve", afirma. Por outro lado, o ator acredita na convivência pacífica entre todos os formatos.

"Quanto mais HBO, Netflix, GloboPlay e não sei mais quantos virão, melhor. Vamos ter mais trabalho, mais conteúdo a fazer. O problema não é esse. O problema é não termos pressa em analisar televisão sob só um prisma", diz.