Drag superstar, RuPaul vê reality como "revolução" e quer versão no Brasil
Todos os episódios de “RuPaul’s Drag Race” terminam com a mesma mensagem. “Se você não consegue amar a si mesmo, como você acha que vai conseguir amar alguém?”. Aos 56 anos, RuPaul Andre Charles, cantor, ator, modelo, apresentador, produtor, drag queen mais bem-sucedida do mundo e responsável pelo sucesso da atração, leva o mandamento a sério.
“Dou 100% de mim em todo projeto que me envolvo e sempre penso: ‘Isso vai ser a melhor coisa que eu já fiz’”, diz RuPaul em entrevista por telefone ao UOL. “É claro que no showbusiness a maioria dos projetos falha, mas eu sempre penso que vai ser bem recebido e que vai durar para sempre. E o “Ru Paul’s Drag Race” acabou se tornando exatamente isso”.
O que o apresentador diz não é nenhum exagero. O reality show já gravou sua marca na história. Atualmente, está em sua nona temporada. Em 2017, deixou de ser exibido pela Logo TV, canal por assinatura com foco no público LGBT, e agora faz parte da programação do VH1, que pertence a Viacom. O episódio de estreia da nova edição, com Lady Gaga como convidada, marcou o recorde de audiência da atração: 1 milhão de espectadores.
Os números, no entanto, não significam que ser drag queen se tornou algo convencional. “Drag é o oposto de mainstream, porque o mainstream quer te encaixar em um quadrado e quer que você seja para sempre aquela única coisa. Ser drag é ser um modificador, é sobre transformação, é sobre usar todas as cores do arco-íris para se expressar e nunca se apegar a ser só uma coisa”, garante RuPaul.
Apesar de ter se tornado conhecido mundialmente por causa do reality show, RuPaul tem mais de 30 anos de carreira no entretenimento. São 10 discos lançados e mais de 20 participações em filmes. Nascido na Califórnia, ele foi para Nova York no começo dos anos 80, onde começou a trabalhar em boates. Em breve, o início de sua trajetória vai ser recontado em uma série, com produção de ninguém menos que J.J. Abrams (“Star Wars: O Despertar da Força” e “Lost”).
“Não estou nesse negócio para ganhar prêmios”
Em 2016, RuPaul foi homenageado como melhor apresentador de reality show na maior premiação de TV dos Estados Unidos. “O Emmy significou muito para mim porque significou muito para o canal e para a produtora por trás do programa, mas não estou nesse negócio para ganhar prêmios. Eu faço isso porque amo ser criativo, amo drag e amo ser um modelo para os jovens”, afirma.
Ter uma das maiores popstars da atualidade no júri foi outro indício da relevância que o programa conquistou. RuPaul conta que foi a própria Lady Gaga que se ofereceu para participar. “Há quatro ou cinco anos, Gaga me mandou uma mensagem no Twitter dizendo: ‘Por favor, me chame para ser jurada’. Nós tentamos fazer isso acontecer, mas por conta da agenda dela e da nossa demorou”, lembra. Outras famosas estão na mira do apresentador. “Eu convido todo mundo. A cada ano vamos atrás de todos os ídolos que eu tinha admiração durante minha trajetória. Seria ótimo ter a Cher, a Madonna, a Diana Ross, a Grace Jones”, sonha.
Enquanto as famosas não chegam, RuPaul segue conquistando fãs pelo mundo, inclusive no Brasil. A partir do próximo sábado (15), às 23h, o Comedy Central começa a exibir a oitava edição completa. “Ru Paul’s Drag Race” também está disponível (da segunda até a sétima temporadas) no catálogo da Netflix.
"Uma grande revolução"
Para o apresentador, levar a cultura drag para audiências cada vez maiores é o grande propósito de seu trabalho. “Nosso programa permite que histórias sejam contadas e quando uma drag queen conta a sua história para uma audiência de televisão, jovens do mundo inteiro sabem que há uma tribo, que há pessoas no mundo esperando por eles. Jovens que estão nos lugares mais remotos do Brasil podem ver o programa e entender que há um lugar para eles. Essa é uma grande revolução. Quando eu era mais novo, eu achei que estava sozinho. Esse programa criou uma comunidade global”, afirma.
Em nove edições, mais de 90 drag queens já passaram pelo reality show. RuPaul, que é carinhosamente chamado pelas concorrentes de Mama Ru, acredita que a longevidade do “RuPaul’s Drag Race” se deve ao talento delas, que vão além dos desafios malucos e divertidos da competição, expondo suas vidas.
“O segredo do nosso sucesso, e a razão de continuar interessante, tem a ver com as participantes. Elas são sempre jovens e vibrantes. Todas vieram de um passado em que tiveram que ser guerreiras e se mostrarem as melhores naquilo que fazem”, diz. O apresentador mantém contato com as concorrentes e costuma chamá-las para participar de seus outros projetos na música ou na televisão. Várias edições já incluíram drag queens latinas no elenco, mas nenhuma brasileira ainda chegou lá.
“Já recebemos inscrições, mas há muita burocracia para que queens brasileiras possam trabalhar nos Estados Unidos”, lamenta RuPaul, que já visitou o Brasil em duas ocasiões, uma em 1995 e outra em 2006. “Está na hora de voltar, mas estou sempre trabalhando”, lamenta. Ru Paul afirma que “adoraria” ver uma versão brasileira do reality. “Isso seria incrível. Eu iria adorar que uma empresa brasileira adquirisse o formato. Os brasileiros têm uma estética, um gosto diferente de fazer drag queen. Para mim, o coração do brasileiro bate no ritmo do samba, foi o que eu aprendi quando estive aí, e vocês têm um jeito diferente do mundo inteiro de viver a vida”, conclui.
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