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Piovani investe em canal "sem assunto proibido" e defende fim da perfeição

Luana Piovani abre o jogo e fala sobre intimidade no seu canal na internet - Reprodução/youtube - Reprodução/youtube
Luana Piovani abre o jogo e fala sobre intimidade no seu canal na internet
Imagem: Reprodução/youtube

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

20/04/2017 04h00

Não que antes houvesse empecilhos para Luana Piovani, mas há dois meses ela tem dia e horário para dar sua opinião, no canal Luana Sem Freio, no YouTube - que já coleciona cerca de 70 mil inscritos e até um processo

"As pessoas estão muito empolgadas, elas sentem falta de serem representadas. E acho que eu represento muito bem o cidadão, a mulher que quer ser uma superprofissional, supermãe, quer tomar uma cervejinha com os amigos...", diz a atriz, que comenta notícias, fala de temas de comportamento e responde perguntas do público.

"Estou um pouco cansada de mentira, de perfeição. Não suporto mais ver fotos lindas e retocadas e vidas perfeitas. Acho que a gente tem que botar em pauta coisas realmente relevantes e não o look do dia. A gente tem que falar sobre sexo pós-filhos, e não sobre a nova coleção em que cada peça custa R$ 3.000. Não que não possa existir esse espaço, mas eu sinto falta do outro. E o YouTube me deu essa ferramenta", explica.

A ideia do canal foi sugestão do marido, Pedro Scooby. "Ele é dessa geração que tem mais conexão com YouTube do que eu."

Apesar de o objetivo inicial ser descobrir uma nova forma de se comunicar com os fãs, a atriz não descarta que a atividade, tão na moda entre os famosos, possa virar uma fonte de renda.

"Se pagar os custos já é bacana, porque tenho um custo bem alto para o que estou acostumada a fazer. Produzo teatro, trabalho com leis de incentivo, é outra realidade. Mas estou investindo porque acho que é uma plataforma que me traz liberdade", diz ela, que contratou uma produtora profissional para tocar o projeto.

Segundo Luana, o canal ampliou seu alcance, mas não mudou exatamente sua relação com o público. Os "haters", inclusive, que ela conhece de outros Carnavais, continuam lá. "Mas é como se não existissem, não jogo luz para cima deles."

Por meio de uma pesquisa, ela descobriu que 83% da sua audiência é de mulheres das classes A e B. Se os adolescentes são fisgados ela ainda não sabe, mas percebe que atinge uma faixa etária até 35-40 anos.

"Vi que existem muitas pessoas que pensam como eu e fico feliz que a gente esteja se organizando numa tribo. São cabeças pensantes, não simplesmente fãs que idolatram independentemente de qualquer atitude que você tem na vida. Falo para um nicho bem especial e isso me dá muita satisfação. Quando faço teatro infantil, quero formar plateia, quero que as pessoas saibam que é importante pensar no bem comum e se ajudar mutuamente", analisa ela, que curte o canal JoutJout Prazer, de Julia Tolezano.

Sem tabu

As discussões são propostas por quem assiste, o que ela chama de "pauta mandada". "De brincadeira, digo que me sinto meio Lillian Witte Fibe com Martha Medeiros. As pessoas estão querendo trocar experiências porque estão se sentindo muito sozinhas em suas experiências humanas. Então, vejo que é uma coisa meio de autoajuda. Eles querem que eu fale sobre terapia, sexo pós-filhos, ciúmes, ex-namorados, separação. São coisas muito cotidianas e muito comportamentais", diz ela, que garante não ter tabu nesse diálogo.

"Assunto proibido? Nunca teve, agora vai ter? Falo de qualquer coisa que ache relevante. Fica um monte de gente me pedindo para falar sobre o 'Big Brother', mas eu nem sei que versão é essa, não conheço uma pessoa, não sei de nada. No tempo que eu tenho disponível, que é bem pouco, tento assistir a coisas que eu acho que vão agregar", afirma.

Ao falar de assédio, machismo e violência contra a mulher, Luana já recordou a agressão que sofreu do ex, Dado Dolabella, e citou o ator Kadu Moliterno, que pediu na Justiça indenização por danos morais à atriz. Ela diz que "não vale comentar" sobre o processo e explica que não é bem a bandeira do feminismo que ela levanta.

"Acho que é mais feminismo/humanismo, falo sobre questões de direitos humanos, pelo direito a liberdade, saúde, educação, cultura. Eu levanto questões há muito tempo, questiono o sistema e aponto as falhas. Não só critico, como também faço a minha parte. Temos que ter atitude e iniciativa", diz.

Segundo ela, sua vida garante novidades diárias para o canal. Além do marido, dos três filhos, dos dois cachorros e do aquário que tem em casa, ela está bastante ocupada profissionalmente: estreia a peça "E Se Eu Não Te Amar Amanhã?", dia 10 de maio, no Teatro do Leblon, no Rio, e no dia 17 começa a rodar o filme "Amor Sem Fronteiras", de Paula Barreto, para o qual ficou morena.

Em breve lança também o longa-metragem "O Homem Perfeito", de Marcus Baldini, e em 2018 volta às novelas em "O Sétimo Guardião", de Aguinaldo Silva, no horário nobre.

"Gosto de ir variando. Já trabalhei como apresentadora, faço cinema, peça infantil, adulta. Agora é uma boa hora de fazer novela: estou com 40 anos, morando na Barra, meus filhos estão pequenos. É uma época boa para ter uma rotina e estava faltando a televisão", diz.