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Ex-publisher da 'Playboy' nega acusações de modelos: "Não assediei ninguém"

André Sanseverino, vice-presidente da nova "Playboy", exibia com orgulho as edições da revista em seu escritório - Arquivo Pessoal
André Sanseverino, vice-presidente da nova "Playboy", exibia com orgulho as edições da revista em seu escritório Imagem: Arquivo Pessoal

Ana Cora Lima

Do UOL, no Rio

27/04/2017 04h00

Nove modelos acusam o ex-publisher da revista "Playboy" André Sanseverino e seu sócio Marcos Aurélio de Abreu Rodrigues e Silva de assédio sexual. Segundo reportagem do "Fantástico", que revelou o caso no último domingo, eles teriam prometido oportunidades de trabalho durante um evento em Florianópolis, em agosto de 2016. Eles juraram fama e sucesso em troca de fotos nuas e sexo.

O caso culminou com o afastamento de Sanseverino da "Playboy" no Brasil. Atualmente, ele está na casa dos pais, em Maringá, no interior do Paraná.
 
"Não assediei ninguém. Levei um susto quando há uma semana soube da acusação. Não sabia de processo nem fui intimado para depor em delegacia nenhuma. A imprensa que me informou do caso na véspera do feriado de Tiradentes e perdi o chão. O estrago na minha imagem está sendo gigantesco desde que tudo isso veio à tona, mas vou buscar justiça", disse ele, em entrevista exclusiva ao UOL.
 

"Várias moças foram contratadas para trabalharem como 'coelinha' no evento. Conversei com algumas delas e trocamos telefones. Fiz contatos via mensagem em um aplicativo e fiz propostas de trabalho, sim. As pessoas precisam entender que trabalho com nudez, tenho acesso ao material erótico de 27 'Playboys' pelo mundo, recebo mais de 100 fotos por semana de pessoas querendo sair na revista e uma das primeiras perguntas é ‘topa posar nua?’ Falo sempre de nudez", admitiu.

Em dezembro de 2015, depois que a editora Abril deixou de publicar o título no Brasil, Sanseverino, que é fotógrafo de origem, virou sócio da editora PPB Entertainment, que passou a editar a "Playboy", e seu publisher, o principal cargo dentro de uma revista.

Sobre parte das conversas já divulgadas com perguntas de cunho sexual como "você transaria comigo?", Sanseverino é categórico: "Jamais. O que anda sendo divulgado é muito diferente do contexto todo. Elas alegam que eu insistia nas conversas via aplicativo. E em um aplicativo se você continua a conversa é porque quer. Se elas conversaram várias vezes foi porque quiseram e garanto que não foram constrangidas."

Procurado pela reportagem, Marco Aurélio de Abreu Rodrigues e Silva não foi encontrado até o fechamento da matéria.

Indenização milionária

O UOL entrou em contato com o advogado Marcello Lombardi, que representa as nove modelos em Curitiba, e confirmou que o processo já corre na Justiça do Paraná há dois meses.

"Estamos esperando a defesa do acusado tomar ciência do processo para o juiz encaminhá-lo ao Ministério Público e começar a ação criminal contra o André Sanseverino e o Marcos Aurélio de Abreu. Temos provas e testemunhas que presenciaram o assédio. Eles cometeram crime e vão pagar."

Marcello revelou que as nove mulheres entraram em uma ação conjunta e estão pedindo duas indenizações: uma por danos morais e outra por lucros cessantes, valores que elas vão deixar de ganhar em função da repercussão negativa sobre as imagens delas.

"Estamos pedindo 900 mil reais por danos morais, R$ 100 mil para cada, e cerca de R$ 3 milhões, como uma pensão. Cada uma vai receber de R$ 4 mil a R$ 5 mil por mês durante 20 anos pela ausência de possibilidade de continuar trabalhando como modelo. Minhas clientes estão arrasadas", contou.

Tudo indica que os dois sócios da "Playboy" devem receber más notícias em breve. O advogado disse que desde segunda-feira vem recebendo ligações de outras mulheres acusando a dupla de assédio. "Mesmo teor e acusados. Estamos juntando provas de outras vítimas, analisando tudo direitinho e nos próximos dias devo fazer outra denúncia na Delegacia das Mulheres de Curitiba. Vamos ter novos processos."