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Veterano da comédia, Diogo Vilela fala sobre o humor atual e de nova série

Diogo Vilela é Maurício na série "Prata da Casa" Imagem: Divulgação

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

06/05/2017 04h00

Veterano no teatro, na TV e no cinema, e às vésperas de completar 60 anos, Diogo Vilela fala com entusiasmo que passa por uma fase de mudanças. Depois de um ano sabático, lança série num canal fechado, admite que tem adorado ser aluno e se arrisca ao tornar público um ofício que pratica há algum tempo: o de dramaturgo.

Em "Prata da Casa", primeira sitcom da Fox no Brasil, que estreia na próxima quarta-feira (10), o ator dá vida a Maurício, pai do ex-atleta Sérgio Henrique (Rodrigo Pandolfo). Quando o filho se separa e volta a morar com os pais, ele desiste de anunciar que está prestes a se divorciar de Hercília (Françoise Forton) para viver com a amante, Viviane (Flávia Garrafa). Por outro lado, o impasse empata o romance entre a matriarca e o sócio de Maurício, Isidoro (Pedro Paulo Rangel).

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"É uma briga de egos, de masculinidade, de 'coroíce'. Coroa quer muito se afirmar. Eu sei, porque estou virando um coroa", brinca ele, durante entrevista ao UOL.

"Idade é o que mais muda a gente. Deveria sempre ser para melhor, mas nem sempre é. Mas o aprendizado é inesquecível. Se a vida ficasse parada só nos 30, eu acho que ia ficar meio grilado também porque você se questiona muita coisa, abandona, sabe? O que era essencial não é mais, é ótimo. Adoro mudanças que fazem a gente pensar, mesmo sofrendo", diz.

E o que é essencial para Diogo Vilela hoje? Ele não pensa nem dois segundos antes de dizer que é o teatro, essa arte da qual ele se considera "um escravo".

"Se eu não pudesse fazer teatro, eu seria uma pessoa muito infeliz. Fiz muito sucesso na minha carreira, graças a Deus. Vi que o sucesso é um momento que passa. Parei de deixar as coisas superlativas. Estou mais tranquilo. Para mim, foi muito bom desmistificar o sucesso, que é o que todo mundo quer. O que importa é você deixar alguma coisa, fazer arte", opina.

Sérgio Henrique (Rodrigo Pandolfo) e Maurício (Diogo Vilela) em cena da série "Prata da Casa" Imagem: Divulgação

Sobre as peças que escreve (mais de quatro, ele diz), o ator só adianta que tratam de "temas fortes" e que pretende encená-las em breve.

"Estou até com medo. São várias coisas, acho que baixou um espírito. Sempre escrevi, mas não mostrava. Até todo mundo debochava de mim e perguntava: 'E aí, cadê suas peças?'. Queria mostrar algo legal. Comecei a fazer leituras, abrir para as pessoas e começaram a gostar muito. Aí achei legal. Só digo isso: vou fazer."

Diogo diz ter ficado mais recluso desde 2011, após a morte da mãe. Nesse "retiro" dedicou-se à escrita e aos estudos de dramaturgia, além de passar mais tempo com a família.

"Estou fazendo coisas que eu não podia fazer, porque eu estava correndo. Trabalho direto faz tempo, há 30 e tantos anos. Quis pensar em mim, quem sou eu, as coisas que eu fiz. Quis parar de ficar ansioso."

"Fiquei com uma visão mais espiritualista do mundo, comecei a ler Kardec. Mudei tudo! Tomara que reflita nos meus trabalhos", torce.

Com humorísticos consagrados na TV, como "TV Pirata", "Os Normais", "Toma Lá Dá Cá" e "Pé na Cova" no currículo, além de inúmeros papéis em séries e novelas cômicas, Diogo garante que fazer humor não é simples. E o que atraiu em "Prata da Casa" foram as incongruências do personagem.

"Ele tem dúvidas em relação ao amor que ele sente. Está naquela fase de meia-idade quer transar toda hora, essa coisa de quem está em crise. Isso é muito bom de representar", diz. "Sinto que as pessoas gostam de me ver na comédia. Como ator, acho que na comédia eu libero uma coisa que tenho dentro de mim, uma desinibição que eu não tenho. Talvez eu seja comediante por ser tímido. Só agora que eu entendi isso."

Fã de "Homeland" e consumidor voraz do conteúdo da Netflix ("Já vi tudo"), ele aponta o Porta dos Fundos como um destaque no cenário do humor atual.

"Acho que o Porta dos Fundos é o correspondente direto da 'TV Pirata' tem a ver a sintonia. O 'Tá no Ar' tem cenas muito boas e parecidas, acho excelente. Mas tem alguma coisa no Porta que bate mais, a irreverência. Ela tem que vir da natureza da pessoa. Por exemplo, um comediante excelente do momento, o Paulo Gustavo, é irreverente e é um ator moderno. Acho talentosíssimo", analisa.

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