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"É um tipo de talento que não se busca mais", diz Artur Xexéo sobre Hebe

Artur Xexéo no lançamento da biografia "Hebe" em uma livraria do Leblon, zona sul do Rio - Anderson Borde/Ag.News
Artur Xexéo no lançamento da biografia "Hebe" em uma livraria do Leblon, zona sul do Rio Imagem: Anderson Borde/Ag.News

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

11/05/2017 09h12

Hebe Camargo participou da primeira passeata contra o governo do João Goulart, em 1964, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Há registro em foto da saudosa apresentadora ao lado de outras mulheres pedindo "Abaixo João Goulart". Ao ser questionada sobre, ela garantiu que a motivação para o ato não foi nem um pouco política.

"Ela disse que estava saindo do cabeleireiro e viu aquelas mulheres passando, tão felizes e foi atrás. Ela diz que não sabia, não sei se é verdade", conta aos risos o jornalista e escritor Artur Xexéo, que lançou a biografia "Hebe" (editora Record) nesta quarta-feira (10), no Rio.
 
Além de histórias curiosas como está, a carreira de cantora de Hebe ganha destaque no livro - segundo o autor, a parte que ele julgava ser menos conhecida do público. 
 
"Ela era uma mulher muito espontânea, não guardava muitos segredos. Ia para a TV e dividia com os telespectadores as particularidades dela. O medo que eu tinha era de não ter novidade para contar", afirma.
 
"Ela cantava muito Carmen Miranda, tinha uma coisa brejeira. Mas quando ela pôde impor o que ela gostava foi muito bom. Cantou muita bossa nova, Vinicius, Tom Jobim, Baden Powell. Foi produzida pelos melhores produtores de discos do Brasil, e todos se derretem por ela. Porque era uma grande cantora, era afinadíssima, não errava, gravava de primeira", lembra.
 
Parte de uma geração "criada por babá eletrônica", Xexéo diz que a ligação com Hebe remete aos tempos em que assistia à televisão com a avó materna. "No dia do programa da Hebe parava tudo. O que ela fazia era entreter, mesmo na entrevista. Quando ela conseguia uma gargalhada, ela ficava feliz. A pergunta deu certo", conta.
 
Mesmo conhecedor da vida e da obra da artista, o escritor disse que se surpreendeu com algumas descobertas durante a pesquisa.
 
"Eu tinha uma imagem da dondoca, que vai muito ao cabeleireiro, que está sempre renovando o louro do cabelo, as joias... E eu descobri uma mulher muito generosa, solidária, muito amiga das pessoas, que me impressionou muito", afirma.
 
Para o jornalista, não existe substituta para Hebe Camargo hoje em dia. "É um tipo de talento que acho que não se busca mais. Muito versátil, cantora e apresentadora, muito íntima da televisão, muito rainha do auditório. É um tipo de tarefa que não se faz mais", analisa.
 
A noite de autógrafos, numa livraria na zona sul do Rio, reuniu famosos como a autora Maria Adelaide Amaral e os cineastas Zelito Viana e Sandra Kogut. 
 
A atriz Jacqueline Laurence lembrou que Hebe era "uma rainha, uma dama recebendo as pessoas". Amiga da apresentadora, a cantora Rosemary afirmou que a loura era "uma mulher única, sempre de bom humor, do bem".
 
Também esteve presente no lançamento o empresário Cláudio Pessutti, sobrinho de Hebe, que cuidou da carreira artística dela durante anos. Segundo ele, vários outros projetos em homenagem à tia estão em andamento, como uma exposição, que deve ser inaugurada em São Paulo antes de rodar o país, um filme, um documentário, uma minissérie e um musical. 
 
"Uma história como a dela não dá para contar em um livro só. Todos esses projetos serão um complemento", adiantou.