Ingrid Guimarães sobre antagonista de "Novo Mundo": "Tem que ter carisma"
Ingrid Guimarães tem deixado o público de "Novo Mundo" confuso. É que os telespectadores da novela das 18h ora amam, ora odeiam, ora sentem pena de Elvira. Ao mesmo tempo que a atriz portuguesa arranca gargalhadas, é capaz de atitudes imperdoáveis como mentir sobre a paternidade de Quinzinho (Théo Lopes) para afastar Joaquim (Chay Suede) de Anna (Isabelle Drummond).
"Olha que responsa! Tem que ter muito carisma para separar esse casal e não levar tomate na rua", brinca ela, surpresa com a repercussão da personagem.
"Não imaginei que uma novela das seis tivesse tanto apelo nas ruas, eu nunca tinha feito uma. Achei que era um público mais selecionado, de donas de casa... Claro que eu estou bombando com as velhinhas! Toda hora uma me diz que adoro a Elvira, o sotaque... É lúdico. Só minha filha [Clara, 7] que não gosta do sotaque. Ela diz: 'Não aguento quando você fala daquele jeito'", conta, aos risos.
As maldades da mulher de Joaquim, segundo a intérprete, são todas motivadas por amor. "Por isso não acho que ela é uma vilã tradicional, ela não faz essas coisas por interesse, não quer ficar rica ou ter poder. Ela faz por amor àquele homem. Acho genial que essa mulher já foi quase mendiga e a autoestima dela nunca é abalada! Ela se acha linda, famosa, poderosa, a melhor atriz da Europa. Quem me dera ter isso", brinca.
É fato que a parceria de Elvira com Licurgo (Guilherme Piva) e Germana (Vivianne Pasmanter) garante boa parte das risadas da novela. Nos próximos capítulos, até uma poção mágica ela fará para laçar de vez o amado, mas terminará arrebatando, por engano, o coração do dono da taberna.
"Esse núcleo deu muito mais certo do que a gente imaginou. Costumamos dizer que somos o Didi, o Mussum, o Zacarias. Chay é o Dedé, que vem de vez em quando fazer um galã", diz ela. "A gente acha que essa relação vai acabar num ménage."
Apesar de toda a graça, a mãe postiça de Quizinhinho não fica restrita ao núcleo cômico da novela, como em geral acontece. Fato que é comemorado pela intérprete, mas que também dá trabalho.
"Achei que novela fosse supertranquilo. Novela para mim é férias, porque programa a gente mexe no texto, cria junto. Pensei: 'Não tenho nenhuma responsabilidade. Vai chegar o textinho, vou decorar e gravar'. Nada! Como eu passo por todos os núcleos, gravo todos os dias. Estou sempre na casa de alguém. Outro dia fui parar lá na cozinha, com os empregados da corte! Só falta aparecer pelada com os índios, mas não estou podendo."
A última novela de Ingrid foi "Sangue Bom", em 2013, e antes dela vieram alguns papéis discretos em "Mulheres de Areia" (1993), "Por Amor" (1997) e "Kubanacan" (2003). Nome forte do humor, ela construiu sua imagem televisiva em séries e programas de comédia, que também a tornaram célebre no teatro.
"Queria muito voltar para as novelas fazendo uma coisa totalmente diferente, era um desejo muito antigo meu. Inclusive expus isso aqui dentro e me chamaram. Primeiro, é uma trama de época, depois tem o sotaque, que já me leva para outro lugar de interpretação. E humor tem muito a ver com o jeito que você, fala cada um tem sua música. Além disso, é uma personagem absolutamente teatral, um sonho para qualquer atriz de teatro como eu", conta.
Recentemente, ela comemorou o aniversário de "Cócegas", espetáculo que encenou por 11 anos ao lado da amiga Heloísa Périssé e que catapultou sua carreira.
"Foi um milagre. Deus uma hora falou deixa eu ajudar essa moça. Eu e Lolô tínhamos R$ 400 para montar. Todo dia 27 de abril ela me liga e diz: 'Nesse dia, nossa vida mudou'. Já tinha feito 'Confissões de Adolescente', que foi um grande sucesso e tinha conseguido comprar um apartamento, que foi o que me salvou quando fiquei dura. Teatro mudar a vida de alguém é uma coisa muito rara. Isso me emociona", lembra.
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