Tietada, Susana Vieira encerra temporada em Bangu: "Sou íntima das pessoas"
Duas horas depois de encerrada a temporada de "Uma Shirley Qualquer", Susana Vieira estava sentada na escada, na entrada do Theatro Bangu Shopping, na zona oeste do Rio, fazendo coraçãozinho com a mão, cercada de jovens de 20 e poucos anos. São membros do fã-clube Susanáticos Online, que vieram de Nova Iguaçu, Irajá, Jacarepaguá, Deodoro e vários outros cantos da cidade e da Baixada Fluminense para ver de perto a atriz.
Mesmo quem está acostumado com sua presença não segura a emoção: a estudante Bianca Pontes, 20, moradora de Bangu e uma das fundadoras do grupo, chorou antes de enchê-la de presentes e tirar mais uma foto ela para sua coleção. "No Dia das Mães demos lírios para ela, porque Susana significa lírio. Ela sempre é muito carinhosa com a gente", contou.
"Se fica muito tarde, ela arruma carona para a gente. O produtor dela providencia uma van", contou a estudante Larissa Ribeiro, 20.
Só na noite do último domingo (28), quando o UOL esteve presente à sessão, a atriz ganhou um escapulário, almofada personalizada e uma blusa com sua foto estilizada e a inscrição "The Queen", entre outros mimos.
"Ah, mas eu vou ter vergonha de usar. Como é que vou sair com uma blusa onde está escrito 'A rainha'? O povo já diz que eu me acho", brincou Susana, que veste o presente e emenda: "Vou chegar na Globo com isso aqui".
Na longa fila para fotos com a atriz após o espetáculo, é comum ouvir "você é linda" e outros elogios comuns típicos de quem chega perto de alguém que admira muito. Mas Susana, que abraça, beija e inventa poses para cada registro, trata todo mundo como conhecido e elogia também. "O que você faz para ter esse cabelo bom?", perguntou a uma fã. "Olha a unha dela! Parece Susana Vieira", brincou com outra.
Quem trabalha com ela nos bastidores garante que a simpatia e o carisma - palavras usadas por dez entre dez fãs para descrever a intérprete - não se mostram só diante dos holofotes. Mas não era Susana que tinha fama de difícil? Funcionários da produção garantiram que ela é "a pessoa mais fácil de lidar do planeta".
Depois de atender todo mundo, ela reúne a equipe para mais poses - as mesmas pessoas que ela fez questão de chamar ao palco ao fim da apresentação. "Ela é muito humana, ri e chora junto com a gente. No dia que ela não está tão bem fica quieta no cantinho dela. Daqui a cinco minutos passa", disse a camareira Silvia Oliveira, 50.
"Ela mudou minha vida totalmente. Ela mostra que não existe idade para recomeçar, que a gente tem que lutar pelo que quer. Aprendi isso com ela. Terminei um casamento de seis anos há quase dois meses. Estou bem melhor agora", contou.
Essa independência tardia é, inclusive, o tema da peça, com que muitas mulheres se identificam. No monólogo, adaptado por Miguel Falabella, a protagonista Shirley Valentine é uma mulher que se anula em um longo casamento e lamenta ter aberto mão de muitos sonhos, como uma viagem para o exterior com a melhor amiga.
A comerciante Maria das Graças Ribeiro, 62, primeira na fila da tietagem, é uma dessas mulheres que já estiveram nessa situação. "Na minha época, era assim. Hoje sou solteira, faço o que gosto, curto muito. Não tenho que ficar aturando desaforo de homem querendo mandar", afirmou ela, que veio ver a peça pela segunda vez só para conhecer a atriz de perto.
"Semana passada, meu filho estava com pressa, não pude ficar. Tinha que vir, eu me amarro nessa mulher", disse.
O tempo todo, Susana repetia o quanto estava feliz com a temporada em Bangu, que pretende retomar assim que terminarem as gravações de "Os Dias Eram Assim". "As pessoas aqui são mais próximas. Parecia que eu estava em casa", contou a atriz, que já morou em Marechal Hermes e na Ilha do Governador. "Eu sou íntima das pessoas, não faço cerimônia, não faço tipo para falar com ninguém", garantiu.
Não faz tipo nem no palco, onde levou na brincadeira uma falha no microfone e acrescentou um caco para mexer com a plateia, dizendo que ia fazer compras no Bangu Shopping. "Na zona sul, além de ser caro, tem assalto", brincou ela, promovendo gargalhadas.
No fim da peça, ela se emocionou ao lembrar que Shirley tinha um pouco de sua mãe, Maria da Conceição. "Meu pai tinha ciúme do piano dela! Ela sonhou a vida inteira em ir pra Grécia e morreu antes de ir. Toda vez que entro em cena lembro deles", afirmou.
"Tantas mulheres vêm me falar que a peça acalmou o coração delas. Outras se picaram de casa. A gente tem que ser feliz. Se o homem encher o saco, larga ele pra lá e ele que vá buscar o que quer na geladeira", disse.
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