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"Presidente" no "Pânico", Zé Pequeno recusa convite para entrar na política

Leandro Firmino como Zé Pequeno em "Cidade de Deus" (à esquerda) e no "Pânico na Band" - Montagem/UOL - Montagem/UOL
Leandro Firmino como Zé Pequeno em "Cidade de Deus" (à esquerda) e no "Pânico na Band", 15 anos depois
Imagem: Montagem/UOL

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

31/05/2017 04h00

Zé Pequeno, traficante de "Cidade de Deus" e um dos personagens mais famosos do cinema brasileiro, foi "ressuscitado" pelo "Pânico" quinze anos após o lançamento do filme indicado a quatro Oscars. Desta vez, o bandido voltou regenerado e lançado como candidato a presidente pelo humorístico da Band.

"Estou me divertindo pra caramba", comemora Leandro Firmino, intérprete de Zé Pequeno no cinema e agora na TV, ao UOL. O sucesso do quadro no "Pânico" rendeu convites para o ator entrar na política. Ele diz ter sido chamado para se candidatar a deputado, mas recusou a proposta.

"Foi no mês passado. Alguém entrou em contato com a minha mulher, falou que iria me eleger para deputado e pediu para eu escolher o partido (risos). Pediram para eu pensar bem. Fujo muito disso", revela o ator.

Zé Pequeno virou candidato a presidente atendendo aos pedidos do público após a divulgação do áudio da conversa entre Michel Temer e o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, que abalou o governo com boatos de renúncia e pedidos de impeachment. Em um dos programas, o traficante tentou subir a rampa do Planalto, mas foi barrado por seguranças.

Zé Pequeno (Leandro Firmino) aparece no "Pânico na Band" usando faixa presidencial - Reprodução/Band - Reprodução/Band
Zé Pequeno (Leandro Firmino) aparece no "Pânico na Band" usando faixa presidencial
Imagem: Reprodução/Band
Se depender do apelo dos telespectadores do "Pânico", o dono da fala "Dadinho é o c... Meu nome é Zé Pequeno", praticamente um bordão do cinema, seria eleito facilmente. O personagem é um dos assuntos mais comentados nas redes sociais desde sua estreia no humorístico, em março, e o público pede para que ele se candidate a presidente.

Para Leandro Firmino, o povo não se sente representado pelos políticos de hoje, por isso apoia a candidatura de Zé Pequeno: "Ouço muitas pessoas comentando nas ruas que não há muita opção. Os que tem são duvidosos. As pessoas estão muito desacreditadas".

O ator antecipa como seria o governo do traficante. "Zé é radical, né? Não ia mandar prender ninguém, ia mandar executar!", brinca. Firmino não se considera de direita nem de esquerda e admite que nunca votou por não acreditar na política atual.

"Vou te confessar uma coisa: eu tenho meu título de eleitor, mas para mim é um documento. Eu nunca votei em ninguém. Não acredito, sacou? Não acredito mesmo. Todo mundo quer ganhar vantagem, pessoas que você menos imagina. Imagine a decepção da classe artística que durante muito tempo apoiou o PT? Acreditaram que haveria uma mudança. Não que coisas boas não aconteceram. Aconteceram, mas imagina... por isso evito partidos, movimentos. Acredito que cada um, individualmente, pode contribuir para uma sociedade melhor."

Retorno em pegadinha

Leandro Firmino topou interpretar novamente o criminoso de "Cidade de Deus" em uma pegadinha com o músico Pe Lanza, ex-Restart.

A grande repercussão fez o ator ser chamado outra vez pelo humorístico, que transformou o traficante em "fiscal" da população. Ele xinga quem comete atos errados, de assédio a mulheres a infração de trânsito. Firmino confessa que quase disse "não" ao "Pânico" e compara o sucesso de hoje com o do filme indicado a quatro Oscars.

"Inicialmente, falei que não, iria pensar. Tratando-se do 'Pânico', a gente fica com um pé atrás. Eles me ligaram mais umas quatro vezes, explicaram que não seria [uma pegadinha] comigo e me convenceram. Não esperava [interpretar Zé Pequeno novamente]. É muito difícil isso acontecer. Pensei em uma coisa: se o "boom" da internet fosse 15 anos atrás, com 'Cidade de Deus' em evidência, seria uma loucura. Não conseguiríamos andar na rua."

Trabalho voluntário e gravidez

Mesmo fora da TV aberta durante seis anos, após atuar na Globo, Record e RedeTV!, Firmino não parou de trabalhar: apresentou o programa "Minha Rua" no canal Futura e participou das séries "Magnífica 70", da HBO, e "Stella Models", com estreia prevista para este ano no Canal Brasil.

O ator também oferece aulas de improvisação e interpretação em duas unidades do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) em de São Gonçalo, cidade do Rio de Janeiro onde vive há três anos.

A rotina ficará ainda mais agitada nos próximos meses. Além das gravações do "Pânico" e a terceira temporada de "Magnífica 70", a família do ator vai crescer. A mulher dele, Letícia, está grávida de dois meses. É o primeiro bebê do casal e o segundo filho de Firmino, que também é pai de um menino de cinco anos, fruto de um relacionamento anterior.

"Estou me esforçando para conciliar tudo isso. Quando é para vir coisa boa, vem tudo junto. Só tenho que agradecer a Deus", celebra.