Topo

Ex-"Casseta", Katia Maranhão se arrepende de "Playboy" e trabalha com Temer

Katia Maranhão posou nua na revista "Playboy" em 1991 - Reprodução - Reprodução
Katia Maranhão posou nua para a revista "Playboy" em 1991
Imagem: Reprodução

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

08/06/2017 10h10

Tem uma casseta na República! Katia Maranhão foi a primeira mulher a apresentar o "Casseta & Planeta, Urgente!" e reapareceu na TV em abril, quando o canal pago Viva reprisou a estreia do programa, há 25 anos. O humorístico foi um ponto fora da curva na carreira da jornalista, que também ficou conhecida pela cobertura política e atualmente trabalha como assessora do presidente Michel Temer.

"Política sempre teve um papel muito importante na minha vida", afirma Katia ao UOL. A jornalista, que prefere não comentar a atual crise política do governo, é responsável pelo site internacional do Planalto e se diz feliz no cargo que ocupa desde agosto, quando Temer assumiu a presidência com o impeachment de Dilma Rousseff. "Tem dias que acordo 2h da manhã para trabalhar. Sou comprometida."

Filha de um sargento da Marinha e de uma enfermeira, Katia entrou cedo na faculdade e começou no jornalismo antes dos 18 anos, quando foi convidada para um teste na Radiobras. Passou por SBT e Record antes de ser contratada para apresentar o telejornal da Globosat, então o primeiro canal a cabo do Brasil.

Katia Maranhão no "Casseta & Planeta", em 1992, e atualmente - Montagem/UOL - Montagem/UOL
Katia Maranhão no "Casseta & Planeta", em 1992, e atualmente
Imagem: Montagem/UOL

Estreia "difícil" no "Casseta"

Um convite de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, mudou a trajetória de Katia na TV em 1992. O ex-chefão da Globo queria uma mulher para substituir Doris Giesse, apresentadora de "Doris para Maiores", precursor do "Casseta".

"Foi estranho aquilo tudo para mim, mas não titubeei. E foi importante para minha formação não só profissional, mas pessoal. Eu era muito rígida, aquela jornalistona meio comunista, óculos de fundo de garrafa, aquele 'bicho' de redação. O contato com os rapazes do 'Casseta & Planeta' me deu uma certa picardia, uma maior leveza e um olhar diferente para a vida. O humor é uma forma de olhar a vida", analisa.

Katia relembra com humor e ironia sua estreia no "Casseta", em 28 de abril de 1992. Segundo ela, foi um início "muito triste" por causa das críticas maldosas, mas ela explica por que seu desempenho foi tão questionado na época.

"Tínhamos um cenário maravilhoso e na última hora alguém o vetou, e minha apresentação do 'Casseta' foi muito triste. José Simão caiu em cima de mim, acabou comigo, 'Katia para Piores'. A crítica foi muito ruim. Depois, fui melhorando. Só foi ruim quando cortaram meu cabelo, aí acabaram comigo, tiraram minha força", brinca.

A jornalista diz manter contato com os "cassetas" pelas redes sociais e sente saudade dos ex-companheiros: "Minha relação com eles ainda existe e é ótima, com a Maria Paula também. Na época, tentou-se dizer que havia uma rixa, mas nunca houve. Ela está morando em Brasília e já nos encontramos. Ela é super do bem, envolvida com as questões ecológicas. Gostaria até que ela entrasse para a política."

Playboy rasgada

Antes do "Casseta", em abril de 1991, Katia Maranhão surpreendeu ao aceitar posar nua para a revista Playboy. Hoje, aos 55 anos, ela admite que a decisão atrapalhou sua carreira no jornalismo.

"Isso me causou muitos transtornos. Topei fazer, coisa de garotona. Confesso que, nos primeiros anos, isso não me atrapalhou, mas entre os 35 e 40 anos percebi o machismo nos ambientes de trabalho, como se eu tivesse deixado de ser jornalista e 'traído' a profissão. Desafetos usavam isso para me agredir."

Arrependida, Katia revela que tomou uma atitude radical: "Eu rasguei todas as revistas que eu tinha. Isso me deixou tão incomodada que rasguei tudo. Meu pai ficou um ano sem falar comigo. Foi bacana na época, mas eu não percebia que vivia uma sociedade machista e o quanto me atrapalharia no futuro. E atrapalhou. Perdi algumas oportunidades de trabalho".

Fama de má no Congresso

Katia sentiu o machismo no trabalho ao se tornar assessora do estilista Clodovil Hernandes (1937-2009), quando ele se elegeu deputado federal. Foi a primeira experiência da jornalista dentro de um dos Três Poderes.

"Minha entrada no Congresso com Clodovil foi recheada de muita cara feia para as pessoas. 'Quem é Katia Maranhão? Aquela que posou para a Playboy?' Homens me convidavam para almoçar e eu dizia 'Não, muito obrigada'. Até o dia em que eu fiquei com fama de mulher brava, porque foi o único jeito de eu trabalhar em um ambiente masculino sem sofrer assédio. Tive que manter a minha fama de má", recorda.

Antes de Clodovil, Katia trabalhou para dezenas de campanhas eleitorais e foi assessora do PR, PDT e, em 2015, do PMDB, até chegar ao Planalto com a posse de Temer. Ela se recupera da rotina intensa no Planalto com ginástica, meditação e seu amor pelos animais --já adotou quatro cachorros e dois gatos. "Com a idade, muitas pessoas ficam amargas. Sou mais da alegria. Tenho uma vida bem linda, graças a Deus. Não sou a típica senhorinha de 55 anos."