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Anã que levanta audiência da "Praça" já posou nua e fez striptease na TV

Priscila Menucci interpreta Dona Nica em "A Praça É Nossa" - Lourival Ribeiro/SBT - Lourival Ribeiro/SBT
Priscila Menucci interpreta Dona Nica na "Praça"
Imagem: Lourival Ribeiro/SBT

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

15/06/2017 04h00

Há 30 anos no ar, "A Praça É Nossa" cresceu no Ibope e tem beliscado a liderança da Globo. A responsável é Priscila Menucci, atriz de 42 anos e 91 centímetros. Ela estreou seu quadro há três semanas e rende ao humorístico do SBT seu maior pico de audiência. Na última semana, registrou 11,9 pontos em São Paulo e encostou na série "Vade Retro" (13,1).

"Eu era louca para fazer a 'Praça'", comemora Priscila ao UOL. Ela interpreta Dona Nica, mulher brava e mandona que bate no marido, Amâncio (Enio Vivona), e em Carlos Alberto de Nóbrega por causa das piadas maldosas sobre sua altura dela. "A porrada, os tapas, fui eu [que inventei]. Até pedi a bolsinha para não dar com a mão, senão coitado deles", brinca.

O quadro foi criado pelo líder da "Praça", que precisava de algo forte para abrir o programa no lugar da Tropa de Malucos, que está temporariamente fora do ar.

Enio Vivona, Priscila Menucci e Carlos Alberto de Nóbrega em "A Praça É Nossa" - Lourival Ribeiro/SBT - Lourival Ribeiro/SBT
Enio Vivona, Priscila Menucci e Carlos Alberto de Nóbrega em "A Praça É Nossa"
Imagem: Lourival Ribeiro/SBT
"Aparece uma mulher anãzinha, linda, de um valor artístico extraordinário. Fiquei com medo de fazer porque, como é anã, há preconceitos. Falei para os meus redatores que escreveria os dois primeiros quadros. É o pico do programa", celebrou Carlos Alberto durante entrevista coletiva na última semana.

O comediante também parabenizou Priscila pessoalmente momentos antes da última gravação, na última terça. "Quando passamos o texto com o Carlos, ele disse que falou de mim, que estávamos indo muito bem, liderando a audiência. Fico com vergonha quando falam essas coisas. Não parece, mas sou tímida", confessa a atriz.

Priscila fazia pontas no humorístico em 2016, após ter saído da novela "Cúmplices de um Resgate", mas chamou a atenção de Carlos Alberto dois meses antes da estreia de seu quadro, ao dar um beijão em Paulinho Gogó (Maurício Manfrini). O líder da "Praça" chegou a se levantar do "velho e querido banco" de tanto rir.

Quem não gostou do beijo foi o marido de Priscila, também anão: "Ele ficou com muito ciúme, mas como já foi ator falei que fazia parte da profissão. Eu nem esperava esse beijão, porque pensei que seria técnico. Aí veio o Paulinho Gogó com um p... beijo. Falei 'se é para brincar assim, vamos brincar de verdade', e beijei ele pela segunda vez".

Nu, striptease e autoestima

Priscila Menucci posa nua para campanha sobre inclusão - Kica de Castro/Divulgação - Kica de Castro/Divulgação
Priscila Menucci posa nua para ensaio inclusivo
Imagem: Kica de Castro/Divulgação
O beijo na "Praça", porém, não foi a maior "ousadia" de Priscila em seus quase 15 anos de carreira. Ela já posou nua para uma campanha inclusiva e faz striptease na peça "O Banquete", em cartaz no Burlesque Paris 6, em São Paulo. Ela mostrou no "The Noite" um pouco de sua sensualidade no espetáculo.

"Meu marido entende, nem liga mais. Ele fala: 'Amor, trazendo dinheiro para nós está ótimo'. No ensaio, ele falou: 'Precisava tudo isso?'. As fotos foram para quebrar esse tabu de que mulher bonita é só Gisele Bündchen. Nada contra, acho ela maravilhosa, mas temos também qualidades nas mulheres com deficiência."

Primeira anã da família, Priscila não sabe a causa exata de sua baixa estatura (que pode ter fatores genéticos e hormonais). Casada há 12 anos e mãe de dois filhos anões, ela se orgulha do seu corpo e da sua altura: "Eu tenho bastante autoestima. Cheguei aos 42 em um corpinho de 91 centímetros delícia!".

Do RH para a TV

Priscila Menucci no espetáculo "O Banquete" - Priscila Menucci/Arquivo pessoal - Priscila Menucci/Arquivo pessoal
Priscila Menucci no espetáculo "O Banquete"
Imagem: Priscila Menucci/Arquivo pessoal
Antes da fama, Priscila era assistente de um escritório de Recursos Humanos. A vida dela mudou durante uma festa a fantasia da firma, em 2002, ao conhecer o anão Zezinho, que trabalhou no "Pânico" e na "Praça". Ele a indicou para uma agência de atores e os primeiros trabalhos apareceram.

Na TV, começou como a Mini Ofrásia do programa "A Casa É Sua", apresentado por Clodovil Hernandes (1937-2009) na RedeTV!. Atuou em "Uma Escolinha Muito Louca", de Sidney Magal (Band), e na "Escolinha do Gugu" (Record), além de "Sábado Total" (RedeTV!), com Gilberto Barros, e pontas na Globo. No teatro, fez musicais como "O Mágico de Oz".

Os papéis cômicos a ajudaram a lidar com o preconceito e encarar a deficiência com bom humor: "Aprendi a levar na brincadeira, porque tudo que é diferente a pessoa olha. Como não conseguimos mudar totalmente o mundo e as pessoas, que é a coisa mais difícil, vamos levar as brincadeiras para o humor para ver se começam a entender".

Sem tapas e sem moda

Além das comédias, Priscila Menucci comemora o aumento da diversidade de papéis para anões, que antes apareciam somente para "levar tapa".

"Era palhacinho, levar tapa e se machucar. Algumas pessoas ainda fazem, não critico porque não sei a necessidade financeira delas, mas mudou bastante. Faço papéis que pessoas altas poderiam fazer, com outra piada mas com a mesma forma. Uso a altura a meu favor."

Acostumada a ambientes não adaptados, a atriz lamenta a falta de roupas para anões: "Não tem moda para anão. Uso infantil ou adulto pequeno e corto tudo. Compro duas roupas, uma na loja e outra na costureira. Sapato de salto alto também não tem. Preciso mandar fazer todos. Tem que ser rica, né querido? Só que não".