"Não faço acordo com esse homem", diz Iozzi sobre ministro que a processou
Monica Iozzi comentou o processo que perdeu para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, ao participar do "Conversa com Bial" desta quarta-feira (12). A atriz disse que se surpreendeu com o argumento do juiz Giordano Resende Costa, da Quarta Vara Cível de Brasília, e que rejeitou os acordos propostos pelo ministro durante o processo, preferindo pagar os R$ 30 mil da condenação.
"Fui processada por um post. O ministro, não sei por que razão, deu habeas corpus pro Roger Abdelmassih, que teve mais de 40 estupros comprovados e se aproveitava de pacientes sedadas. Como mulher, isso me indignou de uma maneira... era a mesma época de dois casos de estupros coletivos. As mulheres passando por tanta coisa, meninas sendo estupradas, o ministro vai e dá habeas corpus para esse cara? Eu sou leiga, mas não entendi. Ele então me processou por calúnia e difamação", contextualizou para o público.
"Perdi o processo, R$ 30 mil, mais as custas, deu R$ 38 mil. Acho que a repercussão foi muito negativa, no meio do processo ele propôs alguns acordos. Ele queria que eu apagasse o post que eu fiz e fizesse um novo de retratação me desculpando com a mesma visibilidade, e doasse R$ 15 mil em cestas básicas para uma instituição de caridade de Brasília. Eu li aquilo e falei: 'Não!'. Não sou rica, R$ 38 mil não é nem de longe pouco dinheiro para mim mas, se tem coisas que você tem certeza, vá até o fim. Eu lembro de ter uma sensação real de que não falei nada de errado".
Ela preferiu pagar o valor. "Eu vendo meu apartamento, mas não faço acordo com esse homem. Não é justo o que ele fez. Eu tenho direito, como cidadã, de questionar sim a decisão de um ministro, que na época era presidente do Supremo".
A atriz diz que ficou surpresa com a argumentação que a considerou culpada. "A justificava do juiz que me condenou foi que me pegou, foi a seguinte: 'Monica Iozzi, como figura pública, tem de usar sua liberdade de expressão com responsabilidade'. A palavra 'liberdade' já não deixa claro que você pode se expressar como quiser, a menos que esteja sendo preconceituoso, cometendo crime como racismo?", indagou.
Sem perfil nas redes
Após o episódio, Monica deu adeus às redes sociais. "Eu saí de tudo. Acho perigoso, a internet dá liberdade para as pessoas porque a tela do computador serve como carapaça, um escudo, é muito fácil agredir alguém. Não saí pelas agressões, toda vez que você coloca sua opinião está sujeito a isso. Sempre falei dos temas que me atraem: política, justiça social, direito das mulheres, dos negros, e claro que tem gente que diverge, não tem problema. Mas quando você fala de um estupro coletivo e as pessoas começaram a comentar que uma menina de 15 anos não tinha que estar em uma festa àquela hora, justificando, ou quando você comenta que uma travesti foi assassinada, espancada em frente a celulares e as pessoas dizem 'ela vivia em pecado, foi pouco'... Isso começou a me assustar".
A ex-integrante do "CQC" não se arrepende: "Cheguei num momento em que uma seguidora minha falou um dia 'Eu entendo você, mas cuidado, você está perdendo a alegria'. E eu concordei com ela, estava me afetando. Pra gente continuar lutando, e eu encaro minhas posições como uma luta, tem que ter aquela alegria, esperança no coração. E as redes sociais estavam matando a minha esperança".
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