Globo enxuga ainda mais elenco fixo e até protagonistas assinam por obra
Não é de hoje que a Globo está revendo os contratos de seu elenco e agora até protagonistas trabalham "por obra", caso de Caio Castro, que faz Dom Pedro 1º na novela das 18h, "Novo Mundo", e Dan Stulbach, o Eugênio de "A Força do Querer". Ambos estão na mesma situação: tem vínculo empregatício pelo tempo que dura a produção.
No caso deles e de outros profissionais com esse tipo de acordo, a carteira é assinada e todos os benefícios previstos por lei são garantidos, além de plano de saúde, vale refeição e transporte. É preciso também seguir um código de ética e conduta, com regras rígidas para evitar problemas como assédio sexual --até as roupas usadas pelos funcionários são controladas, não é permitido saias muito curtas nem bermudas para homens.
"Eles não querem mais B.O. [boletim de ocorrência]. Um dos meus assessorados até me mostrou um cláusula falando de assédio e isso não tinha no anterior, assinado há dois anos", contou um agente, que pediu para não ser identificado.
Kadu Moliterno, Juliana Knust e Eri Johnson viram seus contratos de décadas com a Globo não serem renovados e seguiram o caminho da concorrência. Os três estão no ar na novela "Belaventura". Maitê Proença e Danielle Winits também foram sondadas pela Record.
Depois de 35 anos como galã global, Moliterno, 65, assinou com a Record em outubro de 2015. Na época, ele confirmou a dispensa da Globo quatro meses antes. "Fui chamado para uma conversa e os diretores me disseram que não iria mais renovar os contratos longos. O meu e de muitos outros. A política agora é contrato pelo tempo que dura uma produção, seja ela novela ou minissérie. Senti o baque, claro, foram 35 anos de vínculo, renovado de quatro em quatro anos. Mas, tudo bem, os tempos estão difíceis para todo mundo.”
Juliana Knust também lamentou a dispensa. “Fiquei 20 anos na Globo e, quando resolveram não renovar contrato longo comigo, foi sofrido porque acreditava que aquilo era minha estabilidade. Depois que me vi sem contrato, movimentei minha energia para fazer acontecer. Acostumaram mal a gente, era uma coisa normal. Quando me vi nesta situação, sofri. Mas acho que isso é o futuro. As pessoas vão trabalhar por obra mesmo. Não tem empresa que resista a ficar pagando contratos para as pessoas ficarem em casa”, ponderou a atriz de 36 anos.
A Globo sempre teve três tipos de contratos para o elenco: por obra, por tempo determinado ou indeterminado. Pratas da casa como Glória Pires, Fernanda Montenegro, Tarcísio Meira, Glória Menezes, Antônio Fagundes, Regina Duarte, Lima Duarte, Tony Ramos e Francisco Cuoco se encaixam na última categoria.
O UOL apurou que eles têm carteira assinada como pessoa física, férias, 13° e 14º salário e plano de saúde top. No ar, eles ganham mais 40% e o direito de comer em restaurantes credenciados e pagos como despesa de produção.
A "nova geração" do primeiro escalão, incluindo Juliana Paes, Adriana Esteves, Rodrigo Lombardi, Isis Valverde, Fernanda Lima, Taís Araújo e Matheus Solano, por exemplo, trabalham com contrato por prazo determinado, em geral de três anos, os mesmos benefícios dos veteranos.
Aliás, três anos é agora o período máximo para as próximas renovações do time A e para artistas considerados uma boa aposta. Existe ainda a possibilidade, bem mais rara, de assinar com a emissora por cinco ou dez anos.
Cléo Pires, Vera Fischer e Vladmir Brichta, por exemplo, renovaram seus contratos até 2020, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem. Ano passado, um pouco antes de estrear em “Velho Chico”, Domingos Montagner havia assinado o seu primeiro contrato com a Globo, que também teria três anos de validade e foi tragicamente interrompido pela morte do ator.
Outra diferença dos novos tempos, segundo o UOL apurou, é o reajuste salarial, que costumava ser a cada dois anos, e tem sofrido baixas. Mas cada caso é um caso.
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