Fora da TV, André de Biase lembra "Armação Ilimitada": "Éramos como a Xuxa"
Eles marcaram época na TV - tanto, que 32 anos depois, Juba e Lula estão no ar mais uma vez, com a reprise de "Armação Ilimitada" no canal Viva. Afastado da telinha, André de Biase comemora o interesse do público na história dos sócios surfistas, que disputavam o coração de Zelda (Andréa Beltrão).
"É um fenômeno que marcou uma época maravilhosa na vida das pessoas. Era um projeto arriscado, diferente de tudo que era feito. A partir dele, surgiram programas com outra velocidade, com outra linguagem. Para mim, estar reprisando até hoje é motivo de muita alegria", diz o ator de 60 anos.
O último trabalho de Biase na TV foi a novela "Vitória", na Record, em 2014. Desde então, sem contrato com nenhuma emissora, ele tem se dedicado a outros projetos - filmou recentemente o longa "O Calvário" e está produzindo a série "Rádio Patrulha", que negocia para canais da TV fechada.
Sobre a Record ele diz: "Agora está todo mundo lá, mas a emissora mudou muito. O cuidado com elenco e a equipe técnica não é mais o mesmo [desde a entrada da produtora Casablanca]. Internamente, as pessoas reclamam muito de trabalhar lá".
O período que passou na casa, no entanto, ele avalia como uma experiência positiva.
"Estava na Globo fazendo 'Malhação' havia seis anos, e queria mudar. Me chamaram para fazer 'Os Mutantes', que foi uma novela muito legal. E depois fiz um personagem ótimo em 'Ribeirão do Tempo', o prefeito Ari Jumento, que era uma espécie de Odorico Paraguaçu, foi um trabalho de composição elaborado. Gostei muito de fazer", relembra.
Casado há 25 anos com Cristina e com dois filhos Pedro, 34, e Felipe, 32, de seu primeiro casamento, Biasi se tornou ator meio por acaso e não tinha planos de ser profissional.
Primeiro, ele foi convidado para estrelar "Nos Embalos de Ipanema" (1978), depois vieram os sucessos "Menino do Rio" (1981) e "Garota Dourada" (1984), filmes que geraram interesse da Globo em investir em histórias protagonizadas por jovens atores. Inspirada em Butch Cassidy e Sundance Kid, a dupla de "Armação Ilimitada" ganhou um ar abrasileirado e conquistou Boni, então diretor-geral da emissora. Mas a aceitação não foi instantânea.
"Foi difícil. Na época não existia programa de jovens. Não era uma coisa comum. Demorou um ano para fazer sucesso. As crianças começaram a gostar do projeto, era um programa de meninos. Depois foi conquistando espaço: era mensal, virou quinzenal, aí a gente ganhou o prêmio Ondas [na Espanha]. Só então a gente começou a ser visto com outros olhos pela crítica e pelo público mais velho", lembra.
A série, admite, mudou sua vida completamente. "Eu e Kadu éramos quase a Xuxa. A gente fez shows nesses eventos aconteciam no Brasil, que tinha a Xuxa, Os Trapalhões e Armação Ilimitada. A gente gravou disco pela Polygram, que vendeu 100 mil cópias, lançou livros, fez licenciamento de história em quadrinhos, roupas. A gente virou 'megastar' com esse projeto. Foi uma época maravilhosa, de muito trabalho. E quando você trabalha muito não tem tempo de saborear o sucesso. É meio cruel isso. Precisei de alguns anos sabáticos para ficar mais calmo", recorda.
O título de galã nunca o incomodou, mas o assédio chegou a ser uma questão, sim.
"Sofri muito, tive alguns momentos de solidão, de não conseguir sair na rua. A gente recebia proposta de tudo que é tipo, mãe querendo 'vender' a filha... Acontece muito. Todo mundo quer um pedaço de você. Imagina o Neymar hoje... Tem que ter uma cabeça muito boa", diz o ator, que garante nunca ter se deslumbrado com a fama.
Mas se o tempo passou para a dupla dinâmica na ficção, também passou para seus intérpretes, certo? Os sessentões vão precisar de mais dublês agora?
"Olha, eu não sei (risos). Acho que não, a aventura deles não é de moto, carros. É uma aventura mais emocional, muito mais de inteligência do que física. E Kadu está igual a uma criança, sarado. Eu também estou bem de saúde, nós continuamos praticando esporte. Vendo atores antigos que continuam fazendo filmes de ação, como Stallone, o Schwarzenegger, o Bruce Willis. É mais ou menos isso que a gente vai fazer", conta.
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