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"Quitei apê e dei o dízimo", diz Dayse sobre prêmio do "MasterChef"

Dayse, vencedora da primeira edição do "MasterChef Profissionais" - Arquivo pessoal
Dayse, vencedora da primeira edição do "MasterChef Profissionais" Imagem: Arquivo pessoal

Felipe Pinheiro

Do UOL, em São Paulo

05/09/2017 04h00

Ganhadora da primeira edição do “MasterChef Profissionais”, Dayse Paparoto superou os próprios fantasmas com a passagem pela competição de culinária da Band. Às vésperas da nova temporada com chefs experientes, que estreia nesta terça (5), a paulista de 32 anos contou ao UOL que a vida melhorou bastante e, mais importante do que o prêmio de R$ 170 mil, conta ter sido a vitória pessoal que conquistou.

Dayse diz que não se vê como celebridade e que tem a mesma vida simples de antes de se tornar conhecida - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Dayse diz que não se vê como celebridade e que tem a mesma vida simples de antes de se tornar conhecida
Imagem: Arquivo pessoal
“Nunca foi meu sonho entrar no ‘MasterChef’. Quando diziam para eu meu inscrever, eu pensava: ‘Vou passar vergonha’. Eu era muito insegura. Foi a dona do restaurante [onde trabalha] que me incentivou. Fiz um ovo poché e, de 10 mil inscritos, fui selecionada. O programa ajudou na minha autoconfiança. Antes eu morria para fazer jantar em algum lugar e hoje faço eventos por vários lugares do Brasil. O ‘MasterChef’ me deu segurança”, diz.

Para Dayse, o programa ajuda a dar visibilidade a trabalhos de chefs profissionais, mas nem por isso é menos arriscado. Se não houver cautela ou esperteza, acredita, o programa pode até arruinar a carreira de quem participa.

“É um risco porque o público não entende que o chef não é necessariamente obrigado a saber todas as culinárias. As pessoas acham que se ele cozinha, tem que saber de tudo. Lógico que a gente sabe as coisas básicas, mas focamos no que a gente mais gosta. É um risco para a imagem e a carreira como um todo. Eu encarei o risco, mas acho muito perigoso."

Os riscos ela soube driblar durante a competição e agradou o trio de jurados formado por Henrique Fogaça, Erick Jacquin e Paola Carosella. Como efeito da exposição em rede nacional e da segurança que ganhou, Dayse passou a ter uma situação financeira bem mais favorável. Hoje ela dá palestras, tem um quadro no programa “Quatro Estações”, da VTV, afiliada do SBT, e ganha com publicidade -- além de continuar no mesmo restaurante em que trabalhava antes do programa.

“Deixei a minha equipe mais inchada para que eles conseguissem trabalhar quando não estivesse no restaurante [para suas viagens]. A clientela aumentou cerca de 30%. Nunca tinha viajado para o exterior e fui convidada para cozinhar no Timor Leste só para embaixadores e alta sociedade. Também fui para Cingapura, Tailândia, Bali, Camboja... O dinheiro [do prêmio] usei para quitar meu apartamento e dei o dízimo”, diz ela, que costumava rezar e dedicar as vitórias a Jesus.

Evangélica há sete anos, Dayse conta que foi pela fé que entrou no programa. “Desde o primeiro episódio, nunca entrei no estúdio sem orar. Eu fiquei muito apavorada. Eu creio que Deus me colocou dentro do ‘MasterChef’ por um propósito dele mesmo. Minha fé é o que me ajuda em tudo que eu faço, não só no programa”, afirma.

Dayse Paparoto venceu a primeira temporada do "MasterChef Profissionais" - Divulgação/Band - Divulgação/Band
Dayse Paparoto venceu a primeira temporada do "MasterChef Profissionais"
Imagem: Divulgação/Band
 

“Já levei tapa de chef na cozinha”

A primeira edição com profissionais ficou marcada pelo debate sobre machismo que dominou os telespectadores nas redes sociais. Mesmo sem nunca ter tomado a iniciativa, Dayse virou símbolo na luta contra o preconceito que sofrem mulheres na cozinha. Ela lembra de ter ficado impressionada com a repercussão.

“Eu fiquei surpresa [com a repercussão] porque nunca levantei essa bandeira. Os homens ficam sentidos mesmo quando veem uma mulher se destacando mais do que eles. Acho que é da própria natureza masculina. Mas tem tantos anos que eu trabalho na cozinha, que já aprendi a lidar com isso. Todos meus chefes eram homens. Já cheguei a levar tapa de chefe. Sabe quando você já está tão calejado? Não vejo isso como machismo. Para mim é como se fosse da profissão mesmo.”

Todos meus chefes eram homens. Já cheguei a levar tapa de chefe. Sabe quando você já está tão calejado? Não vejo isso como machismo. Para mim é como se fosse da profissão mesmo”

Ao narrar a própria experiência, ela explica por que não acha que tenha sido vítima de machismo: “Encaro como algo normal. Sei que hoje nas cozinhas não acontece mais isso, mas eu via acontecendo isso comigo e com meninos também. Então por isso não achava que era uma coisa machista. Eu achava que era uma coisa do universo da cozinha.”