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Corpo de Rogéria é enterrado em Cantagalo, no Rio de Janeiro

Rogéria morreu aos 74 anos na segunda-feira (4) - Reprodução/TV Globo
Rogéria morreu aos 74 anos na segunda-feira (4) Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, no Rio

06/09/2017 15h31

O corpo da atriz Rogéria foi enterrado na tarde desta quarta-feira (6) no Cemitério Municipal de Cantagalo, na Região Serrana do Rio, onde a artista nasceu.

O prefeito de Cantagalo, Guga de Paula, decretou luto oficial de três dias considerando que "Rogéria foi um artista de notoriedade nacional e internacional, com participações em novelas, programas de televisão, filmes, peças de teatros e turnês durante décadas".

"Para mim foi muito importante valorizar uma cantagalense que sempre engrandeceu o nome da nossa terra. Ela tinha orgulho de ser de Cantagalo", disse o prefeito.

O velório aconteceu na terça-feira no teatro João Caetano, no Centro do Rio de Janeiro.

A atriz morreu na segunda-feira (4), aos 74 anos, após ser internada no hospital Unimed, na Barra da Tijuca, onde estava desde 8 de agosto devido a um quadro de infecção urinária.

"Travesti da família brasileira"

Rogéria abriu as portas para as travestis na TV brasileira - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Rogéria abriu as portas para as travestis na TV brasileira
Imagem: Reprodução/Facebook
Nascida como Astolfo Barroso Pinto em 25 de maio de 1943, em Cantagalo, interior do Rio, Rogéria se autointitulava "travesti da família brasileira" e era uma das transformistas mais antigas em atividade no Brasil.

Rogéria passou a usar roupas e maquiagens femininas na adolescência, mas seu transformismo não foi repreendido pela mãe --ela cresceu longe do pai. A artista se considerava transgênero, mas nunca teve vontade de realizar a cirurgia de redesignação sexual.

"Minha mãe não tinha vergonha de mim. Pelo contrário, ela trabalhava no laboratório químico farmacêutico do Exército. Eu entrava, fazia festa no colo do general, sentava numa boa, porque as pessoas gostavam de mim. Quando surgi como Rogéria, mamãe no vestiário botou todas as fotos", disse a atriz à GloboNews, em 2016.

Rogéria começou a carreira artística como maquiadora na extinta TV Rio, na década de 1960, trabalhando com artistas como Fernanda Montenegro, Bibi Ferreira e Elis Regina. Também foi cantora, se apresentou como transformista fora do Brasil e tornou-se vedete de Carlos Machado, produtor e diretor de espetáculos musicais e conhecido como "O Rei da Noite".

Na televisão, Rogéria participou como jurada em vários programas de auditório, de apresentadores como Chacrinha, Gilberto Barros e Luciano Huck.

Como atriz, Rogéria fez participações especiais em "Tieta" (sua primeira novela, em que apareceu no capítulo desta segunda no canal pago Viva), "Paraíso Tropical", "Duas Caras", "Lado a Lado" e Babilônia", na sitcom "Sai de Baixo", no humorístico "Tá no Ar" e na minissérie "Desejos de Mulher".

No teatro, ganhou o Troféu Mambembe em 1979, pela peça "O Desembestado", em que atuou com Grande Otelo. Encenou, ao lado de outras travestis pioneiras no Brasil, o espetáculo "Divinas Divas", que virou documentário dirigido por Leandra Leal, em 2016.