Ágata de "Avenida Brasil" diz que ainda é reconhecida e quer voltar a atuar
Ana Karolina Lannes cresceu! Aos 17 anos, a atriz, que fez sucesso como filha de Carminha (Adriana Esteves) em “Avenida Brasil”, voltou para as aulas de teatro e pretende retomar a carreira. Após quatro anos longe das telinhas, a jovem contou que ainda é surpreendida por pessoas que a reconhecem por causa de Ágata.
“Pego ônibus de manhã para ir para escola e um dia uma pessoa chegou do meu lado e cochichou: "Você era a menina da novela? O que você está fazendo no ônibus?’ 'Tou indo pra escola, é que meu helicóptero tá consertando'", diverte-se a atriz. "Lembram às vezes, apontam, mas as pessoas têm essa ilusão que ator é podre de rico, anda de jatinho. Eu pego ônibus 6 da manhã entupido de gente.”
Ana Karolina estreou na TV como Sofia em “Duas Caras” com apenas 7 anos e participou de “Ciranda de Pedra” e “Tempos Modernos” até alcançar o auge aos 12 anos como a Ágata, que sofria bullying da própria mãe por ser gordinha. Ela ainda deu vida a Marcelina, filha de Dona Hermínia na fase criança do filme “Minha Mãe é Uma Peça”, mas acabou sendo pega pelo período de transição da infância para a adolescência, período em que muitos atores mirins amargam anos fora do ar por falta de papéis para a idade.
“Gosto muito de atuar, mas não necessariamente de ser famosa. Vai fazer quatro anos que estou sem fazer nada e é difícil. Sabe aquela abstinência? Parece que eu deixei de tomar café. No nosso meio não é a gente que escolhe o trabalho é o trabalho que escolhe a gente e não tive muitas oportunidades depois de ‘Avenida Brasil’”, desabafa.
Prestes a terminar o ensino médio, Ana Karolina divide seu tempo entre as aulas de teatro na tradicional escola paulistana Macunaíma e as aulas de inglês -- ela dá aulas particulares para reforçar a mesada que ganha dos pais. A atriz faz planos de cursar faculdade de artes cênicas no ano que vem, mas também idealiza mora fora do Brasil em busca de um mercado mais diversificado em que possa voltar a atuar.
“No Brasil, fazer sucesso como ator se limita muito a estar na Globo, no SBT, em filmes e é isso. Atores de teatro não têm muito reconhecimento aqui. Tem muitos atores que não são famosos, estão nos teatros da vida fazendo peças maravilhosas e no Instagram tem 100 seguidores. Lá fora o teatro tem muita visibilidade, tem a Broadway, as pessoas param e admiram os artistas de rua, é muito mais fácil você conseguir oportunidades lá também em TV, séries, filmes. Tenho vontade de morar fora para tentar a carreira.”
Preconceito com dois pais
Criada pelo tio Fábio e o marido João Paulo, Ana viveu no Rio Grande do Sul até os 4 anos de idade, quando perdeu a mãe e o tio ficou com a guarda dela. A atriz relembra que antes da novela nunca havia sentido o preconceito por ter sido criada por dois pais e passou por momentos difíceis ao ver sua família sendo julgada por algumas pessoas com o sucesso da trama.
“Um radialista fez uma entrevista com pessoas na rua perguntando o que elas achavam da minha família. Foi a primeira vez que eu tive que ouvir comentários ruins sobre meu estilo de família porque até as pessoas ao meu redor me apoiavam, as minhas amigas morriam de inveja de eu ter pais gays", lembra. "Tive que ouvir que isso não era de Deus, que eu não teria princípios, que eu cresceria na baderna. Na época me magoei, chorei. Não era chorar por mim, era por eles. Não acho que eles mereciam esse tipo de comentário, a vida deles estava sendo exposta por culpa minha.”
Dona de uma personalidade forte, a atriz diz, no entanto, que evita se envolver em discussões quando presencia comentários preconceituosos de colegas.
“Tenho colegas que me seguro para não ter aquela discussão moralista. São pessoas que você sabe que a mente é pequena e foram criadas assim. Tem como casais heterossexuais criarem seus filhos contando que existem casais não heterossexuais, que merecem respeito, mas tem alguns casais que fingem que isso não existe até a criança descobrir sozinha aos 15 anos. Aí vai formar uma opinião totalmente influenciada, errada e que se ela tivesse um background da família.”
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